Alfonso Herrera
Se Anahi e eu teríamos um filho, o mais certo seria que nós oficializássemos o nosso relacionamento, certo?
Certíssimo.
Nunca gostei de declarações pequenas e Anahi já tinha percebido isso. Ela podia negar o quanto quisesse, mas ela adorava que eu mostrasse ao mundo que ela era o centro do meu mundo.
Mas com sete meses de gravidez, Anahí odiava ficar em público. Trabalhar, inclusive, estava sendo uma dor de cabeça. E se eu pedisse para ela não ir para a empresa, a mulher jogava o ferro de passar na minha cabeça.
Nesses sete meses eu tive que ser muito cauteloso com o que dizia para ela.
Então ali estávamos só nós, em Veneza e eu prestes a fazer o pedido que estive querendo fazer nos últimos três anos, e não o havia feito por medo dela se comparar com Belaflor, Kiara ou qualquer outra pessoa que lhe tenha causado trauma.
— Você está suando, Alfonso. - Anahi apertou a minha mão, a outra acariciando nosso pequeno bebê.
Estava me matando não saber o sexo, mas se ela queria surpresa, que assim fosse. Nada de subornar o médico para que ele me contasse.
Olhei para ela.
— Está quente, kóchetchka - sorri suavemente, rezando para ela acreditar. Ela sabia me ler muito bem, o que tornava mais difícil fazer surpresas para ela. Ainda não tinha conseguido fazer uma surpresa em seu aniversário porque sempre abria a boca antes - Você tem certeza que não vai ficar enjoada nesse passeio, certo?
Anahi me lançou um olhar vazio.
— Babaca. Eu só enjoei até os cinco meses. E você não poderia reclamar se eu enjoasse, não é você que não consegue mais olhar os seus pés porque está imensa. - fez uma carranca, mostrando que estava falando sério.
— Tudo bem. - beijei sua mão que estava entrelaçada à minha e entramos na gôndola.
Certo, não dava mais para voltar atrás. E nem passar mal.
— Caramba Alfonso, você está pálido - Anahi murmurou passando a mão pelo meu rosto quando a gôndola começou a andar - Você tem certeza que você não vai passar mal? - seus lábios curvaram-se num sorriso sacana enquanto arqueava a sobrancelha, debochada.
Filha da mãe.
— Estou ótimo, Anahi. Não deboche de quem pode dar uns tapas nessa sua bunda deliciosa. - sussurrei em seu ouvido e ela estremeceu.
Um ponto positivo da gravidez: muito sexo.
O sol já tinha se posto enquanto víamos os pontos turísticos. Anahi estava encantada com o local e como disse: nada de enjoos. Enquanto eu estava praticamente tendo um ataque de ansiedade.
Quando estávamos nos aproximando da gôndola que os músicos estavam, segurei com força a caixinha de veludo, pedindo aos céus para não morrer antes de pedir que ela se casasse comigo.
Um violinista me reconheceu e deu sinal para os outros músicos e eles começaram a tocar Marry me de Train. Nossa gôndola parou e Anahi tirou os olhos das casinhas para observar os músicos. Ela estava absurdamente encantada com o local, e céus, eu não conseguia lidar com aquela mulher ficando mais bonita a cada dia.
Segurei sua mão, fazendo-a olhar para mim. Ela me olhou interrogativamente, mas assim que viu a caixinha, seus olhos ficaram enormes e seu queixo caiu.
— Alfonso? - sussurrou.
Pressionei meus lábios em sua mão, imaginando a merda que seria se ela dissesse não.
— Oi, kóchetchka - sorri - Eu sei que a nossa história começou bagunçada e cheia de falhas, mas esse foi o meu jeito torto de te trazer para mim. Todo cheio de medo de me apaixonar e depois cheio de medo de te perder. E quase perdi. Eu sempre soube que você era diferente. A única e eterna, a mais amada dentre todas as outras do mundo, aquela a quem eu deveria dedicar todo o meu carinho e atenção.
Anahi soluçou e respirou fundo. Essa gravidez estava bagunçando todas suas emoções. Isso ainda me mataria.
— Você é tudo o que eu quis, Anahi. Você faz uma comida horrível, me desafia, ama os meus filhos e está me dando mais um. O nosso segundo filho, querida - pisquei e ela apertou minha mão, fungando - Você me dá carinho, conforto, atenção e tranquilidade. Me traz alegria sempre que sorri ou olha para mim e me dá prazer toda vez que me toca ou me beija.
Mais uma respiração, para o gran finale.
— Eu sei que te amo e não sinto o peso de carregar todo este amor no meu coração porquê é este amor que me dá força e coragem para suportar o peso de todos os contratempos e adversidades do dia a dia. Inclusive os nossos. Esse tempo que estamos juntos é o mais bonito e feliz que vivi nos últimos trinta e sete anos. Você é a melhor coisa que já me aconteceu, querida. Seu amor me transformou e tenho certeza que você também viu isso. E eu quero dividir tudo com você, Anahi. Quero desfrutar com você os resultados das nossas colheitas. Anahi, você aceita se casar comigo?
Abri a caixinha, revelando um solitário de ouro amarelo, engastado com um diamante de lapidação brilhante e com pequenas pedras de diamantes ao redor.
Anahi sussurrou um “Ai, meu Deus”. E com uma das mãos, apertava a minha. Lágrimas rolavam por seu rosto e sua demora me fez querer me jogar naquele rio.
— Anahi...? - chamei-a cauteloso.
— Isso é sério? - sussurrou, suas duas mãos envolvendo a minha. Só confirmei com a cabeça, aguardando - Aceito. Sim. Sim. Eu quero casar com você. - voou para meus braços e soltei a respiração, aliviado.
Anahi salpicou beijos por todo o meu rosto, agarrando meus cabelos. Por fim, me olhou.
— Você me trouxe para a Itália só para me pedir em casamento? - encostou a testa na minha.
— Talvez. - sussurrei. Era também para que ela conhecesse a casa de Julieta Capuleto. Ela disse que adorava aquele romance, então...
— Você é incrível. Eu te amo. - fungou.
Depois de algum tempo, ela me soltou e eu deslizei o anel por seu dedo. Lindo, assim como eu imaginei que ficaria.
— Só vou casar depois que o bebê nascer. - decretou. Meus olhos voaram para os dela e fiz uma careta.
— Pensei em voarmos para Vegas depois daqui. Em cada esquina tem uma capela.
Anahi balançou a cabeça veementemente.
— Não vou casar parecendo um balão. As fotos vão ficar horríveis. Meu rosto está redondo e eu vou querer casar de saltos, querido - deu de ombros - Essa criança está inchando minhas pernas demais!
Droga! Pelo menos mais dois meses para casarmos.
Tudo bem. O pior já havia passado.
Anahi logo seria a senhora Herrera.
E eu mal podia esperar por isso.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...