Fuyumi

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Enji tinha essa imagem constante, apesar de estar entre a consciência e o sonho.

Touya estava deitado na cama no quarto novo, era bem espaçoso e ele gostaria, apesar de não haver muita coisa no quarto ainda, dormia encolhido somente com metade do corpo coberto. Sua bochecha e cabelos amassados contra o travesseiro. Enji sentou na cama com cuidado para não acordar o filho, porém, nada parecia acordar o menino desde que passou mal brincando com os irmãos.

Ele ainda era pequeno e frágil, os pulsos finos demais, os braços finos demais. Mas estava melhor do que antes da escola especial, parecia alguém que viveria depois dos vinte. Enji estava feliz, esticou a mão para tirar os cabelos da testa de Touya, era tão estranho não o ver com febre e o ver tranquilo desse jeito. Acariciou os cabelos brancos dele, só as raízes do centro da cabeça eram vermelhas agora, mas isso também estava se apagando. Touya estava bem. Seu filho estava finalmente bem.

Enji levantou da cama com cuidado e deixou o filho dormir em paz. Precisava finalizar a leitura de uns contratos. Ficou surpreso ao ver Fuyumi na porta do quarto, esperava Natsuo, mas não ela. Natsuo estava de castigo por tentar entrar no quarto de Touya sem permissão. Ela parecia surpresa também, não tinha atravessado o batente, estava apenas parada no corredor de entrada.

Enji saiu devagar do quarto sem fazer barulho e fechou a porta com a mesma cautela. Fuyumi deu um pequeno passo para trás.

— Seu irmão precisa descansar. — Enji falou baixo.

Ele pegou o caminho oposto do corredor, sabia que Fuyumi não entraria no quarto, era muito raro ela ser desobediente. Então ouviu uma voz lhe chamar:

— Senhor? Senhor?

Olhou para trás e viu que era a filha que chamava, porém a voz que saía de sua boca era muito grossa.

— Senhor? Senhor!

Alguém dava leves tapinhas no seu rosto, a cabeça de Enji girava, mas Fuyumi continuava parada no corredor no seu corpo de criança.

— Senhor! Senhor! O senhor está bem agora. — Um homem surgiu na sua linha de visão, usava luvas descartáveis e um uniforme.

Onde estava a filha?

— Já está seguro! — o homem dizia. — Tem algum parente que gostaria de ligar para acompanhá-lo ao hospital?

Hospital? Onde estava a filha? Pra onde ela foi? Para junto de Touya?

— Tem algum parente, senhor?

A cabeça de Enji voltava a pesar, desmaiaria. Cadê Fuyumi?

— Fuyumi… — Enji falou antes de apagar.

Já estamos perto do final! Mas ainda não tão perto assim. Quase lá.

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Até amanhã!
Bjinhus!

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora