Good Vibes

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— O que você quer comer? — Kei perguntou deitado entre suas pernas com o celular na mão. — Tem frango, peixe, sopa, frango…

— Quanto tempo você vai ficar sem roupa? — Enji passou a mão nos cabelos de Kei e trocou o canal da televisão.

Kei ergueu a cabeça para ele, estava com as costas apoiadas no sofá e sentado no tapete felpudo acomodado entre as pernas de Enji apoiando um braço na sua coxa.

— Por quê? Tá incomodado, meu rei?

Enji nos seus profundos anseios achava que Kei deveria passar 24 horas nu quando estava consigo. Olhou para o garoto por um longo segundo observando as pernas torneadas dobradas e o peito reto. Não respondeu.

— Vou pedir frango frito…, quer dizer, peito de frango. Tudo bem?

— Coloque uma roupa quando vierem entregar. Uma roupa decente. Calça e blusa.

Kei suspirou e catou a calça de moletom largada no chão, a vestiu sem se levantar.

Blusa. — Enji enfatizou.

— Coloco quando chegarem. — Kei disse fechando o pedido no celular.

Enji expirou irritado, mas não discutiria.

— Venha aqui. — Deu tapinhas no próprio colo.

Kei jogou o celular no sofá, sentou-se na coxa de Enji e envolveu os braços no seu pescoço. Enji lhe mordeu o topo da orelha e lhe abraçou a cintura. Gostava do perfume nos cabelos loiros e das cócegas que os fios macios faziam no nariz.

Assistiam a televisão abraçados, todas as notícias eram irritantes, no entanto o momento entre eles era agradável. Há quanto tempo não se sentia assim? Kei observava o jornal com a cabeça rencostada no seu peito.

O celular tocou. Fuyumi.

Oi, pai…

— Oi, Fuyumi. — Kei se ajeitou no seu colo para prestar atenção.

Silêncio nervoso pairou entre as linhas telefônicas. Enji tensionou a mão que segurava o celular, Fuyumi engoliu em seco e finalmente tomou a iniciativa:

Ah… eu tava pensando se o senhor não quer jantar comigo… não agora que já tá tarde… amanhã. Amanhã é melhor…

— Sim. — Enji disse firme e de supetão.

… ótimo. — Fuyumi demorou para responder. — A gente se vê amanhã.

— Sim. — Enji respondeu.

— Você só sabe dizer “sim”? — Kei sussurrou.

— Shiu!

Eu falei alguma coisa? — Fuyumi perguntou nervosa do outro lado da linha.

— Não, foi a televisão. — mentiu.

Pai.

— Sim. — Enji meneou se corrigindo. — Digo, o quê?

Estou feliz com o nosso jantar amanhã.

— Eu também. — falou de semblante satisfeito.

Demoraram alguns segundos para desligarem o celular.

Tchau, pai. — Fuyumi encerrou a ligação.

Enji ficou contente, então estreitou os olhos para Kei em seu colo:

— De onde surgiu a ideia de falar enquanto tô no telefone com a minha filha?!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora