Dei as costas indo em direção à saída da sala. Queria apenas pegar a minha bolsa e ir embora daquele lugar. Desejava correr, no entanto minhas pernas pareciam gelatinas. Então me concentrei apenas em sair andando, mesmo que fosse a passos lentos. Apesar de toda a amplitude do local era quase impossível conseguir respirar. Eu precisava com urgência de ar. Percebi que tremia. Quando o surto de adrenalina passasse, com certeza me arrependeria amargamente. Aliás, já começava a me arrepender, minha atitude poderia comprometer minha vida profissional.
Alcancei a mesa e, antes de conseguir pegar a minha bolsa, notei a luz do telefone piscando, indicando a linha da sala da Sra. Andrade, logo depois o som da chamada preencheu o ambiente, olhei para trás buscando me certificar se era uma brincadeira, entretanto ela estava sentada, com o telefone nas mãos, olhando para mim, sugerindo que eu o atendesse, com as mãos trêmulas, obedeci. Tirei o telefone do gancho aproximando-o do meu ouvido, não foi preciso falar. Nós ainda fazíamos contato visual o que tornava a tensão no ar quase palpável, prendi a respiração aguardando o que ela diria. A Sra. Andrade me observava através da sua parede de vidro, seu olhar era intenso e me atingia como se estivesse me tocando, podia senti-la completamente. Era demasiadamente excitante. Deixei que minha mão livre me apoiasse à mesa, zonza pela intensidade daquele olhar... Ela nada dizia, meus lábios se entreabriram, como que para recebê-la e fechei os olhos, quebrando a força dos dela em mim. Ainda podia sentir seu olhar me queimando, era loucura demais para um único dia, o que estava acontecendo?
– Srta. Freire? –tirou-me do transe.
Abri os olhos para encará-la de volta, aguardando, tive medo, aquilo poderia se prolongar. Ela podia aprontar mais uma das dela.
– Volte a minha sala, por favor.
Minhas pernas começaram a tremer na expectativa do que ela faria, contudo, como não poderia deixar de ser, obedeci ao seu comando voltando lentamente para a sua sala. Ela me acompanhou com o olhar por todo o percurso, parei em frente a sua mesa aguardando.
– Sente-se, por favor – obedeci sentindo que meu corpo inteiro tremia.
Onde estava a minha coragem naquele momento? Eu tinha dito tantas coisas. Estava quase recuperando a minha liberdade, voltando a minha vida simples, mas harmoniosa e, de uma maneira inexplicável, estava ali novamente, sentada a sua frente, obedecendo as suas ordens. – Srta. Freire, eu... – ela estendeu seu dedo indicador me pedindo um momento.
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Sempre foi você
FanfictionInspirado em uma historia cophine de 2017 Apenas para entretenimento dos leitores. Espero que gostem, sou apenas uma fã e não uma escritora.