Quando Angelique enfim se acalmou, sentei-a no sofá, pegando duas garrafas de água para nós. Minha cabeça estava uma bagunça, mas eu precisava fazer alguma coisa. Precisava saber onde Anahi estava. Ir atrás dela e me rastejar pelo seu perdão.
— Desculpe ter chorado desse jeito - Angel sussurrou e tomou um longo gole de água - Não costumo perder o controle das minhas emoções.
— É compreensível.
— Você chorou? - me encarou curiosa - Digo, em algum momento desde que a sua esposa apareceu e a Any foi parar no hospital?
Engoli em seco. Eu não costumava falar sobre os meus sentimentos, mas que mal faria? E aliás, com quem eu poderia fazer? Andrés também estava mal por causa de Maite. Porra, eu tinha que conversar com Maite. Ela com certeza iria arrancar minhas bolas.
— Chorei quando soube que ela perdeu o bebê. É engraçado, porque a gente nem sabia dessa gravidez... Ela toma remédio...
— Ela vomitou algumas madrugadas. Disse que o remédio acabou perdendo o efeito. - Angel deu de ombros.
Claro que ela vomitava. Aqueles pesadelos a assombravam.
— E chorei a noite inteira enquanto a observava dormir - respirei fundo - Eu não conseguia ir embora e ela estava sedada, então passei a noite com ela no hospital.
Angelique se recostou e assentiu com a cabeça.
— Você não parece ser um cara que chora.
Eu ri fracamente.
— E não sou. A última vez que chorei, tinha sete anos, com a morte da minha mãe - não havia necessidade de falar que a última vez que chorei foi quando me cortaram - Depois disso, nenhuma lágrima desceu. Até esses dias.
Ficamos perdidos em pensamentos. Eu fiquei imaginando a melhor forma de perguntar por Anahi sem que ela ficasse possessa de novo.
— Quanto à sua história, não vai ser legal se você contar para Anahi sobre essa história do testamento...
— Eu quero ser inteiramente sincero com ela, Angel. - resmunguei.
— Alfonso, mostrar que tem medo de perder dinheiro e empresas não vai te ajudar. Você ficaria surpreso em ver o lugar que nós morávamos. Faz esse apartamento parecer a droga de uma mansão - Meu Deus - A gente passou fome. Anahi passou mais fome que eu. Ela deixava de comer para me alimentar. Ela cuidou de mim porque Belaflor estava ocupada demais tentando arrumar dinheiro para se drogar. Então, vai por mim, Anahi vai esfregar isso na sua cara.
Que esfregasse. Eu não me importava.
— Angel... Onde a Anahi está? - perguntei hesitante. Não demoraria para eu me ajoelhar e suplicar por qualquer informação que a garota quisesse me dar.
— Ela não quer te ver agora, Alfonso - suspirou - Dê um tempo para ela respirar. Por favor. Anahi precisa esfriar a cabeça.
— Porra, mas ela está sozinha, Angelique. - rosnei e me levantei, passando as mãos pelos cabelos.
— Não, não está.
Me encolhi e olhei para Angel.
— Como?
— Anahi não está sozinha. Christian está com ela.
Não sabia se ficava contente com essa informação. Por mais que ele fosse amigo de Anahi, sabia que iria me destruir para ela, assim como Maite fez. Eu queria estar lá para ela. Cuidando dela. Dizendo que tudo ficaria bem.
— Vai por mim, você é a última pessoa que Anahi quer por perto agora - Angel se levantou e ajeitou o short - Dá um tempo para ela respirar. Enquanto isso, aconselho você a resolver a sua vida. É bom chegar com soluções para tentar conversar com ela. Um pedido de desculpas e presentes não vão funcionar.
Eu imaginei que realmente não funcionaria. Ela estava absolutamente certa.
— Você é muito inteligente para uma garota de dezoito anos.
— Não me subestime, garoto - sorriu - Preciso ir trabalhar agora, então levanta essa bunda aí e vai resolver suas merdas. Não quero você perto da minha irmã enquanto não estiver limpo para ficar com ela.
Quem diria: uma garota de dezoito anos me dando ordens.

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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...