Alfonso Herrera
Deus do céu, eu iria pirar a qualquer momento. Tentei me concentrar no trabalho, nas crianças, na academia, em qualquer coisa que afastasse pelo menos um pouco aquela loira da minha cabeça, mas ela estava impregnada em mim de uma forma assustadora.
Liguei para ela, claro que ela não me atendeu. Mandei mensagens e e-mails, mas ela não respondeu nenhum. Eu sabia que devia estar respeitando o tempo dela, mas francamente, o seu silêncio estava me matando.
Não conseguia falar com ela na empresa e muito menos fora dela. Na realidade, eu só conseguia vê-la por mais de vinte segundos pelas câmeras de monitoramento, porque em todo lugar que eu estava, ela evitava. E se por acaso ela já estivesse no lugar quando eu chegasse, ela fazia questão de sair como se eu fosse o diabo.
Eu estava tão desesperado que ia fazer a última coisa que pensei que seria capaz de fazer: me declarar em público.
— Você tem certeza que ela vai vir? - perguntei para Angelique pela enésima vez. Ela revirou os olhos e bufou.
— Vai. Vou chegar com ela em duas horas. Troquei a minha folga no trabalho, então é bom você fazer valer a pena ou arranco suas bolas.
Me encolhi, fazendo uma careta.
— Você não tem idade para falar essas coisas, Angel... - resmunguei colocando discretamente as mãos na parte de frente da calça. Por precaução.
— Eu sou maior de idade, Alfonso. Se eu matar alguém, quem vai responder por isso vai ser eu - piscou - Fique alerta. Preciso ir ou não vou conseguir voltar com ela. - beijou minha bochecha e saiu correndo.
Eu ainda estava me adaptando às formas de carinho de Angelique. Era esquisito todo aquele contato corporal, mas Anahi já havia me dito que elas eram mesmo mais calorosas que os russos. Disso eu não tinha dúvidas.
Meu estômago já estava começando a revirar e comecei a tremer. Anahi gostava de demonstrações de afeto, o que devia significar que ela gostava de grandes declarações, certo? Por isso mesmo eu tocaria e cantaria para ela, já que a mesma havia me pedido diversas vezes, e certamente imploraria pelo seu perdão, rastejaria, correria, lamberia seus pés se ela quisesse.
O Tavern era um dos restaurantes mais conceituados da cidade e eu já havia flagrado Anahi namorando o local uma ou duas vezes. Claro, estava na lista de lugares para levá-la.
Se ela permitisse.
Contratei uma violoncelista para me acompanhar na música, e fora ela, inclusive quem havia me indicado a música. Eu estava sem ideias de como mostrar à Anahi que eu a amava de todas as maneiras possíveis, mas a música que a moça me mostrou era incrível.
Conversei brevemente com o gerente e o maître, frisando que Anahi e Angelique teriam de ter o melhor atendimento possível. Dulce e Christian também iriam. Andrés iria e conseguiu convencer Maite a ir também.
— Se ela te rejeitar, vou adorar ver a sua derrota. - Maite disse, mas eu vi uma faísca de esperança pintando em seus olhos.
Sentei numa mesa afastada e quando o restaurante ficou absurdamente cheio, quase passei mal. Eu era ótimo para falar em público. Tinha uma boa dicção. Mas tocar? Cantar? Nem em apresentações de escola eu havia feito isso. Na realidade, nem em reuniões de família.
— Se você não relaxar, vai ter um infarto assim que começar a tocar. - Dulce me abanou de leve.
— O máximo que você vai ter é um “não”. E mais que merecido. - Maite sorriu.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...