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Anny narrando...

      Ontem quando o Jean me deixou em casa tentou de tudo pra me convencer a deixar ele subir, mas eu fui firme porque eu sabia onde iria dar essa subida e minha cabeça tá muito cheia pra pensar nesse tipo de coisa, só queria minha cama e apagar, amanhã será um dia longo posso até imaginar.

      Hoje quando eu cheguei pra trabalhar o primeiro rosto que eu vi foi o daquele infeliz, ele me olhava com um sorriso sínico no rosto feito que sabia que sua ação me afetou em cheio.
        Odeio me sentir assim coagida, na verdade quando terminei com ele eu jurei a mim mesma que nunca mais iria permitir ficar assim.
          Fiz todo o meu trabalho agradecendo por hoje ser sexta feira e sonhando no dia que vou deixar esse trabalho pra trás, na verdade o curriculum e entrevista eu já fiz, estou em olho em uma vaga de administradora chefe em uma grande construtora conhecida em todo o Brasil, se eu conseguir esse emprego eu não só vou está realizando o meu sonho de trabalhar na minha área mas também vou está me livrando de ver a cara do Murilo todos os dias e acho que essa será a melhor parte principalmente pelo salário que é cinco vezes o que eu recebo hoje em dia, e olha que ganho bem.
        Quando estou em minha mesa atendendo um casal de senhores escuto alguém limpar a garganta, na hora que tiro a atenção do computador olhando em direção a quem fez aquele barulho um sorriso automático surgi em meus lábios  o Jean está ali na minha frente mostrando algo em sua mão.
             - Acho que você deveria prestar atenção onde deixa suas coisas ( me entregou minha identidade)
            - Nossa eu nem percebi que ela não estava em minha bolsa... Me espera já estou terminando aqui (ele só sorriu e se afastou)
             Fiz o que tinha que fazer arrumei tudo, os senhores assinaram os papéis do empréstimo que vieram fazer depois saíram, fiz o sinal pra o Jean encostar.
             - Não posso demorar não princesa tenho dois alunos me esperando ( já encostou falando e eu levantei)
              - Eu já te falei que você é o meu herói ( negou e eu sorri) Jean você é o meu herói ( fui até ele e dei um abraço)
            Conversamos umas coisas e ele foi embora, aproveitei que ainda não tinha ninguém e fui rapidinho no banheiro dando de cara com aquele infeliz antes mesmo de chegar.
            - O que eu te falei sua vagabunda ( veio com o dedo no meu rosto, abaixei mas ele já veio com o outro)

           - Sai da minha frente Murilo eu tenho que voltar pa trabalhar ( ele deu uma gargalhada chamando atenção de algumas pessoas)
  
           - Não pensou nisso na hora que estava quase dando pra aquele viado lá na frente, tu é tão fodida que se vende até pra viado ( quando ele falou aquilo um ódio me subiu e eu fui pra cima dele)
         - FILHO DE UMA PUTA QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FALAR ESSAS COISAS DE MIM EU NÃO ADMITO ISSO ( quando eu vi já estava gritando, aquela situação não dava mais certo eu preciso dá um basta)
           - Quem eu sou, eu sou o filho da puta que te aturou por três longos anos passando vergonha.
            - E acabou, acabou porque que você ainda se importa com minha vida, nada te diz respeito ( já estou cansada de tudo isso)
            - Diz respeito sim principalmente quando você trás um dos homens que você me traia para dentro do nosso ambiente de trabalho, só uma mulher muito baixa pra fazer uma coisa dessas (essa hora já tinha formado uma pequena multidão ao nosso redor, olhei para o lado e vi a Tereza de boca aberta sem acreditar naquela cena, na verdade nem eu estava acreditando esse homem só pode ser louco)
           - O que está acontecendo aqui ( ouvi a voz do José o nosso chefe, ele é gente boa mas também é muito amigo do pai do Murilo então eu sei que nessa briga a única prejudicada vai ser eu, abaixei a cabeça esperando mais esporros agora vindo dos dois)
           - Essa puta trazendo um dos seus clientes pra dentro do trabalho, tava lá fora se agarrando, não respeitou nem as pessoas que ela estava atendendo ( neguei pra mim mesma)
           - Controla seu linguajar aqui dentro rapaz que você não está dentro de uma balada com seus amigos não ( parou de falar olhando pra mim) o que a senhorita tem a falar sobre isso, na hora que eu ia abrir a boca o Murilo me cortou)
            - Senhorita, senhorita faz me rir, essa daí não passa de uma favelada filha da puta trabalha aqui pra passar a plantas para os bandidos amigos dela, são todos da mesma laia e não satisfeita arruma os clientes ricos que vem aqui, já viu o carro dela a casa dela uma mulher como ela não tem condição alguma de se manter nesse luxo sem vender o corpo ( nessa hora meus olhos encheram de lágrimas, todos me olhavam com um olhar de desaprovação mesmo eu sabendo que tudo que ele está falando é mentira todo mundo vai ficar na dúvida)
            - Já te falei para controlar a sua língua, e respeita a Anny que é uma funcionária exemplar independente de onde ela venha ( olhou pra mim) não vai falar nada ( ele esperava que eu me defendesse mas nada saia da minha boca)
           - Olhe as câmeras e veja que o que aconteceu foi apenas eu agradecendo a um amigo que encontrou meu documento que eu deixei cair no seu carro quando ele foi me pegar no hospital ontem, por culpa dele ( levantei minha blusa mostrando o nível do seu murro, como foi mais para um lado acabou pegando na minha costela e agora está roxo) isso foi um murro no estacionamento da academia dado por ele que agora me persegue, eu não conseguir vim trabalhar ontem justamente por isso ( ele ia falar mas o José não permitiu) só foi isso eu sei muito bem onde eu estou ( o clima estava tão pesado que eu comecei a chora, eu só queria sair dali o mais rápido possível) com licença ( falei saído dali o mais rápido possível, ali não tinha ar e eu estava ficando sufocada)

          Sai dali sem ver pra onde estava indo, só peguei minha bolsa e simplesmente sair andando pelo meio daquele centro movimento em uma sexta feira sem nem olhar pra trás, o que eu mais quero é ficar longe do Murilo e de qualquer pessoa que venha me julgar, tenho consciência que não estou em condições para dirigir e na verdade nem sei pra onde estou indo.

           Me dei conta do quanto tinha andado quando parei na entrada daquele lugar, lugar esse que tem nove anos que não venho, parei fiquei olhando e pensando se aquilo era o certo a se fazer, mas nesse momento não existe outro lugar que eu queira está, nem com outras pessoas eu só preciso da minha mãe dizendo que vai ficar tudo bem.

         Já estava tarde, tudo escuro não sei se consigo andar sozinha nem durante o dia imagina a noite.

          Vou subindo e logo ganho a atenção do meninos da entrada, eu tinha até esquecido desse detalhe será que eu consigo entrar sem que eles venham saber quem eu sou, são tantas pessoas entrando e saindo daqui durante todo o dia que acho que eles não guardam a fisionomia de todas, mas é bem nessa hora que eu me engano pois já tem um com uma arma enorme  cruzada nas costas, ele para logo a minha frente.

         - O que a patricinha tá querendo aqui uma hora dessa ( ouvi aquele homem falou tão perto me deu um medo tão grande que não consigo nem falar) o gato comeu sua língua foi boneca, bora falando porque odeio matar mulher bonita e sei que você não é daqui ( levantei a vista juntando coragem para enfim falar alguma coisa)

            - Eu vim pra casa dos meus pais, eles moram aqui na verdade eu morei por muito tempo também ( ele me olhou como se não acreditasse no que eu acabei de falar mas era pura verdade)

           - Quem são seus pais ( segurou no cós da bermuda na hora eu vi que se tratava de outra arma, fiquei gelada na hora)
            - He.. Helena Machado e Antônio Machado eles são donos da farmácia Machado ( falei tentando controlar meu nervosismo)

           - Você é irmão do derson ( lembrei do apelido de infância do meu irmão)
           - Sim sou.
          - Nunca te vi por aqui boneca ( chegou mais perto e eu dei um passo pra trás)
           - Estava estudando fora, cheguei hoje e vim visitar eles ( lembrei que não carrego mala alguma) deixei minhas malas na casa da minha tia onde eu sempre morei ( ele ficou me estudando)
           - Vou deixar você passar mais não fassa nada de errado aí dentro não em qual lugar tem um que acaba com esse rostinho lindo logo logo.
         - Eu não vou fazer, obrigada e boa noite ( não dei chance dele falar mais nada fui subindo o mais rápido que consegui, já tinha até esquecido do quão ruim é subir essas ladeiras)

           A farmácia fica mais pra parte do meio da favela bem no centrão então tenho muito o que andar.

           Lembrei de um atalho e fui por lá queria chegar o mais rápido possível, más depois de entrar e sair de alguns becos me arrependi de ter feito isso pois não faço a menor ideia de onde estou, tá tudo muito mudado por aqui casas onde não existiam e becos que não existem mais.

           Achei melhor ligar para o meu irmão sei que eles vão ficar loucos mas é melhor do quer ficar perdida dentro desse lugar enorme.
           Quando começo a procurar meu celular na bolsa vou de encontro a um poste, que segura em meu ombro.

          - Miséria não olha por onde anda não (falou todo ignorante mas depois mudou a expressão do seu rosto, meu Deus que moreno lindo por um momento esqueci de tudo que eu passei hoje, mas logo cai na real pensando que ele pode ser algum envolvido)
          - Desculpa eu estava procurando meu celular na bolsa ( respondi já querendo chorar outra vez, agora por medo desse homem, jesus já deu de provações por favor)

        -IIII princesa tá chorando porque, quem mexeu com tu tio ( limpei rápido as lágrimas que desceram sem minha permissão, agora ele parecia preocupado comigo mas não vem ao caso eu continuo com medo dele)
        -  Ninguém mexeu comigo não, mesmo assim muito obrigada pela preocupação eu preciso ir ( sai dali praticamente correndo, não sei de onde eu tirei coragem pra fazer isso, ele poderia meter bala em mim pelas costas mas agora já foi)
         Sai daquele beco indo em direção a outro e ficando frente a frente com um rosto familiar, conheço essa pessoa puxo da memória até que eu lembro, ele olha pra mim e eu olho pra ele um sorriso se forma eu seus lábios e o meu vem instantaneamente.

           - Preto você lembra de mim ( foi a única coisa que e falei até ele vim me abraçando e acho que isso é um sim, ele lembra de mim)
          

            
       

Acaso  Parte l  (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora