Capítulo 77

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  Eu sinceramente não sabia como ainda não tinha matado o Alfonso. Ele era um cara complicado, reclamava da minha comida, invadia meu espaço sempre que podia, era louco e nunca, nunca ficava bêbado. Isso me dava nos nervos.

  Mas nos últimos três anos, o cara tinha batalhado para me fazer confiar nele mais uma vez. Depois do primeiro ano, decidimos que era melhor morarmos juntos de uma vez, já que Angel estava cursando Design de moda na Brown e tinha definitivamente se mudado para os dormitórios.

  Acho que, de tudo, o que Alfonso mais teve dificuldades foi a questão de termos filhos. Realmente me apavorava a ideia de perder mais uma criança, mas Flora e Benjamin não escondiam que queriam irmãos e os olhos de Alfonso brilhavam toda vez que passávamos numa loja de bebê, ou quando corríamos pelo Central Park e víamos pais brincando com seus filhos.

  E era exatamente por isso que eu precisava contar a novidade para ele de uma forma que eu sabia que seria inesquecível.

  Flora e Benjamin já estavam no jardim. O piquenique já estava arrumado, assim como eles já estavam mais que prontos para me ajudarem com a notícia. Eu estava feliz em tê-los para me ajudar com isso. Os garotos eram como meus filhos. Benjamin ficava rindo da minha incapacidade de tocar piano e Flora estava tentando me ensinar russo. Nada fácil!

— Querida? - Alfonso apareceu no batente da porta - Está tudo bem?

— Claro - agarrei sua camisa, beijando-o - Como está Andrés?

  Andrés tinha me ajudado a tirar Alfonso de casa. Ele havia dito que precisava de ajuda, mas não me disse com o quê. O que importava era que ele ficou fora tempo o suficiente para arrumarmos as coisas.

— Bem. Precisei ajudá-lo com uma coisa. - puxou-me pela cintura para mais perto.

— Hum e que ajuda seria essa?

  Ele riu.

— Você vai saber, amor. Tudo na hora certa. A casa está silenciosa. Onde estão as crianças? - agarrou minha bunda, prensando-me na parede.

— Sinto muito, elas estão aqui e acordadas. Nada de rapidinha. Eles estão te esperando no jardim.

  Ele fez um beicinho e beijou meu pescoço.

— Essa noite, vamos sair para jantar. Quero você pronta às sete. - deu um tapa na minha bunda e saiu me puxando.

  Minhas mãos começaram a suar e a bile ameaçou subir, mas eu não passaria mal. Eu tinha que ver a reação de Alfonso ao saber que eu estava carregando um filho dele. Mais um vez.

  Como combinado, as crianças estavam em pé no gramado, de mãos dadas e segurando as plaquinhas. O piquenique estava arrumado bem ao lado deles e meu coração deu um salto de tanto amor que eu sentia por aquelas crianças.

  Alfonso diminuiu os passos quando os viu e parou quando leu o que dizia na plaquinha. Flora segurava: Promovidos a irmãos mais velhos, e Benjamin segurava um desenho da nossa família, em que eu estava grávida, já que ainda não sabíamos o sexo do bebê.

— Anahi...? - Alfonso virou para mim com os olhos arregalados e sua voz não era mais que um sussurro.

— Oi... - sussurrei, sentindo meus olhos lacrimejando. Ah, merda, não era para eu chorar.

  Malditos hormônios!

— Isso é... - apontou para as crianças e limpou a garganta - Isso é sério?

  Confirmei com a cabeça, porque se eu falasse, com certeza começaria a chorar. E muito. Mais do que eu havia chorado quando fui pegar o exame e li “positivo”.

  Alfonso confirmou lentamente com a cabeça, provavelmente digerindo essa informação.

— Nós vamos ter um filho? - sussurrou - Isso não é uma brincadeira sua, é?

  Eu ri.

— Não, querido. Vamos ter um filho ou filha. - droga, minha voz saiu embargada.

  Alfonso começou a rir, me abraçou e me encheu de beijos.

— Vamos ter um filho - riu, beijando minha testa e me abraçando com força - Um filho, kóchetchka. Uma mistura de Puente e Herrera. México e Rússia - gargalhou - Eu vou ser pai de novo. - gritou, salpicando beijos por todo o meu rosto.

  Então envolveu minha cintura com um braço e nos virou para as crianças. Abriu o braço livre e as crianças se jogaram nele, nos derrubando no gramado. Flora chorava, o que me surpreendeu e Benjamin estava com um sorriso bobo no rosto.

— Vocês tramaram tudo isso? - Alfonso beijou as crianças - Não acredito que conseguiram me enrolar.

— Papa, não foi difícil. - Flora gabou-se e Alfonso arqueou uma sobrancelha e aquilo em seus olhos...

— Você está chorando? - perguntei incrédula, enxugando as lágrimas do meu rosto. Alfonso disse que chorou quando soube que perdemos nosso primeiro filho - Você está chorando, Alfonso?

  Alfonso riu e apertou as crianças contra si.

— Eu amo vocês, crianças. Vocês são tudo para mim - beijou as crianças e me olhou novamente. Notei que suas mãos estavam trêmulas - E você, kóchetchka, é a mulher da minha vida. Obrigado por trazer o sol para a minha vida. - me beijou, deitando-me no gramado e ficando por cima de mim.

  Escutei um barulho de nojo vindo das crianças e passos se afastando.

— Você assustou as crianças. - bati em seu ombro de brincadeira e enxuguei suas lágrimas.

— Obrigado por isso, Any. Eu amo você. Amo para um caralho.

  Sorri e aproximei meu rosto ao seu.

— Te amo, russo! - sussurrei.

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