Capítulo 12

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Anahi Portilla

  O apartamento da Dulce era incrível. Não era escandalosamente grande como eu imaginava, mas era bem espaçoso e tinha o seu luxo. Ela morava no Upper East Side, na cobertura de um prédio incrível.

  Ela pediu comida italiana para comermos enquanto tomamos vinho. Andrés, Maite, Christian e o tal Christopher deviam chegar a qualquer momento. Graças a Deus um momento de normalidade no meu dia de merda.

  Um piano Bosendorfer em perfeito estado chamou a minha atenção. Ele ficava escondido no canto da sala. 

— Você toca? - Apontei para o instrumento, indo até ele.

— Eu não - Dulce sorri. - Da minha família, só quem toca é o Alfonso - meu sorriso morreu um pouco, mas tentei me recompor. Deus me livre Dulce perceber que falar do meu próprio chefe me deixa incomodada. Sento no banquinho do piano e toco algumas teclas. Bem, nunca aprendi a toca. - E falando em Alfonso - ela se senta ao meu lado e me empurra com os ombros de brincadeira. - Como ele foi hoje? Muito chato? Insuportável? Você acha que dá para aguentar?

  Nem consegui disfarçar a minha surpresa com a pergunta. Ai, meu Deus, será que ela estava desconfiada? Eu não podia perder aquele emprego.

— Eu trabalho no RH, Anahi - ela sorri, me tranquilizando. - Preciso saber se você acha que vai conseguir sobreviver. Eu sei que Alfonso é difícil de lidar, tem a cabeça dura e não aceita um “não”, mas por favor, tente sobreviver a ele. Ele tem um gênio difícil, mas é só consequência do que ele já passou. - ficou séria e com certeza me deixou curiosa.

  O que aconteceu com ele? O celular de Dulce apita e ela responde alguma coisa.

— Christopher chegou - sorriu - Ele já está subindo.

— Dulce, quanto ao Alfonso... - pigarreei sem graça. - Eu posso saber o que houve? Ou me dá uma luz, porque ele definitivamente tem um gênio difícil. - a curiosidade bateu com força. Dulce suspirou e tocou alguns acordes melancólicos demais para o meu gosto.

— Olha, Anahi... - começa sem deixar de tocar. Para quem disse que não tocava, ela mandava muito bem. Melhor que eu, pelo menos. - Posso dizer que ele precisa de alguém que não abaixe a cabeça para qualquer merda que ele faz - ouvi o elevador abrindo. - Eu já percebi que você é dura na queda. Acho que é disso que ele precisa.

  Fiquei morrendo de vontade de perguntar se ele era casado, mas fiquei com medo de querer entrar num assunto mais pessoal do que o normal. Se ela dissesse que sim, ia entender que eu tenho interesse nele e não seria legal.

  Eu nunca disse que coragem era o meu forte.

— Olha se não são as mulheres mais bonitas da minha vida. - Christian dá um beijo molhado em nós duas.

— Olá linda... - um homem alto, bronzeado, de cabelos ondulados, olhos cor de mel e sorriso branco e alinhado entrou na sala se aproximando ligeiramente de Dulce. Devo confessar, o cara era extremamente gato.

— Olá lindo. - Dulce roça os lábios nos dele. Certo, acho que perdi alguma merda.

  Logo em seguida, Andrés e Maite também chegaram com a comida. Eu estava morta de fome. O casal sentaram-se em uma namoradeira, Christopher e Dulce em outra e eu e Christian, como sempre segurando vela, nos sentamos no tapete felpudo caríssimo e delicioso dela.

  Estávamos comendo, tomando vinho, ouvindo música e conversando. Uma programação bem empolgada para uma segunda-feira, né?

  O elevador apitou e os pelos da minha nuca eriçaram. Todos pararam de falar e esperaram. Quando as portas abriram, eu jurei que estava entrando em colapso.

  Eu já disse que Alfonso era a visão do paraíso, certo? Vale sempre ressaltar isso, porque eu já o vi formal e casual e ele não tinha uma versão menos atraente. Ele estava com uma calça jeans desbotada e camisa polo com mangas longas. Os cabelos estavam úmidos e bagunçados e o rosto áspero pela barba. Carregava duas garrafas de vinho. O que eu disse sobre ele ser um grande pecado?

— Achei que não viria mais - Dulce se levanta e o abraçou. - Any, sei que ele é seu chefe e tecnicamente chefe de todos nós - sorriu. - Mas ele vai ser simpático, nada CEO, não é, irmão? - olhou para ele, pegando as garrafas e colocando na mesa de centro.

— Certo. - ele concordou sorrindo.

  Santos das moças sexualmente frustradas, me ajudem a ficar longe desse cara! Por favor!

  Dulce o guiou para sentar no sofá, mas ele acabou sentando ao meu lado. Maite me lançou um sorriso sugestivo, mas voltou a atenção ao namorado e para Christian, onde os três entraram em uma conversa divertida. Dulce e Christopher – que por coincidência era um cara extremamente legal e engraçado – ficaram conversando entre eles.

  Ótimo, fiquei sobrando.

— Você está linda. - Alfonso sussurrou em meu ouvido, causando-me arrepios.

— Estou do mesmo jeito que estive o dia inteiro. - me afastei um pouco, desesperada por qualquer distância possível dele. Ele se serviu de vinho e encheu a minha taça, que já estava vazia. Ele tomou um gole sem desviar os olhos dos meus e eu apertei os lábios, contendo um gemido.

— Por que você está sendo tão rude comigo, querida? Você sabe que me quer. - encarou os meus lábios enquanto acariciava meus braços.

  Meu plano de me manter sã estava indo por água abaixo.

— O que... - limpei a garganta para minha voz voltar ao normal. - O que você quer de mim afinal, Alfonso?

  Ele olhou novamente nos meus olhos e abriu um sorriso malicioso. Aproximou-se e antes que eu pudesse entender que diabos estava acontecendo, ouvi o grito de Dulce. Virei a cabeça para ela com a respiração ofegante e com a calcinha úmida.

— Eu tive uma ideia de gênio - Dulce bateu palmas, empolgada. - Como temos novos integrantes, vamos fazer uma brincadeira muito legal. - sorriu maliciosa.

— Que adulto, Dulce. - Alfonso riu.

— Vamos brincar de “eu nunca”. Vou pegar a tequila. Alfonso, vamos mostrar a esses fracotes como se bebe - saiu correndo. Christopher foi atrás alegando ajudá-la. Claro...

— Dulce é sempre empolgada assim? - pergunto.

— Você ainda não viu nada. O sangue latino grita nas veias dela. - Maite gargalhou.

— Latino? Ela não é russa?

— A mãe dela é latina - Alfonso respondeu e virou de uma vez o seu vinho. O corpo estava rígido, o que dava a entender que ele não se sentia bem falando daquilo. Eu que não ia cutucar a fera.

— Vamos, crianças - Dulce chegou com duas, exatamente duas, garrafas de tequila. - A noite é uma criança.

— Amanhã a gente trabalha. - Argumentei aos risos.

— E daí? Vai todo mundo dormir aqui mesmo.

— O quê? Não, Dulce, pirou? Eu moro do outro lado da cidade, não trouxe nada...

— Pega uma roupa minha, ou você pega o meu carro - Dulce dá de ombros como se tivesse dado a solução mais óbvia do mundo. Passar a noite perto de Alfonso? Fora de cogitação. Tento argumentar e protestar, mas Dulce está irredutível. E parece que todo mundo tem planos de ficar por lá mesmo.

— Não adianta fugir de mim, querida - Alfonso agarra meus cabelos e os puxa, virando a minha cabeça para ele. Seu olhar é perigosamente luxurioso. Pura encrenca. - Você vai ser minha, Anahi. Você pode correr o quanto quiser, mas no final, você vai ser minha! - soltou meus cabelos, voltando para o jogo.

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