Anahi Portilla
Eu me deixei levar pela batida cativante da música e pela atmosfera sensual da pista lotada. Joguei os braços para o alto e comecei a dançar, liberando toda a tensão sexual que estava sentindo. Não estava ajudando muito, afinal, todo mundo ali queria a mesma coisa que eu.
— Você está linda. - gritou alguém no meu ouvido.
Olhei por cima do ombro e vi um cara de cabelos escuros inclinado na minha direção.
— Obrigada!
Não era verdade. Meus cabelos estavam todos grudados no suor do meu rosto e da minha nuca. Eu não estava nem aí. A batida da música se acelerava e as canções se juntavam umas às outras.
Fiquei impressionada com a sensualidade do ambiente e do desejo de sexo casual que todos ali pareciam exalar. Acabei prensada no meio de um casal — a mulher às minhas costas e seu namorado à minha frente. Foi nesse momento que avistei um rosto conhecido.
Graças a Deus.
— Christian - gritei enquanto ele se aproximava. Abracei-o fortemente, rindo como uma louca.
Meu Deus, eu não o via desde que saí do meu estágio. Dois meses sem meu amigo de bares e meu ombro quando eu precisava chorar. Infelizmente ele não podia ser minha aventura sexual, o mesmo era gay e estava em um relacionamento com um modelo lindo de morrer.
— Sunshine - ele gritou retribuindo o meu abraço. Adorava quando ele me chamava assim. Eu me sentia tão especial. - O que eu tenho perdido?
— Eu preciso dar! - gritei fazendo um beicinho, voltando a mexer os quadris no ritmo de Se preparó. Ele riu e começou a me acompanhar no ritmo da música, apertando o meu corpo contra o dele. Nem preciso dizer que reagi, não é? Era mais forte que eu.
— Linda, você sempre quer dar - arqueou uma sobrancelha e beijou o meu pescoço. - Quero saber o que de fato tenho perdido.
Estreitei os olhos, fazendo-o ver que não fiquei feliz com o comentário. Ele, como já era de se esperar, só riu. Christian me conhecia bem, não adiantava ficar chateada por ele dizer uma verdade. Afinal, qual o problema em ser uma mulher com libido aguçado?
— Anahi! - ouvi uma mulher berrando o meu nome e virei para trás, deixando meu queixo cair ao ver ninguém menos que Dulce Herrera vestida para matar se aproximando e me abraçando como se fôssemos grandes amigas. Logo se afastou, segurando os meus braços e me olhando da cabeça aos pés. - Você está incrível. Caramba, esse vestido é um arraso.
Corei. Não sou o tipo de mulher que sabe o que fazer quando recebe elogios.
— Obrigada - sorri. Segurei Christian pelo braço. - Esse é Christian Chávez, meu amigo. Chris, essa é a Dulce Herrera, trabalha na empresa que fui contratada. - Christian abriu um sorriso malicioso e logo me liguei.
Assim que tinha saído da empresa com Maite, liguei para Christian e despejei toda a minha frustração sexual e isso inclui ter falado muito do meu chefe. E não foram coisas profissionais. Droga, ele percebeu que Dulce e ele têm uma ligação. Por que eu falei o sobrenome dela?
Anahi, você é uma grande idiota.
— Prazer, Dulce. Anahi me falou bastante do novo chefe dela. - abriu aquele maldito sorriso irônico. Dulce me lançou um olhar sugestivo.
Droga!
— Verdade? Alfonso é o meu irmão mais novo - Dulce abriu um sorriso amplo. Muito amplo. Onde estava Maite para me salvar? - Ele está lá em cima. Por que não vamos lá tomar alguma coisa?
O quê? Alfonso estava lá? Gelei total. Eu não podia vê-lo.
— Eu adoraria - Christian respondeu antes que eu pudesse fazê-lo e já começou a me puxar. - Vamos, Any. Eu vou adorar conhecer o seu chefe.
Hoje eu serei presa, porque vou matar o Christian.
Enquanto subíamos as escadas, eu planejava mortes dolorosas e silenciosas para Christian. Por que ele tinha que ser tão boca aberta? E por que inferno a Maite tinha sumido? Que droga, cara. Dulce estava nos guiando na frente, dançando animadamente. Agarrei o braço de Christian.
— Se você não disfarçar, vou arrancar as suas bolas e dar para cada pessoa dessa balada. - ele riu.
— Não tem pele, nem bolas o suficiente pra isso, sunshine. Relaxa.
Cerrei os dentes. Eu não estava muito sóbria, louca para dar e o cara das minhas fantasias nos últimos... dois dias estava bem ali. E ele nem tinha olhado para mim direito. Muito pelo contrário: foi curto e grosso todo o tempo.
Chegamos ao topo e logo meu olhar se voltou para ele.
Mais uma vez, perdi completamente o ar.
Alfonso usava calça cinza-chumbo e suéter preto de gola V, o que lhe dava uma aparência despojada, mas ao mesmo tempo sofisticada. Adorei aquela roupa e a suavidade que conferia a ele, apesar de saber que era apenas uma ilusão.
Alfonso era um homem duro, em vários sentidos, disso eu tinha certeza.
Ele estava conversando animadamente com Andrés e Maite. Que vaca, por que ela me deixou lá sozinha?
— Chegamos. - Dulce anunciou, sentando ao lado de Maite.
Senti seu olhar percorrer minha silhueta e estremeci. Droga, eu estava muito, muito excitada. Vi Andrés e Maite saírem e tenho certeza que eles falaram alguma coisa, mas não consegui prestar atenção.
— Olá, Anahi. - sua voz ressoava, fluía pelo meu corpo em um ritmo sedutor. Respirei fundo, sentindo que precisava fazer um esforço para socializar.
— Boa noite, Alfonso - e então seus olhos caíram para o meu companheiro e seus olhos se estreitaram ligeiramente. - Esse é... Christian Chávez. Christian, esse é o Alfonso Herrera, meu chefe.
Os dois apertaram as mãos. Alfonso o estudava como quem analisava um inimigo, já Christian estudava como aquele homem era na cama.
Pensei em sentar ao lado de Dulce, mas Christian foi mais rápido e me fez sentar ao lado de quem? Pois é, do Alfonso. E aquele cheiro exclusivamente dele invadindo minhas narinas novamente. Ah meu Deus. Ajuda-me a ser forte.
Começamos a conversar, e Cristo, eu estava tão aliviada por Christian conversar sobre qualquer merda que não fosse o que falei sobre meu chefe mais cedo, que eu poderia beijá-lo. Claro, se ele não fosse gay. Em um certo momento da conversa, na qual Dulce e Christian falavam mais que eu e Alfonso, Dulce pediu licença para ir ao banheiro e dois minutos depois Christian disse que ia fumar. Detalhe: ele não fuma.
* Sunshine = Raio de sol.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...