Tentei não transpirar, mas foi impossível. Praticamente corri com a chave da poderosa Andrade na mão, apertando o chaveiro da trava desesperadamente para ver qual carro destrancaria. Graças a Deus logo consegui identificá-lo. Dirigir foi mais complicado. O medo de causar mais dano, além dos já causados, me fez dirigir tão rápido quanto uma lesma. Troquei meu carro de vaga com o dela e em seguida corri de volta para o elevador. Com certeza meu rosto estava corado e meu cabelo em desordem.
Respirei fundo diversas vezes disfarçando meu nervosismo quando o elevador parava em algum andar. Com três elevadores no prédio parecia que todos resolveram pegar justamente o meu. Por sinal, era o único que ia para o 16º andar. Quando consegui chegar, a sala estava vazia. Nada de Carla ou Thais. A porta da Sra. Andrade estava entreaberta, como se me aguardasse. Pela parede de vidro eu podia vê-la sentada em sua imponente cadeira, localizada atrás da sua imponente mesa de presidente. Tudo nela era desta forma: imponente.
Céus! Ela era linda, mesmo nessa posição tão arrogante.
Caminhei até a minha mesa, indecisa sobre o que fazer.
- Srta. Freire.
Ouvi sua voz forte e áspera me chamando. Sem parar em minha mesa, como planejava, entrei vagarosamente em sua sala. Apenas o zumbido baixo, quase imperceptível do seu
computador, somado ao barulho do meu salto, ecoavam no ar. Meu coração martelava no peito com tal força que tive medo que minha chefe pudesse ouvir e por causa disso inventasse mais algum tipo de punição para mim. Estava realmente incomodada pelo que ela fizera. Que bela maneira de dar boas-vindas a uma nova funcionária. Era quase o mesmo que jogá-la janela afora. Fiquei incontáveis minutos parada sem que ela ao menos se dignasse a me olhar.
A Sra. Andrade ora analisava um papel a sua frente, ora analisava a tela do seu computador, sem parecer notar a minha presença. Comecei a ficar impaciente. Meus pés doíam, pela corrida e pela posição tão ereta por tantos minutos. Comecei a olhar ao meu redor, para passar o tempo. A sala realmente era como um aquário. Totalmente feita de vidro. Transparência para todos os lados. Mas pude notar que, apesar dela deixar claro pela arquitetura do local, que tudo ali estaria à vista de todos, havia persianas, recolhidas, prontas para serem utilizadas em algum momento nem tão transparente. Notei que não existia armário. Apenas móveis decorativos e baixos, como a pequena peça que ficava ao fundo contendo diversos livros. Dois conjuntos de sofás davam à sala a aparência de receptividade. Um longo tapete felpudo na cor crua alimentava a ideia de conforto que a sala transmitia, apesar de toda a sua elegância. Eu deitaria naquele tapete com muita facilidade. Uma mesa grande com seis cadeiras, também de madeira ficava no extremo contrário ao que a Sra. Andrade estava, contudo, mais próximo a ela, havia outra menor, mais baixa com duas cadeiras e, no centro dela, um jogo de xadrez. Cada peça parecia uma joia de inestimável valor. Eu podia ver o ouro que as esculpia, só não conseguia identificar as pedras que adornavam seus detalhes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre foi você
FanfictionInspirado em uma historia cophine de 2017 Apenas para entretenimento dos leitores. Espero que gostem, sou apenas uma fã e não uma escritora.