Capítulo 34

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Anahi Portilla

  Os últimos dois meses se passaram mais tranquilamente do que eu esperava. No fim, o meu medo de Angelique e Alfonso perto ser um perigo foi amenizado. Os dois se deram muito bem, na medida de Angel ser muito empolgada e Alfonso ser absurdamente reservado.

  Ele respeitava o meu trauma no escritório, então sequer flertava comigo no trabalho. Mas compensava bastante quando estávamos sozinhos.

  O trabalho estava corrido, muito corrido. Alfonso saía tarde da empresa, passava em sua casa para ver as crianças e ia ficar comigo em seguida. Claro, nos finais de semana ele se dedicava inteiramente à Flora e Benjamin.

  Nos revezávamos entre dormir em minha casa e na dele. A que não tinha as crianças. Mas o fato é que aquilo estava começando a me incomodar. Jantares às escondidas, nada de demonstrações de afeto em público...

  Eu sabia que assumir publicamente um relacionamento com o magnata Alfonso Herrera implicava maus olhares e fofocas sobre a secretária que deu um bote no chefe, mas sinceramente, eu não me importava. Eu só queria estar com ele. E isso incluía conhecer seus filhos, entrar de verdade na sua vida. Afinal, ele já tinha entrado na minha, certo? Eu precisava dar um jeito nessa relação.

— Querido... - sussurrei enquanto acariciava seus braços. Era madrugada e estávamos deitados em sua cama, em um dos seus apartamentos. Eu sabia que ele não estava dormindo porque sua respiração não havia se acalmado ainda.

— Sim? - mordiscou minha orelha. Estremeci.

— Quando eu vou conhecer seus filhos? - ele enrijeceu o corpo e a sua resposta foi o silêncio. Me virei para ele. Estava escuro, mas as cortinas estavam abertas, a luz do luar batendo em seu rosto magnífico. - Você disse que estaríamos juntos, Alfonso. Falou que me queria com você definitivamente, mas até agora eu não conheci os seus filhos, nós não assumimos um relacionamento e caramba, eu nem sei da sua vida.

  Ele suspirou exasperado e tirou o braço da minha cintura.

— De novo essa coisa de não me conhecer? - resmungou, sentando na cama. Imitei o movimento.

— Não se trata disso, Alfonso. Eu te conheço só até a parte que você me deixa ver. Você nunca sequer me contou sobre a história da sua cicatriz - eu devia ter reparado na sua carranca. Era um aviso que o Alfonso controlado estava indo embora. - Você não se abre para mim. Um relacionamento trata-se de confiança e...

— Você quer falar sobre confiança? Você nunca me falou sobre seus pesadelos - rosnou. Minha vez de fazer uma carranca. Eu tive alguns pesadelos nesse meio tempo e quando ele falava sobre, eu sempre fugia do assunto.

— Isso é completamente diferente. - me encolhi.

— Diferente, não, Anahi. Eu não sou idiota. Eu sei que não se tratam de simples pesadelos e você sempre foge quando eu falo sobre. E você quer me cobrar confiança quando você sequer confia em mim para me falar sobre o que acontece com você? - cuspiu. Seus olhos estavam estreitados.

  Ah, não. Eu não precisava dele para ficar me julgando ou me cobrando. Me levantei da cama e vesti um robe.

— Eu te contei sobre meus pais, droga. Eu disse que estou apaixonada por você e você nem sequer foi capaz de dizer que sentia o mesmo. - grunhi, apertando o nó do robe.

— Então é disso que se trata? Esse é o ponto? Eu não dizer que estou apaixonado por você? É de palavras que você precisa?

  Esse era o ponto? Não, claro que não. O ponto era que ele colocava um limite de até onde eu podia estar em sua vida.

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