Capítulo 40

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Anahi Portilla

  Acordei com um grito, abafado pela mão suada que cobria minha boca. Um peso esmagador me deixava sem fôlego enquanto outra mão se enfiava por debaixo da minha camisola, apalpando-me. O pânico tomou conta de mim e comecei a me debater, esperneando freneticamente.

  Não... Por favor, não... Chega. De novo, não.

  Arfando como um cão, ele escancarou minhas pernas à força. O membro duro que ele tinha no meio das pernas abria caminho às cegas, esfregando-se nas minhas coxas. Resisti até sentir meus pulmões em chamas, mas ele era forte demais. Não conseguia movê-lo dali. Não havia como escapar.

  Para com isso! Sai de cima de mim! Me larga! Por favor, não faz isso comigo... não me machuca...

  Mãe!

  As mãos dele me empurravam para baixo, esmagando minha cabeça contra o travesseiro. Quanto mais eu reagia, mais excitado ele ficava. Sussurrando palavras terríveis na minha orelha, ele encontrou uma fenda frágil no meio das minhas pernas e me penetrou com um grunhido.

  Fiquei paralisada, imobilizada por uma dor terrível.

— Assim - ele grunhiu... - Agora você vai gostar... Sua putinha... Você está gostando...

  Eu não conseguia respirar. Sentia meus pulmões funcionando aos espasmos, minhas narinas bloqueadas pela mão dele. Pontinhos coloridos dançando diante dos meus olhos. Meu peito queimava. Comecei a me debater de novo... Precisava de ar... Desesperadamente...

— Anahi! Acorda!

  Meus olhos se abriram diante daquela ordem dada aos berros. Consegui libertar meus braços, depois meu corpo todo... Afastei-me... Lutando para me desvencilhar dos lençóis enroscados nas minhas pernas... Perdendo o equilíbrio...

  O impacto contra o chão me acordou de vez e um ruído terrível de dor e de medo escapou pela minha garganta.

— Droga, Anahi. Assim você vai se machucar!

  Respirei profundamente algumas vezes e fui engatinhando até o banheiro. Alfonso me levantou e me agarrou junto ao peito.

— Any...

— Vou vomitar. - eu disse engasgada, pondo a mão sobre a boca quando senti meu estômago embrulhar.

— Eu levo você. - Alfonso disse sem hesitar, conduzindo-me com passadas firmes e decididas. Ele me levou até o vaso e levantou o assento.

  Ajoelhado ao meu lado, ele segurou meus cabelos enquanto eu vomitava, acariciando minhas costas com sua mão quente.

— Calma, kóchetchka - ele murmurava sem parar. - Está tudo bem. Você está em segurança.

  Depois de esvaziar meu estômago, dei a descarga e apoiei o rosto sobre o antebraço, tentando me concentrar em qualquer coisa que ajudasse a dispersar daquele sonho.

— Precisa de um banho? - Alfonso perguntou ainda me acariciando. Assenti fracamente com a cabeça.

  Alfonso ligou o chuveiro e começou a tirar a roupa, distraindo-me em boa hora com a visão de seu corpo maravilhoso. Sua musculatura era firme e bem definida. Sua silhueta era esguia, mas ainda assim forte e elegante.

  Deixei minhas roupas no chão e entrei debaixo do jato quente de água soltando um gemido. Ele entrou logo atrás, pôs meu cabelo de lado e beijou meu ombro.

— Está melhor?

— Estou. Obrigada.

  Alfonso enlaçou minha cintura cautelosamente com os braços e soltou um suspiro trêmulo.

— Eu... Nossa, Any. Você quer falar sobre isso? Eu fiquei preocupado.

  Respirei fundo.

— Talvez algum dia a gente seja capaz de conversar sobre nossos sonhos... Abertamente. Não estou pronta para falar sobre isso agora. Por favor.

  Ele soltou o ar dos pulmões, apertando meus quadris com os dedos.

— Tudo bem. Quando você quiser falar, vou estar aqui por você.

— Obrigada. - murmurei.

  Ficamos no chuveiro um tempão, envoltos em vapor e segredos, fisicamente próximos, mas emocionalmente distantes. Eu detestava aquilo. A vontade de chorar era mais forte que eu e não tentei reprimi-la. Era bom desabafar. Toda a pressão daquele longo dia pareceu se dissipar com meus soluços.

— Kóchetchka... - Alfonso me abraçou pelas costas, seus braços presos à minha cintura, confortando-me com o escudo protetor de seu corpo. - Não chore... Não aguento isso. Diga do que você precisa, Any. O que eu posso fazer?

— Tire a sujeira de mim - sussurrei, inclinando-me na sua direção, entregando-me à sua possessividade reconfortante. Meus dedos se enlaçaram com os dele na altura da minha barriga. - Eu quero ficar limpa.

— Você já está limpa.

  Respirei bem fundo, sacudindo a cabeça em negação.

— Escute o que vou dizer, Anahi. Ninguém nunca mais vai encostar em você - disse, convicto. - Ninguém nunca mais vai encostar em você. Nunca mais.

  Apertei os dedos dele entre os meus. Droga, ele sabia que não eram só sonhos.

— Nem por cima do meu cadáver, Any. Isso não vai acontecer.

  A dor que eu sentia no peito me impedia de falar. A ideia de Alfonso encarando meu pesadelo... Vendo o homem que havia feito aquilo comigo... O nó no estômago que eu havia sentido o dia todo se apertou ainda mais.

  Alfonso pegou o xampu e eu fechei os olhos, procurando não pensar em mais nada além do homem cuja única preocupação naquele momento era eu. Esperei, sem fôlego, pelo toque de seus dedos mágicos. Quando os senti, tive que procurar o apoio da parede para não cair. Com ambas as mãos espalmadas contra os azulejos, saboreei a sensação de seus dedos massageando meu couro cabeludo e soltei um gemido.

— Está gostoso? - ele perguntou num tom de voz baixo e meio rouco. Concordei com a cabeça.

  Entreguei-me ao prazer de senti-lo lavar meus cabelos e depois passar condicionador neles, estremecendo de leve enquanto Alfonso passava o pente nas pontas encharcadas. Fiquei decepcionada quando terminou e devo ter soltado algum ruído de protesto, porque ele se inclinou para frente.

— Calma, só estou começando.

  Senti o cheiro do sabonete líquido e então...

— Alfonso...

  Arqueei meu corpo na direção de suas mãos ensaboadas. Seus polegares atacavam suavemente os nós nos meus ombros, desfazendo-os sob sua pressão na medida certa. Depois ele desceu por minhas costas... Minhas nádegas... Minhas pernas...

— Vou cair. - gemi, inebriada de prazer.

— Eu pego você, kóchetchka. Nunca vou deixar você cair.

  O sofrimento e a degradação das minhas lembranças se desmancharam diante da atenção cuidadosa e reverente de Alfonso. Mais do que a água e o sabão, foi seu toque que me despertou do pesadelo. Virei-me e o vi agachado diante de mim, com suas mãos deslizando por minhas panturrilhas, seu corpo prodigioso maravilhosamente flexionado. Agarrei seu queixo e levantei sua cabeça.

— Você me faz tão bem, Alfonso - eu disse num tom de voz suave. - Não quero que isso acabe. Eu te amo.

  Seu peito se expandiu em um suspiro súbito e profundo. Então, se endireitou, suas mãos subindo pelas minhas coxas até que estivesse totalmente de pé. Ele me beijou na boca. Bem de leve.

— Sei que um monte de merda aconteceu hoje. Porra... Essa semana toda. Mas nunca pense que você está fora dos meus pensamentos. Eu quero você, Anahi. Quero você comigo independente do nosso passado. Preciso que você saiba disso.

— Eu sei. - o abracei, apertando meu rosto em seu peito. Adorava a sensação de me entregar aos seus braços.

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