Capítulo 74

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Anahi Portilla

  Ouvi o baque da porta, seguido de um pigarro.

— E então...? - Angel se jogou ao meu lado e fez uma careta - Você está comendo brigadeiro por que a conversa não foi muita boa?

  Olhei para Angel, para Gerry falando para Holly que ela precisava ser forte em PS: eu te amo, para o meu brigadeiro e de novo para o filme.

— Não atrapalhe o meu filme - resmunguei, dando uma colherada no brigadeiro - Não vê que a Holly está sofrendo?

  Angelique bufou e levantou, indo para o quarto. Eu precisava mesmo arrumar algum lugar para a gente morar. Mas antes de tudo, eu precisava resolver a minha vida com Alfonso. Achei legal ele ter me contado a verdade e nem sei de onde me saiu a ideia de conversarmos no tapete. Provavelmente era carência.

  Merda, o que eu faria agora? Eu deveria perdoá-lo, certo? Ele estava divorciado, e cara, ele disse que me amava. Não numa declaração em público e nem com letras no céu. Ele foi sincero comigo. Não que ele tenha sido a todo momento, mas ele parecia realmente arrependido.

  E as crianças dele? Benjamin era encantador e tocava piano tão bem que eu não sabia onde enfiar a cara por não conseguir fazer um acorde. E Flora era um doce, indo conversar comigo com aquele gênio forte.

  Olhando para eles, era até compreensível o motivo de Alfonso não ter se separado. Que tipo de mãe batia daquele jeito nos filhos? Eu vi os machucados nos braços e nas pernas das crianças, além de um roxo quase imperceptível no olho de Benjamin. Um garoto tão adorável.

  Eu admirei Alfonso por ele proteger os filhos. Estar lá quando as crianças precisavam dele e não simplesmente fingir que elas não existiam, como Enrico fez. Alfonso faria qualquer coisa por seus filhos. Talvez fosse por isso que o amava tanto. Um dos motivos, claro.

— Tá bem, agora você está olhando para a tela preta da TV - Angel sentou novamente ao meu lado - Vai me dizer agora o que está havendo? O que a Flo disse? Cara, essa garota é o máximo. - sorriu.

— Eu sei - sorri com a lembrança de Flora dizendo que queria conversar comigo de mulher para mulher - Ela deixou as coisas sobre o Alfonso bem claras. A garota é apaixonada pelo pai. Não só ela, mas Ben também.

— Ben? Você diz Benjamin Herrera? Você conheceu o Benjamin? - e então uma luz passou por seus olhos - Meu Deus, você foi ver o Alfonso? Vocês conversaram? - me olhou com expectativa - Como foi? Você arrancou as bolas dele ou coisa assim?

  Eu ri. Angelique tinha um gênio ruim como o meu.

— Flora me convenceu a escutá-lo. - comi mais uma colherada de brigadeiro.

— Não brinca. Eu pedi para você escutar o cara e você não o fez. E você escutou uma desconhecida? - Angel cruzou os braços com falsa mágoa. Revirei os olhos.

— Por favor, ela tem oito anos. Uma criança tem um poder de persuasão muito melhor que o de qualquer adulto.

— E a conversa com Alfonso?

  Contei a Angel sobre a conversa. Não tudo, claro, mas detalhes que eu achei importante. Ela poderia me dar uma luz, já que eu estava completamente perdida e Ana Brenda estava inacessível porque estava rodando a África com uma ONG junto com James.

— Ai, meu Deus, ele fez um pedido de desculpas no céu? - Angel amoleceu - Caramba, Any, por que você ainda não se jogou no colo dele?

  Tecnicamente, eu havia feito isso. Para conversar, mas ainda assim...

— Angel, ele mentiu. Caramba, eu perdi um filho dele. Eu não sei o que fazer com todas essas informações. Eu estou perdida para caralho - cobri o rosto com as mãos - E se ele me enganar de novo?

— Any, o Alfonso deixou claro o motivo de ter feito isso. Ele teve medo de te perder. E agora ele não é casado e as crianças estão com ele. Flora e Benjamin pelo jeito te adoraram, então não tem desculpa. O cara te ama. Ele passou a noite em claro quando você deu a doida atacando a casa, estava tão preocupado e se sentia tão culpado... Anahi, você fez um russo beber até ficar praticamente inconsciente, a única coisa que ele conseguia falar era "Anahi, me perdoa. Eu te amo". Você fez um russo ficar morto de bêbado. Você tem noção disso?

  Silêncio. Digeri mais essa informação. E que informação...

— Eu devia ficar com ele, não é? - sussurrei, surpresa por aceitar essa ideia.

— É claro, querida. Quero Alfonso como cunhado. E quero sobrinhos também. - Angel bateu palminhas.

  Enrijeci o corpo.

— Não sei se filho é uma possibilidade de novo. Não vou conseguir superar mais uma perda, Angel.

— Ele não vai ter mais segredos. Você não vai perder o bebê e todos nós vamos acompanhar todas as etapas de perto. Eu quero sobrinhos. Se vira! - deu de ombros e me deu um beijo na bochecha - Preciso ir trabalhar. Vá correr atrás do seu homem. Amo você. - saiu.

  Se eu ia conversar com Alfonso, tinha que ser da maneira certa.

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