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Anny narrando...


      Depois de contar tudo a minha mãe ela ficou muda e não me falou mais nada, apenas levantou indo até o seu quarto e pegando uma roupa sua para eu poder dormir, ainda bem que ela não mandou eu voltar não tinha nem cabeça pra isso.


       Mas o seu silêncio me matou por dentro, o que eu vim procurar eu não encontrei, não foi nada parecido com o que eu tinha na cabeça e posso te jurar que estou me sentindo pior.


       Não sei o que se passou em sua cabeça, não sei se foi culpa ou até mesmo raiva de mim por ter deixado chegar até esse estado, não sei o que pensar.


        Agora estou eu aqui no meu antigo quarto olhando pra o teto a procura de um sono que eu sei que não vai vim hoje.


         Eu pensei que minha mãe fosse falar alguma coisa tipo acabar com a raça do Murilo mas não ela optou pelo silêncio e isso acabou ainda mais comigo.


        Meu pai assim que subiu veio até aqui e eu fingir está dormindo, não queria ter que repetir a história pra ele, deixei essa parte para a minha mãe que a essa altura já falou tudo a ele.

 

         Queria meu irmão aqui comigo agora ele sempre me entende e acaba dando os melhores conselhos e como estou sentindo falta disso agora, mas logo hoje ele inventou de viajar e só volta na segunda e eu não estarei mais aqui.


        Para os meus pais eu só existo fora dessa favela até parece que se eu aparecer aqui de vez em quando vai me fazer ir vender droga lá na entrada, não vejo lógica nisso, pois eles mesmo não sentem vontade de sair daqui só eu mesma fui obrigada.


       Tentei dormir, virei de um lado para o outro a noite toda o lugar que eu imaginei me sentir melhor na verdade está me sufocando junto com a falta de palavras da minha mãe.


       Levantei junto com o sol, de verdade levantei porque dormir isso eu não consegui, peguei minha bolsa e fui procurar o meu celular retirando ele do modo avião e na hora chegaram várias mensagens pelo whatsapp e até normais, ligações de números até desconhecidos juntos com os do banco, Tereza, Jean e do infeliz do Murilo, ainda bem que ninguém tem o contato da minha família ou então já saberiam aonde eu estava e eu não quero falar com ninguém.


         Observei o horário e ainda era 5:00 da manhã mas o sol já estava a todo vapor, tirei meu pijama e coloquei minha roupa que vim ontem, agradeci por ter ido trabalhar de sapatilha e não de salto, sai do meu quarto sem fazer barulho, a porta do quarto dos meus pais continuava fechada passei direto indo pra sala, peguei a chave no suporte abri a porta saindo dali o mais rápido possível.


         Desci aquele morro fazendo o meu melhor pra lembrar do caminho certo, mesmo assim fui acompanhando alguns moradores, quando cheguei na entrada agradeci por ter conseguido, peguei o celular ligando diretamente para a central de táxi ultimamente não tenho tido sorte com Uber, encerrei a ligação e olhei pra frente, o mesmo rapaz que impediu minha entrada ontem estava lá, na hora que me viu deu um sorriso e veio vindo mas eu desci mais, e na mesma hora que o táxi parou e eu entrei deixando ele para trás e fui em direção ao banco na verdade estacionamento dele preciso pegar o meu carro que deixei lá ontem.


          Parei na garagem do prédio e novamente subo pelo elevador de serviço essa foi a melhor invenção da vida principalmente quando não estamos no pique de falar com ninguém.


         Entrei em minha casa a sentindo diferente, o que eu não achava ela antes acho que minha mãe tinha razão eu não pertenço mais aquele lugar não na favela mas sim na casa deles, eles não me véi como alguém da família que já morou alí, pra eles eu sou apenas a filha que saiu dali e fez uma carreira diferente eu sou tipo um troféu, troféu esse que eu nunca pedi pra ser.


         Fui para o meu quarto preciso tomar um banho, antes de fazer isso  deixei um recado na portaria dizendo que eu não estava para ninguém nem mesmo meus pais, eu quero passar o meu fim de semana assim esquecendo que o lá fora existe, vou deixar pra me preocupar com os seres humanos na segunda feira quando for trabalhar.


        Não sei nem como vai ser, como eu vou ter coragem para enfrentar a todos que ontem me olhavam comos olhares de julgamento de uma coisa que eu nem sou e nunca fui isso é muito foda.


        Tomei um banho bem quente e demorado, queria tirar todo aquele peso que estavam em meus ombros e jogar eles no ralo do banheiro, pois é muito peso pra uma pessoa só.


          Sai me enrolando na toalha e pegando uma roupa extremamente confortável como estava precisando.


         Fui pra cozinha, preciso comer alguma coisa porque saco vazio não para em pé, ontem não jantei e hoje ainda não comi nada.


          Fiz meu pão com ovo e queijo que eu tanto amo indo até a sala, peguei meu celular vendo que tinha mais mensagens e ligações dos meus amigo, eu sei que eles não tem culpa de nada mas eu preciso parar de pensar nos outros para pensar em mim, no que eu quero, e nesse exato momento não quero ver nem falar com ninguém, voltei a desligar o celular indo matar quem está me matando.


          Comi e depois fui escovar meus dentes e voltei para o quarto me jogando em minha cama, peguei o controle da TV e fui procurar uma boa programação para um sábado em minha cama, só pretendo sair daqui na segunda, parei em um filme de ação que me chamou atenção pelo ator ele era muito gato, mas nem isso me impediu de pegar no sono em cinco minutos, meu corpo precisa disso apaguei logo em seguida.

Acaso  Parte l  (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora