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Anny narrando...

Hoje já é segunda feira e eu vou ter que enfrentar o que me espera no banco, não posso simples parar minha vida por conta de um medo, eu não fiz nada de errado então não tem o que temer.

Ontem foi até bom com o Jean, ele a todo momento tentava me tirar um sorriso junto com a Tereza que apareceu e eu amei.

Minha mãe me ligou perguntando o motivo pra eu ter ido embora sem avisar a ninguém, eu expliquei tudo e disse que fiquei muito chateada com sua reação ela falou que só foi um choque pra ela porque ela me tirou da favela para eu não passar por isso e encontrar homens tão violentos e olha só onde eu me meti, ela pediu mil desculpas e falou que vem em minha casa no fim de semana, eu falei que ia lá mais ela me pediu por tudo para eu não ir e ficar por aqui mesmo reforçando que ali não é lugar para mim.

Eu não entendo esse medo ou preocupação da minha mãe, não sou de vidro e muito menos uma criança para ir pela cabeça dos outros para fazer coisas erradas e depois sair quebrada, sei que eles querem o meu bem mas essa super proteção me sufoca e me dá mais curiosidade pra voltar para o lugar que eu passei minha infância e fui muito feliz de verdade curiosidade no perigo.

Não posso dizer que não fui nem sou feliz levando a vida que eu levo hoje em dia porque aí eu estaria mentindo feio, mas ser arrancada de uma vida em que eu tinha costume com o lugar e as pessoas que eu sempre tive contato de uma hora pra outra não é saudável e sempre alguém sai quebrado na história que no caso eu saí, não tive opção, não tive direito de ser consultada eu simplesmente tive que aceitar calada e com um sorriso no rosto, um dia eu tinha minha vida, meus amigos, meu irmão minha casa, e no outro eu estava entrando na casa da minha tia que eu mal via nas festas de fim de ano, imagina agora ter que me adaptar a sua rotina e da sua família, o único lado bom nessa história foi ter o contato com minha prima que hoje em dia e como se fosse minha irmã, nesse exato momento a linda viajou para a casa dos pais do Thales seu namorado e um outro irmão pra mim.

Vivi bem, frequentei boas festa, tive boas amizades com pessoa de alta classe como minha mãe sempre sonhou amizade diferente das da favela, mas elas existiram apenas no tempo em que eu estudava porque no momento em que nos formamos fomos cada um para o seu lado viver a sua própria vida real de adulto, uns com mais privilégios que outros e hoje em dia não tenho contato com nenhuma dessas pessoas.

Minha tia sempre falou, que gente rica só dá atenção pra pobre quando precisa de algo que o dinheiro deles não compra, no meu caso eu era a que passava todas as respostas na hora da prova então naquele tempo eu tinha a atenção de todos e eles nem se importavam que eu não tivesse a mesma quantidade de dinheiro que eles e nem que eu vim de uma favela , mas no momento em que não precisaram mais de mim recebi um belo foda-se e fui deixada de lado.

Entrei no banco atraindo olhares todos os funcionários que estavam aqui na sexta feira assistindo aquela cena vergonhosa e sem nexo.

Assim que cheguei já fui chamada na sala da gerência onde encontrei o José todo sem graça me esperando.

Ele veio com aquela conversa eu meio que dei uma boa relaxada, me pediu mil desculpas pelo ocorrido aqui e por tudo que eu já passei, ele falou que por ser amigo do pai do Murilo meio que fechou os olhos para alguns dos seus atos , mas aquela cena de puro preconceito e desrespeito comigo ele não poderia deixar em branco, por isso tinha o afastado até eu me sentir segura a trabalho com ele no mesmo ambiente.

Não vou mentir acho que esse dia nunca vai chegar por isso mesmo estou rezando para que meu emprego de certo, mas não vou falar nada a respeito agora, quando eu tiver uma resposta falo com ele e pronto saiu daqui rumo ao meu sonho.

Voltei a trabalhar um pouco mais leve só em saber que ele não estará aqui
para me importunar, e também resolvi seguir o conselho dos meus amigos eu vou fazer uma denuncia contra ele aproveitar que ainda tenho marcas da sua última crise.

Quando meu expediente acabou falei com a Tereza a chamando pra ir comigo até uma delegacia especializada contra violência contra a mulher, ela aceitou na hora fomos saindo e o nosso Uber particular me esperava na porta.

- Eu bem queria chamar um Uber e da de cara com um gostoso como você atrás do volante ( Tereza já soltou a primeira assim que viu o Jean, ele está cuidando muito bem de mim, hoje me trouxe e veio me buscar no trabalho achei muito fofo isso)

- Tereza eu juro que um dia eu ainda morro de vergonha com essas coisas que você fala ( sorri negando com a cabeça, entrei no carro e o Jean estava todo vermelho de sorri não sei se por conta do que ela falou ou da minha cara de vergonha)

- Pega meu número loirinha que te busco em qual quer lugar que você esteja ( ele falou piscando pra ela aí minha vergonha só aumentou)

- Não sei se vocês perceberam mas eu ainda estou aqui e não estou gostando desse papo não ( os dois caíram na risada e eu fiquei na minha, acho que minha falta de humor e por medo dos meus próximos passos)

- Não está gostando do papo, ou está com medo de perder seu Uber ( revirei o olho pra ela)

- Esse medo eu não tenho meu amor porque eu me garanto, agora vamos que eu quero um banho bem gostoso ( falei por fim)

Eles começaram a sorri junto comigo, fomos todo o caminho conversando sobre outros assuntos que no fundo era apenas para me distrair, deixa eles se iludirem porque tudo está bem vivo aqui na minha cabeça e se eu fechar os olhos consigo ouvir e sentir tudo que passei durante dois anos da minha vida.

Ao chegar lá fiz todos os trâmites necessários, até ser chamada para fazer o exame de corpo de delito o que foi meio constrangedor mas necessário e pronto, sai dali com o sentimento de dever cumprindo porém com poucas esperanças de que algo vai ser feito, durante isso preciso viver a minha vida e não me deixar entrar novamente em uma situação parecida, preciso me dá valor e saber que quem ama não te diminuir nem se importa de onde você vem, quem ama aceita você com todos os seus defeitos.

Depois de tudo fomos jantar, estava morrendo de fome e ataquei meu lanche enquanto a Tereza não parava com suas piadas sobre a beleza do Jean, ele já estava vermelho mas sei que estava amando ter seu ego tão elevado assim.

- Sábado vamos em uma boate maravilhosa (Tereza falou aleatória como só ela sabe ser)

- Que boate menina ( falei ainda de você cheia)

- Single & Single, ela é maravilhosa já fui algumas vezes e sei que vai gostar ( não ela não sabe porque eu odeio boate cheia de pessoas frescas não me toque, gosto mais de uma festa de rua mesmo)

- Eu topo ( Jean falou com um sorriso de segundas intenções)

- Pronto está decidido, sábado umas onze, quem vai dirigir ou vamos de Uber.

- Não dei nenhuma resposta( falei com cara de riso só pra provocar mesmo)

- Você não precisa dar resposta nenhuma, vai e pronto ( neguei com a cabeça sabendo que seria em vão tentar falar algo)

- Sábado vai ser ótimo ( Jean falou)
- É sábado vai ser ótimo ( falei animada)

Estou torcendo por isso quero me divertir como uma pessoa da minha idade e solteira, quero ser surpreendida com algo muito maravilhoso.











Boa noite meninas, postei bastante desde o dia que eu comecei a história, agora só volto no fim de semana se tudo der certo, bjooosss e muito obrigada.

Acaso  Parte l  (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora