Anny narrando...
Depois que acordei por conta daquele pesadelo horrível quase não consigo voltar a dormir outra vez, sempre que fechava os olhos aquela imagem voltava a me assombrar.
Falei um monte de coisa com o Eduardo e o alertei que não tolero traição, e também queria ele longe daquela loira, ele só fazia sorri da minha cara como se eu fosse louca mas eu vou mostrar a louça a ele se eu ficar sabendo de alguma coisa, porra parecia tal real que não duvidava que aquilo realmente tinha acontecido, me arrepiei toda ao lembrar do que me fez acorda, eu batendo de frente com um carro em alta velocidade.
Quando acordei já era quase meio dia e o Eduardo não estava mais, ele deixou uma mensagem me falando que precisava sair e resolver umas coisas mas que se eu precisasse de qualquer coisa podia ligar pra ele, claro que não fiz isso respondi a mensagem avisando que eu ia pra casa mas antes eu precisava falar com minha mãe e que levaria o carro como empréstimo mas assim que o meu ficasse pronto o queria de volta, tenho um apreço sentimental muito grande por ele por ser o meu primeiro carro então não iria simplesmente trocar ele se ainda tem jeito.
Outra coisa é que eu não gosto de aceitar presente assim não pior um desse nível, esse carro deve ser mais caro que o meu apartamento não sou nem louca.
Arrumei minhas coisas e deixei o quarto dele do jeito que ele gosta, troquei os lençóis pra ele não achar ruim .
Coloque tudo dentro do carro e fui saindo, os meninos não estavam na porta mesmo e sim na porta de outra casa mais adiante nem entendi, eles ficaram me olhando mas não falaram nada quando me virem descendo a rua, olhei pelo retrovisor pra ver se eles me seguiam e pra minha surpresa eu realmente estava sozinha.
Tentei lembrar do caminho que ele me ensinou pra chegar a casa da minha mãe, meu coração parecia uma escola de sambam no meio da Sapucaí, ele tinha uma batida desconhecida.
Parei a frente da farmácia e respirei fundo e tentei reunir coragem para ir lá dentro e formular uma desculpa pra minha mãe, não existe a menor possibilidade de contar toda a verdade a ela agora, já tem muitos problemas em minha cabeça pra ainda ter que lidar com o surto que minha mãe vai dá assim que ficar sabendo, e também isso nem vai fazer muita diferença eu já fiz minha escolha quero tentar com o Eduardo.
Desci do carro e já atrai olhares de quem passava, essa é uma das desvantagens de morar aqui, todo mundo quer saber da sua vida e sempre da conta dela com alguns aumentos no final.
Minhas pernas faziam um trajeto e meu cérebro dava as ordens para ela voltar.
Entrei vendo apenas minha mãe ali atrás do balcão atendendo uma mocinha de aproximadamente uns 15 anos, a conversa era interessante pois nenhuma das duas me viram entrar.
Joguei meu cabelo pras costas e limpei o suor que acumulou em minha testa, engoli a saliva chamando a atenção da duas ao coçar minha garganta.
- Anny ( minha mãe me olhou surpresa mas com um tom não muito amigável)
- Boa tarde mãe (sorri pra ela sem receber um sorriso sincero de volta, apenas um curvar de lábios sem mostrar os dentes)
- Deixa eu terminar aqui e já te dou atenção ( falou voltando a atender a moça)
Fiquei olhando tudo, passando os dedos pelas prateleiras que como eu me recordo sempre estiveram impecável, minha mãe nunca deixou juntar por, sempre deu atenção a elas e eu fiquei de lado.
Quando a moça foi embora ela saiu da parte de trás do balcão e foi até as grandes portas de metal e foi as baixando.
- Não precisa mãe podemos conversar aqui mesmo ( fui para o seu lado )
- Preciso sim, quero saber tudo (ela falava sem olhar pra mim)
Não falei mais nada deixei ela fazer o que ela queria se aquilo a fazia melhor na tinha pra eu meter, eu observava seus movimentos e ensaiava o que eu ia dizer mas parece que em minha cabeça estava um branco, senti meu celular vibrar no bolso da calca jeans que eu estava peguei pra ver quem era.
- Iae já falou com sua mãe (era o Eduardo me mandando mensagem)
- Não.
- Então qual o motivo pra ela fechar as portas ( eu sabia estava muito estranho eu sair de lá sem ter ninguém na minha cola)
- Como você sabe (perguntei já sabendo a resposta)
- Só responde Anny sujou pra você aí, quer que eu vá.
- Não precisa Eduardo, ela tá fechado porque vai subir pra conversar comigo e acho que não tem ninguém pra ficar aqui.
- Certo, qualquer papo torto me avisa.
- Não vai ter papo torto.
- Você vai contar pra ela hoje.
- Não, ainda não é a hora ( ele ficou digitando e parava começava outra vez e eu olhava pra minha mãe que arrumava umas coisas)
- Não vou te obrigar a falar pra ela agora não, mas eu não quero e nem vou me privar de curtir minha favela com você do meu lado não.
- Eduardo ( antes mesmo de eu terminar de escrever chegou outra mensagem dele)
- Já dei meu papo, quando sair daí me liga.
Ficou offline, porra se eu já estava nervosa agora eu estou mais ainda é pressão da minha mãe de um lado e do outro do Eduardo.
- Vamos ( levantei a cabeça e vi minha mãe me olhando com as mãos na cintura, balancei a cabeça e voltei a guardar o celular no bolso)
- Sim, cadê o pai ( perguntei sem jeito)
- Ele precisou sair, foi pegar uns resultados de exames.
- Meu pai tá doente ( a preocupação bateu na hora)
- Não foi só exame de rotina ( terminamos de subir as escadas em silêncio)
Ela abriu a porta me dando passagem, entrei de cabeça baixa.
- O De tá aqui.
- Não, ele ainda não chegou do trabalho e Anny chega acho que a pauta dessa conversa não é seu pai e nem seu irmão e sim suas atitudes descabiveis, não criei filha pra ficar passando noite em casa de homens diferentes a cada dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Acaso Parte l (Concluída)
RomanceEduardo Castelli,32 anos dono do Vidigal uma das maiores favelas do Rio de janeiro, preso por 5 anos injustamente acusado da morte do irmão mais velho, sem cumprir nem metade da pena ele consegue liberdade por falta de provas, ele da Ary franco jur...