Alfonso Herrera
Preciso dizer que aquela viagem seria ótima em vários aspectos: me ajudaria nos negócios, eu conseguiria descansar e aproveitar algum tempo livre com Anahi também. E isso incluía dizer a verdade a ela. A forma que nos conectamos no avião foi simplesmente irreal. Ela me amava, então me aceitaria, certo?
Estávamos hospedados no Kempinski Seychelles Resort, que ficava numa ilha em Mahé. Era de frente para o mar e a vista era de tirar o fôlego. Saímos de New York às sete da manhã de segunda-feira. Tivemos dezesseis horas de viagem, então chegamos por volta das oito da manhã do outro dia, considerando a diferença de fuso horário. Não conseguiríamos descansar durante o dia, então descansamos nas cabines do avião.
O quarto da Anahi ficava ao lado do meu, na cobertura. Não eram conjugados, mas iríamos sobreviver. O quarto era amplo, a decoração elegante e os móveis de madeiras modernas. Tinha ar condicionado e varanda privativa, uma TV de plasma e a comodidade era ótima.
Assim que me estabilizei e tomei um banho, fui até a porta de Anahi para ver se ela estava pronta para descermos. Lauro Boneta já estava nos aguardando. Quando ela saiu do quarto, perdi o fôlego.
Estava com um vestido florido longo com alças finas e os cabelos num coque improvisado. O rosto praticamente livre de maquiagem se não fosse por uma pequena quantidade de rímel nos cílios, claro só mostrava que ela era absurdamente bonita de qualquer jeito. Anahi fechou a porta e ficou me encarando com um sorriso tímido.
— Está me olhando de um jeito esquisito de novo, Herrera. - murmurou acanhada.
— Você está linda. - respondi sem piscar, hipnotizado por seu rosto bonito.
— Para com isso. Eu estou sem maquiagem. - sorriu nervosa.
Agarrei-a pela cintura. Suas mãos voaram para o meu peito e seus olhos ficaram arregalados pela surpresa.
— O que está fazendo? - sussurrou e olhou para os lados, com medo de alguém aparecer.
— Não marque nenhum compromisso à noite. Você vai ser minha. Inteiramente minha. - seria um bom momento para conversarmos. Acho que estava na hora de dizer a verdade para ela. Ela me aceitaria. Queríamos ficar juntos e faríamos dar certo.
— Estou perdendo alguma data em especial? - me olhou confusa.
— Não, kóchetchka - rocei meu nariz no dela, que fechou os olhos e abriu um sorriso tímido. - Quero um momento casal. Merecemos isso, não acha?
— Mas viemos para trabalhar. - sorriu.
— Não vamos trabalhar vinte e quatro horas, kóchetchka. Sem falar que não exatamente para trabalhar que viemos. Só para conhecer melhor os Boneta e conseguir um negócio. - sorri e a beijei.
Anahi agarrou minha camisa e eu a prensei na parede, acariciando todo o seu corpo gostoso. Ela inclinou a cabeça quando apertei seu mamilo e comecei a beijar seu pescoço, sua mandíbula e aquele ponto sensível embaixo da orelha. Ela agarrou meus cabelos, puxando-me mais contra si.
Ouvi alguém pigarreando e vi Maite e Andrés. Maite parecia satisfeita com o que via, mas Andrés estava petrificado.
— Ei, o quarto está ao lado, por que não dão uma rapidinha? - Maite gargalhou. O rosto de Anahi corou adoravelmente e ela se encolheu.
— Nós vamos falar com Lauro. Vocês também vão? - resolvi tirar o foco dela, para assim, ela poder se recompor.
— Vamos todos. - Dulce surgiu do inferno.
Sinceramente, o que ela estava fazendo lá? A presença dela não era necessária. Certo, a de Maite e Andrés também não, mas Dulce com certeza iria me colocar no limbo.
— Vamos resolver tudo de uma vez - passou por mim me lançando um olhar gélido.
–
O dia correu tranquilamente. Tinham quatro empresas reunidas no total: Herrera, Lyle, Boneta e Contreras. Pelo que percebi, Lauro era mesmo um cara família e era isso que queria preservar em sua empresa. Prezava a qualidade de vida acima de tudo. Um bom exemplo a ser seguido.
Lauro e Astrid Boneta tinham quatro filhos: Russel, Diego, Oliver e Peter. Sendo todos homens, vi como Anahi tornou-se a garotinha que o casal não teve. E podia ver o motivo. Ela era preocupada com eles sem ficar bajulando-os, se dava bem com os filhos e tinha uma aura que eu percebi que o casal adorava.
E não eram só os Boneta que a adoravam. Os Lyle também. James, inclusive, sempre que podia estava perto dela.
Só podia ser brincadeira com a minha cara.
— Você pediu o divórcio? - Dulce me encurralou no bar com os braços cruzados e uma carranca.
— Dulce, agora não é o momento para isso. - peguei as bebidas que me foram servidas e comecei a sair, mas minha irmã segurou meu braço.
— Isso não tem graça, Alfonso. Conte a ela. Você está sendo covarde. O papai não criou um covarde.
— Não fale do George. Por causa dele a minha mãe está morta e ele é a última pessoa que pode ser usada como exemplo para algo bom.
— Você vai destruir a Anahi, Alfonso - Dulce suspira derrotada. - Se você a ama, por favor, seja honesto com ela. Anahi merece isso.
Olhei para Anahi. Ela estava conversando tranquilamente com Lauro e Astrid. Ela usava biquíni, apenas um short cobria a parte de baixo do seu corpo lindo. Seus cabelos estavam soltos do jeito que eu adorava e seus pés estavam na piscina. Ela parecia feliz. Eu sabia que ela estava feliz. Talvez não satisfeita com as condições do nosso relacionamento, mas estava feliz por estarmos juntos de alguma forma.
— Eu vou contar a verdade, Dulce... - murmurei sem tirar os olhos da minha mulher. - Só não sei como - olhei para minha irmã. Por mais que ela não quisesse estar envolvida nisso, sabia que ela continuaria ao meu lado. - Como eu faço isso? Dizer a ela? Não quero perder a Anahi. Ela é... - olhei para Anahi, à procura das palavras certas. - Incrível.
— Você a ama?
Rá.
— Amo - fiquei surpreso por ter respondido essa pergunta com tanta naturalidade. - Amo tanto que até me dói, Dulce. Dói saber que ela já sofreu tanto e que ainda vai sofrer. - e como vai...
O suspiro frustrado de Dulce me fez encará-la. Ela apertou a ponta do nariz e balançou a cabeça com os olhos fechados.
— Não acredito que vou dizer isso - murmurou e me encarou com tristeza. - Converse com ela quando voltarem da viagem. Você vai ter tempo para criar coragem e achar a maneira certa de fazer isso - olhou para Anahi com pesar. - Por mais que eu odeie o fato de você adiar tanto as coisas, preciso assumir que essa viagem é para melhorarmos a nossa imagem e fecharmos um possível negócio e eu tenho certeza que Anahi não vai aceitar bem. Ela vai ficar péssima e preciso de você concentrado nos Boneta. Nós precisamos dessa sociedade. Papai tentava uma oportunidade com Lauro por meses e agora Anahi fez esse milagre - sorriu e me olhou - Não destrua o coração dela, Herrera. Ela é uma boa garota.
Beijou minha bochecha e saiu.
Fiquei olhando Anahi. Não tinha como ela sair bem nessa história. Droga, ela iria me odiar. Iria me deixar assim que soubesse que Kiara era minha esposa. Por mais que eu odiasse o sofrimento que Enrico causou nela, eu tinha plena convicção que a dor que eu causaria nela seria maior.
Belo filho da puta você é, Alfonso!
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...