Cap 139

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***

– Pocah! – Ouvimos a voz de Sarah gritando em desespero. – Não faça isso!

O iate perdeu toda a sua velocidade e parou como se estivesse perdido no mar, as lanchas diminuíram nos alcançando facilmente. Vi a de Bill passar para a frente enquanto a de Sarah se mantinha ao nosso lado, os olhos dela eram puro pânico e ela a encarava com determinação.

– Espera, Pocah. Não faz isso! – Ela estava com os braços estendidos em nossa direção. – Por favor, não faz isso! Deixa Juliette em paz, não é ela quem você quer.

– Mas é ela quem você quer, Sarah! – Ela gritou de volta.

– Você vai complicar ainda mais a sua situação, tenho certeza de que não é isso o que você quer, não é? – Pocah manteve-me muito próxima, um empurrão e eu seria atirada ao mar. – Pensei melhor, nós vamos cuidar de você – facilmente ela pulou da lancha e começou a subir no iate.

– Nem pense nisso Sarah ou então eu estouro os miolos dela antes de lançá-la para os peixes – só então percebi a arma dela em minha cabeça.

Droga! Aquilo não daria certo, Pocah jamais aceitaria se entregar assim, ficar internada enquanto eu e Sarah ficávamos juntas era a pior de todas as derrotas. Eu morreria, não havia dúvida.

– Eu só quero conversar. Calma! Não estou armada – ela se aproximou com as mãos estendidas. – Vamos conversar.

– Mande seus amigos ficarem longe!

– Eles vão ficar, fica calma!

– O que você achava? Que eu aceitaria passar uma vida internada como louca enquanto você usufrui de tudo o que é meu? Não! Se eu vou perder tudo você também vai.

– Pocah, não vale a pena. – Argumenta. – O que você vai fazer é complicar a sua situação, a polícia achou todas as provas que Fiuk guardava contra você, ele tinha tudo! Não complique ainda mais para o seu lado, me deixa cuidar de você.

Não sei porque, mas aquelas palavras dela eram tão verdadeiras que me atingiam. Sarah não queria que Pocah me matasse, isso era claro, mas também não queria que ela sofresse mais do que já sofrera. Sarah se importava realmente com ela e aquilo me incomodou mais do que eu gostaria.

– Cuidar de mim? Você me destruiu em inúmeros pedaços, você destruiu a minha vida, Sarah!

– Não. – Negou. - Você fez isso sozinha, será que não entende que o que fez foi muito grave? A família de Camilla, a pequena Rebecca...

– Eu não matei a minha filha – ela soluçou. – Não matei, você nunca entendeu nada, nunca percebeu que o que eu fiz até agora, todos os meus crimes, tudo foi por você! – Pocah chorava e soluçava, mas mantinha a arma firme em minha cabeça.

– Você disse que se livrou dela.

– Eu menti para te machucar, ela não era sua filha, mesmo assim eu não seria capaz de machucá-la.

– Então...

– Desde o início, Sarah. – Começou a se desarmar. – Quando eu conheci você, não havia mais nada em minha vida, era você quem eu queria e não me importava de abrir mão de tudo para te conseguir. – Soluça. – Eu mudei, manipulei cada pessoa, me transformei na mulher que você desejava, que precisava, fiz isso tudo até que finalmente você entendesse que havíamos sido feitas uma para a outra, eu fui a única mulher que te conheceu e aceitou como você é. Eu te construí! Ergui os muros do seu palácio e fiz de você a mulher que é hoje.

– Pocah, abaixa esta arma – Sarah ainda tentava, mas eu sabia que seria em vão.

– Eu vi tudo o que você queria, enxerguei todas as suas necessidades. – Continuou ignorando o pedido de Sarah. – Você queria ser a CEO, era a sua ambição, eu sabia que ninguém além de você poderia ocupar este cargo e fiz tudo para que ele fosse seu.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora