Capítulo 9

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Anahi Portilla

   Anahi, você nunca mais vai encostar a sua boca na do Alfonso Herrera, nem mesmo para cumprimentos, beleza? Contente-se com um aperto de mão e acabou.

  Foi repetindo isso como uma insana, que cheguei ao trabalho quase duas horas mais cedo na segunda-feira. Eu estava me sentindo tão culpada por ter cedido ao meu chefe – vou repetir: meu chefe. O que eu já disse sobre não me envolver com chefes? – que no domingo fui à igreja. Pois é, depois de anos. E eu nem acreditava nessas coisas.

  Claro, depois precisei recorrer ao vibrador, mas como não adiantou de muita coisa três orgasmos só pensando em Alfonso, tive que me contentar com banhos frios.

  O fato de eu quase ter cedido a ele estava me envergonhando num nível muito próximo à dor física. E quando eu vi o nome de uma mulher no visor do carro e ele ter ficado ligeiramente tenso, me mostrou que não era uma mulher qualquer que ligava de madrugada para ele. Ah, não. Ou era alguma mulher que ele se envolvia há muito tempo, ou pior: a esposa. Tenho vontade de chorar toda vez que penso nisso.

  Quando cheguei ao meu andar, suspirei aliviada ao ver que a recepção estava vazia, mas não sabia se meu chefe já tinha chegado. O vidro da sala dele estava opaco, então simplesmente rezei para não estar lá. E não esbarrar com ele.

  Guardei minha bolsa na última gaveta da minha mesa de metal e liguei o computador. Eu tinha levado também algumas coisas para personalizar meu espaço. Uma delas era uma montagem emoldurada de duas fotos: eu, Maite e Christian na casa de praia da Maite em Cancún e minha irmã na escola de samba.

  Outra era um arranjo de flores bem colorido que Christian havia me dado como presente de primeiro dia de trabalho. Coloquei um ao lado do outro e me recostei na cadeira para visualizar o conjunto. Lindo.

  Fui até a copa, necessitada de uma xícara enorme de café. Assim que o preparei, voltei à minha sala e suspirei. Que droga, por que eu queria querer o Alfonso? Assim que dei o meu primeiro gole, meu telefone tocou. Quando vi que era da sala do meu chefe, quase cuspi o café. Ele já tinha chegado?

— Sim, senhor Herrera? - atendi receosa.

— Venha até a minha sala. Traga as agendas. - desligou.

  Fiquei encarando o telefone por alguns segundos, surpresa por ele ter desligado na minha cara. Completamente sem noção. E então eu percebi que esse cara ia ser o inferno na minha vida.

Alfonso Herrera

  Eu não esperava que Anahi fosse bancar a difícil depois de ver o nome da minha esposa no visor do rádio do meu carro. Até porquê ela nem sabia que eu era casado. Eu não atendi a ligação, mas a mesma se recusou a sair comigo e nem um maldito olhar ela me lançou. Bateu o pé dizendo que queria ir para casa e que se eu me recusasse, ela iria pegar um táxi. Considerando que era de madrugada e eu não era louco de deixá-la sozinha por aí, a levei para a sua casa.

  Ela morava num buraco esquisito de New York, e juro que prezei pela nossa vida quando vi uns caras na esquina da rua dela, fumando, bebendo, escutando música e olhando para nós com cara de poucos amigos. Ainda assim, ela mal olhou para mim, murmurou um “obrigada” e saiu como se eu fosse o diabo.

  Depois disso, me vi obrigado a ir a um bar e acabar transando com alguém que nem lembro o nome no capô do meu carro. E, bom, não saciou a minha vontade, o que só me deixou mais bravo ainda. Só uma pessoa me deixaria satisfeito naquele momento. E era a única pessoa que me queria, mas por algum motivo desgraçado, me evitava.

  Passei o final de semana resolvendo algumas coisas do trabalho e malhando como um alucinado, tentando conter a maldita adrenalina que se concentrava ao sul do meu corpo. Não adiantava. Eu pensava em olhos azuis e meu membro endurecia.

  Eu parecia um adolescente entrando na puberdade.

  Por isso, na segunda-feira, cheguei às seis da manhã no trabalho, decidido a resolver a minha situação com Anahi o mais rápido possível ou eu não conseguiria me concentrar em mais nada.

  Ela chegou antes das oito e estava maravilhosa. Vi pela câmera o momento exato em que ela colocou os pés em nosso andar.

  Estava com uma saia vermelha colada ao corpo e uma blusa branca de seda, com um decote discreto. Pelo amor de Deus, essa mulher seria a minha perdição. Murmurava alguma coisa consigo mesma e pelo rubor em seu rosto, eu podia jurar que os pensamentos dela estavam em um local muito, muito prazeroso.

  Eu podia ver as curvas de seus seios subindo e descendo devido à respiração acelerada. Estava maravilhosamente sexy. Parecia inocente, mas seus olhos deixavam claro para mim que ela não era. Precisava apenas de um pequeno empurrão.

  Que seria eu a dar.

  Ela arrumou sua mesa, pegou um café e assim que voltou à sua sala, eu a chamei. Anahi entrou apreensiva em minha sala, mas seu olhar estava duro.

  Hum! Acho que vou ter trabalho.

  Passei alguns procedimentos para ela e droga, ela ficava ainda mais gostosa concentrada.

  Ela viu que eu a observava e arqueou uma sobrancelha. Endireitou a coluna e limpou uma sujeira imaginária na saia.

— Deseja mais alguma coisa, Sr. Herrera? - perguntou com a voz formal.

— Na verdade - levantei da minha cadeira e sentei-me na mesa, perto dela. Anahi apenas me observa e permaneceu com a postura ereta, o que me deu uma visão incrível do seu decote - Tem uma coisa que eu desejo muito de você...

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