Capítulo 49

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Alfonso Herrera

  Eu adorava ficar acariciando os cabelos de Anahi, velando seu sono. Todos os dias nós dormíamos juntos em seu quarto, e eu ficava passando e repassando a melhor forma de contar a ela sobre Kiara.

  E não importava o que eu dissesse, de todas as formas ela ia embora com tanta mágoa que me matava.

— Por favor - ela choramingou e se debateu um pouco - Por favor, de novo não. Fique longe - aumentou o tom de voz - Cadê a minha mãe? Mamãe!

  Porra, de novo o pesadelo.

— Anahi, querida - sacudi-a de leve. Ela estava tremendo e chorando, se debatendo como se tentasse fugir de alguma coisa. Ou alguém - Anahi, amor, acorda!

— Por favor, mãe, não deixe que ele me toque! - gritou desesperada.

— Anahi - gritei e a sacudi mais forte. Ela arregalou os olhos e se desequilibrou, caindo da cama - Caralho. - corri para acudi-la.

— Não toque em mim - soluçou se encolhendo no chão - Por favor, não me machuque!

Parei. Ela estava em um lugar desconhecido tendo um pesadelo, seu corpo tremia violentamente. O melhor era não me aproximar antes dela estar totalmente acordada. Perdi as contas de quantas vezes isso havia acontecido comigo.

— Anahi?

  Ela me encarou, mas seus olhos estavam vidrados, sem foco. Percebi que ela ainda estava assustada pelo sono.

— Alfonso? - ela sussurrou assustada e engoliu em seco - Alfonso?

— Estou aqui, kóchetchka - abracei-a. Sua cabeça caiu em meu peito e comecei a afagar seus cabelos, acalmando-a - Vai ficar tudo bem. Não vou sair daqui. Prometo.

  Ficamos daquele jeito por muito tempo, até que ela parasse de chorar e conseguisse controlar a respiração.

— Quer que eu prepare um banho para nós?

  Ela assentiu com a cabeça e o mais gentilmente que pude, coloquei-a na cama. Anahi deitou em posição fetal e juro que escutei meu coração se quebrando ao vê-la tão frágil.

  Enquanto preparava o banho, não pude deixar de pensar no que significavam aqueles pesadelos. Não era nem a primeira e nem a segunda vez que ela os tinha. Preferi dar o tempo que ela precisava, afinal, ela havia dado o meu espaço para me abrir, certo?

  Mas aquilo realmente estava ficando fora dos limites. Não era algo como “meus pais se separaram e eu não reagi bem”, era como se algo tivesse acontecido fisicamente com ela. Tantas coisas passavam pela minha cabeça, mas eram possibilidades tão dolorosas que eu preferia não pensar.

  Peguei Anahi e a levei para o banheiro, onde tirei a camisola que usava e a coloquei na banheira. Eu havia colocado numa temperatura muito mais alta do que a que eu estava habituado, mas era a que Anahi gostava. Coloquei sais para ajudá-la a relaxar. Me despi e entrei em seguida, abraçando-a.

— Anahi, estou preocupado com você - beijei sua cabeça  - Não é a primeira vez que isso acontece... Me conta o que aconteceu. - Silêncio - Preciso que você confie em mim!

  Ela fungou baixinho e suspirou.

— Eu já te disse que minha mãe levava muitos homens para casa... - enrijeceu o corpo - Mas tinha um... Tinha um que frequentava mais. Era o cara que vendia drogas para Belaflor - pausou. Apertei mais o abraço para lhe passar segurança - Como ela ficou desempregada e o dinheiro que meu pai mandava nunca era suficiente, ela deixou que ele me estuprasse como pagamento pelas drogas.

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