Escola

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— Você não vai mais para aquela escola.

— O quê? — Touya ficou perplexo. — Por quê?!

— Não precisa mais. Já encontrei outra escola excelente mais próxima. Suas aulas começam amanhã. É uma escola moderna, não fica no meio do nada como a outra e não precisará dormir nela.

— O quê?! — A voz do menino levantou. — Eu já fiz as malas para ir!

— Mande um dos empregados desfazer se está com preguiça. — Mantinha os braços cruzados sobre o peito.

— Eu não quero ir! — Touya falou. Era só mais uma crise de pirraça, apesar de ser a primeira desde que voltou. Logo passaria, era só não dar atenção. — Eu quero voltar para a escola especializada! Não vou estudar em outra!

— Você já está bem. Não tem porque voltar.

O filho não prestava atenção no pai, seus olhos dardejavam pelo piso do escritório enquanto cuspia vários pensamentos seguidos:

— Mas a psiquiatra falou que é um tratamento para a vida toda! Que os problemas que eu tenho não têm cura! Que eu tenho sempre que cuidar da minha cabeça…

— Sua cabeça está ótima.

— Mas eu tenho problemas… — Touya ergueu o olhar perdido para o pai. — A psiquiatra falou…

— Você está ótimo. — falou observando a figura pequena do filho. Touya não estava mais dando nenhum tipo de trabalho.

— Mas a psiquiatra…

— Seu pai sou eu. — Enji encerrou o assunto. — Eu sei o que é melhor para você. Você não queria voltar para casa? Para seus irmãos? Não odiava a “escola de retardados”? Não precisa mais ir embora.

— Isso foi há dois anos! Eu gosto da escola agora! Não quero outra!

— O que você quer não interessa. Você já está bom. Conte a novidade para seus irmãos. Não está feliz?

— Não! Eu não quero ficar aqui!

— Por que não? Aqui é a sua casa. — Touya nas ligações do primeiro ano implorava para voltar, Enji deixou-o passar as festas de final de ano na escola como castigo pela bobagem que fez no auditório. — Não tem lugar melhor para você.

— Eu não quero ficar aqui! Não quero estudar nessa escola nova!

Enji travou o maxilar. Por que Touya estava sendo tão difícil? Por que não estava feliz? Deu tudo o que ele pediu.

— Não interessa o que você quer. Você é o meu filho e vai fazer o que eu mandar.

Pensou que Touya se descabelaria, jogaria no chão com raiva e bateria a cabeça repetidas vezes. Porém, o menino apenas se retesou e apertou os punhos enquanto desviou o olhar para baixo. Mais uma prova de que ele estava bem.

— Claro, pai. — falou, o que surpreendeu ainda mais Enji, jamais o viu ser tão calmo e aceitar algo tão rápido. Mas podia ser um truque.

— Espero que nenhuma faça suma da cozinha, Touya. Você não vai voltar da escola não importa o que faça.

— A psiquiatra disse que eu fazia essas coisas porque queria me libertar de fardos…

— Fardos? Que fardos? Você tem treze anos.

O filho respirou fundo, seus ombros magros subiram e desceram.

— Seu lugar é nessa casa. — Não existiam mais motivos para manter o filho longe. — Matriculei você em várias aulas extras, vai lhe ajudar a manter a mente distraída e não pensar bobagens.

O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora