Janela para o passado

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Abriram a grossa porta, Enji  entrou em uma sala sólida. Do outro lado havia outra porta igualmente reforçada. O chão e as paredes eram feitos dos mesmos blocos brancos de concreto. A mesa no centro totalmente de metal e chumbada ao chão, sobre a sua cabeça havia uma lâmpada led emanando a única fonte de luz por toda a sala que jamais conheceu luz natural.

O dois guardas sempre estavam com as mãos preparadas nas armas da cintura e seus coletes à prova de balas apenas aumentavam seus tamanhos. No entanto, Enji continuava a ser o maior ali.

O ar da sala continuava estagnado, viu respiradores do tamanho de um palma perto do teto. Os outros dois guardas checavam as correntes presas na mesa e no chão perto da cadeira também de metal. Assim que terminaram o serviço, a dupla acenou para os outros guardas perto de Enji. Um deles deu um olhar cauteloso para si, haviam conversado as regras, apesar dos inúmeros subornos que Enji fez para conseguir chegar até aqui.

Os guardas saíram da sala e revelaram o motivo de tantos subornos. Apesar do ar frio e estagnado, Enji não precisava de nenhuma janela, pois olhar para ele era olhar uma janela para o futuro.

Os pulsos dele estavam presos nas algemas pelas correntes chumbadas na mesa de aço assim como os pés estavam ao chão. Usava o macacão laranja quer era uniforme da prisão, dois botões abertos mostravam a camisa branca de algodão embaixo, no lado esquerdo do peito havia uma numeração costurada em um retângulo.

Seus cabelos eram pretos como pichê jogados para trás com somente o topo amarrado em um coque pequeno e o restante quase chegava aos ombros faltando apenas dois dedos. Cada uma das mechas era bem destacada como se fossem penas lustrosas de corvos, os fios eram diferentes, grossos. Mas as sobrancelhas eram as mesmas assim como o formato do rosto tirando o queixo que aqui era mais arredondado.

A pele não era dourada, pálida quase esverdeada por não ver a luz do sol. Eles deviam ter a mesma altura, tinham os mesmos ombros afinal e os mesmos dedos. Mas os olhos eram o que chamavam mais a atenção, eram iguais, mas extremamente diferentes. Mesmo molde, mesma receita, diferentes ingredientes.

Os olhos eram tão boêmios como a versão mais nova, contudo não havia sequer uma gota de dourado, eram repletos de verde menta quase para o esmeralda. Era uma cor sólida e firme nessa linha tênue.

Límpidos como seu outro par, porém não carregavam a indiferença ou a emoção extrema que o outro tinha. Era como se sempre houvesse algo se remexendo no fundo das írises. Algo venenoso, agudo e radioativo.

Em nenhum momento abaixou a cabeça e sorriu ao vê-lo, não era o sorriso despreocupado ou travesso. Seu sorriso era maquiavélico como quem havia acabado de armar um plano com intenções terríveis demais para alguém comum decifrar.

Enji se aproximou.

Poucas linhas de expressão marcavam o rosto, parecia muito mais novo do que a verdadeira idade. Daí a ótima genética.

— Todoroki Enji, a que devo o prazer da sua visita? — O sorriso se expandiu com deleite.

Era assim que Kei seria com 39 anos.

O pai de Kei finalmente apareceu! O que acharam dele?
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Até amanhã!
Bjinhus!


O Rei E O PassarinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora