Anahi Portilla
Voltar à New York foi... Esquisito. Era como estar voltando para casa, mas não estar também. Confuso. Três semanas não foram o suficiente para me fazer clarear as ideias. E com Alfonso mandando mensagens diariamente na última semana não estava ajudando nem um pouco.
Eu não iria pedir demissão. Precisava ser prática e realista. O salário de Angelique não era nem perto de bom, mas era o melhor para o momento. Eu não tinha dinheiro guardado porque precisei arrumar o carro e algumas coisas no apartamento, como teto com goteiras, vidro quebrado, chão furado, canos vazando... Um caos.
Mas definitivamente eu não trabalharia mais como secretária de Alfonso. Sem chances. Se eu pudesse nem precisar mais olhar na cara dele, ficaria muito grata.
Era um pouco mais tarde que o horário de almoço quando cheguei à empresa. Estava movimentada, como sempre. Cheguei ao andar de Dulce, no RH e cumprimentei a recepcionista do andar. Dulce, pessoalmente foi me receber. Ela parecia receosa. Bom, porque eu também estava chateada com ela. Ela queria ser minha amiga e também tinha me enganado sobre Alfonso. Pior, ela me jogou para cima dele.
Entrei em sua sala com uma postura profissional e me sentei na cadeira em frente à sua mesa, Dulce se sentou em sua cadeira em seguida. Ficamos nos olhando, Dulce se remexendo inquieta e eu pensando em como ela tinha sido falsa comigo.
— Você está tão magra... - sussurrou.
— Dulce, não posso mais trabalhar com o Sr. Herrera. Como você sabe, tive problemas pessoais com ele e não tenho condições de trabalhar como secretária dele - decidi ignorar o comentário sobre o meu peso. Eu já sabia que estava uma merda - Existe algum cargo em outro lugar? Se não houver, gostaria que você fizesse o meu pedido de demissão.
Dulce me olhou boquiaberta, surpresa com a minha firmeza. Eu mesma estranhei a firmeza da minha voz, se por dentro eu estava destroçada.
— Certo... Hãm... - começou a vasculhar seus papéis - Posso te dar um retorno mais tarde? - me encarou - Vou conversar com os rapazes da sua área para ver se surgiu alguma vaga.
— Ótimo - levantei e ajeitei minha bolsa - Fico esperando sua ligação. Vou terminar esse mês como secretária do Sr. Herrera, mas se você puder arrumar alguém, já posso ir treinando. Obrigada pela atenção. - caminhei até a porta rezando para minhas pernas não amolecerem. Quando minha mão tocou a maçaneta, Dulce me chamou.
— Desculpe por Alfonso. Eu pensei que ele já estava separado. Eu... Eu... Depois que soube que ele ainda estava com Kiara, parei de dar apoio.
Ah, então por isso ela estava esquisita.
— Você me escondeu isso tanto quanto ele, Dulce - resmunguei por cima do ombro - Boa tarde.
Saí do prédio o mais rápido que pude, morrendo de medo de encontrar com Alfonso e fui até o pub que eu havia marcado de encontrar Maite. Ela sairia do trabalho em duas horas, talvez eu já até pudesse ficar bêbada para esquecer a merda que eu estava metida.
Como se isso fosse possível.
Eu estava tão entorpecida quando Maite foi me encontrar, que mal me dei conta da sua presença. Sinceramente, era como se ela me tocasse, mas até mesmo o meu corpo estava dormente. E eu nem tinha bebido álcool. Estava apenas tomando água, morrendo de medo de não conseguir ficar sozinha e passar alguma vergonha. E eu já tinha vergonha demais para suportar.
— Você está péssima - Maite murmurou desgostosa - Quer encher a cara?
— Sabe o que eu quero? Que o mundo se exploda - resmunguei sem olhar para ela - Não vou ser uma boa companhia, Mai. Se você quiser ir para casa...
— Não seja ridícula. Não sou sua amiga por causa do seu senso de humor, que por sinal é uma merda - quase ri - Sei quando você precisa de colo, querida...
Engoli o nó que se formou em minha garganta. Nada de chorar em público. Eu não seria fraca o suficiente para chorar em público. Em casa, em posição fetal no chão, com certeza. Na rua, não.
Eu estava morrendo de curiosidade, e por mais puta que eu estivesse, não conseguia evitar.
— Tem visto o Alfonso?
Maite apertou os lábios e enrijeceu o corpo. Péssimo começo.
— Ele sumiu há uma semana. Andrés disse que ele foi para a Rússia.
O quê? Alfonso foi embora? Andrés e Maite voltaram? Ai, meu Deus. Alfonso foi embora. Eu o tinha perdido. Olhei minha amiga, em pânico.
— Eu voltei com Andrés - tirou a minha dúvida - Estou muito puta por ele ter me escondido um fato tão importante sobre Alfonso, mas conversamos sobre isso e não vai se repetir ou ele vai ficar sem as bolas - eu não duvidava disso - E eu não sei se ele foi embora, Any. Andrés disse que o cara simplesmente desapareceu do mapa. Desde a última terça-feira.
Terça-feira. Ele tinha me mandado uma mensagem nesse dia pela manhã, mas depois disso, havia desaparecido. Não havia mandado mais e-mails.
Ele tinha voltado para Kiara? Meu coração ficou tão apertado que fiquei tonta e precisei agarrar a borda do balcão para não cair da cadeira. Respirei fundo algumas vezes.
Alfonso tinha ido embora assim, sem lutar? Eu havia significado tão pouco assim para ele? Eu não sabia se ficava frustrada, possessa ou deprimida com a ideia.
Totalmente deprimida. Eu havia entregado meu coração a ele. O que ele queria comigo afinal? Porra, eu havia dito que o amava e ele fora embora sem pensar duas vezes.
Karma, Anahi. Karma! É o castigo por você ter sido a vagabunda da história.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...