Capítulo 2

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Anahi Portilla

  Olhei no relógio impaciente. Droga, a Maite estava atrasada. Ela trabalhava na Herrera & Tovar, uma advocacia mais que conceituada não só nos Estados Unidos, mas em vários países. A equipe deles era simplesmente surreal. Se eu fosse advogada, a minha meta seria trabalhar para eles.

  Maite era secretária e namorada do advogado tributarista, sócio e CEO Andrés Tovar. Eles assumiram compromisso uns seis meses depois de ela começar a trabalhar para ele. No começo eu não gostei, mas o Andrés se mostrou um cara legal, além de não ser casado. Maite não seria a amanteGrande ponto para ele.

  Olhei no relógio de novo. Seis e quinze. Uma hora de atraso só pode ser sacanagem com a minha cara. Nem quero imaginar o que o casal feliz estava fazendo. Andrés havia chegado de viagem muito tarde no dia anterior. Ele fora para a Rússia para resolver algumas coisas do trabalho e trazer o novo CEO da parte dos Herrera, Alfonso. Não sabia muito dele, mas Maite me disse que eles eram amigos de infância, então pude deduzir que eles tinham praticamente a mesma idade. Me impressionava como pessoas cada vez mais jovens alcançavam um cargo tão alto. Claro que tinha a ver ser um negócio de família, caso contrário, devia ser impossível.

  Mais uma vez olhei no relógio. Seis e dezessete. Se até seis e meia ela não chegasse, eu iria para casa. Eu estava em um pub ao lado do edifício onde ela trabalhava, qual era a dificuldade em me encontrar? Ah, sim! O pau do Andrés. Revirei os olhos com o pensamento.

— Pode parar de olhar o relógio - Maite abraçou os meus ombros, rindo. - Já cheguei, linda - sentou ao meu lado com um sorriso radiante no rosto. Claro que ela estava feliz. Uma cara de pós foda incrível naquele rostinho de anjo. Fiz uma careta. Eu estava com muita raiva. O dia tinha sido um terror completo. - Desculpe o atraso. Precisei resolver algumas coisas com o Andrés.

— Tipo a sua vagina morrendo de saudades, não é? - retruquei. O sorriso dela morreu, dando lugar a uma carranca. Suspirei. - Desculpa. O dia foi um desastre. Recebi duas respostas sobre as entrevistas e as respostas são sempre as mesmas: não, não, não! Sem contar as entrevistas. Caramba, até para trabalhar em cafeteria eu fui hoje - afundei na cadeira.

— Ah, querida. Sinto muito - afagou as minhas costas, sinalizando para o bartender que já a conhecia. Logo chegou com quatro doses de tequila. - Aos velhos tempos? - ergueu um copo.

  Sorri. Quando estávamos na faculdade, todos os dias brindávamos duas doses de tequila. Não importava se estávamos bem ou não. Era a nossa forma de não pirar. Viramos o primeiro copo e vi que ela fez uma careta.

— Engula a careta - ri. - Não seja fraca!

— Cale essa boca - gargalhou e viramos a segunda dose. O líquido desceu queimando a minha garganta e por pouco não acabei fazendo uma careta também.

  Começamos a conversar sobre o nosso dia. A gente gostava de fazer isso. Quando terminamos a faculdade, prometemos não perder o contato e foi o que fizemos. Ela fazia parte da minha vida. Era como uma irmã mais velha, já que era três anos mais velha que eu. Não só ela, mas toda a sua família me acolheu de braços abertos.

— Ah, esqueci de te falar... abriu uma vaga na empresa hoje - tomou um gole da sua cerveja. Suspirei. Mais entrevistas. Ótimo. - Marquei a sua entrevista para amanhã de manhã.

  Engasguei com a minha cerveja. Precisei de alguns segundos para me recuperar e ela esperou pacientemente antes de continuar.

— Como você sabe, o filho do George Herrera ficará no lugar dele - concordei com a cabeça. - A Lily, que era a secretária dele, não aguentou nem o primeiro dia e pediu demissão antes do horário de almoço - riu sem graça. - O senhor Herrera é um pouco exigente - pigarreou. - O edifício é dele, como você deve saber.

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