Anahi Portilla
Não estava conseguindo me acostumar a ficar sozinha. Era triste, deprimente, solitário, sem falar que ficar encarando aqueles móveis que Alfonso “deu de presente para Angelique” era pior que a morte.
A minha sexta foi baseada em ficar escutando Je t'aimais je t'aime je t'aimerai, ou assistir filmes realmente deprimentes. Inclusive Diário de uma paixão, e cara, como eu sofri pelo Noah.
O meu sábado foi igualmente triste, mas ao invés de ficar assistindo filmes tristes, eu ouvia músicas tristes. Don’t forget about me, da Cloves, estava firme e forte na playlist. Angel não aguentou a minha depressão e foi para a casa da Maite, alegando voltar quando eu melhorasse.
Florzinha, isso não ia acontecer tão cedo.
No domingo, antes que eu juntasse os filmes e as músicas numa deprê infinita, bateram à minha porta.
— Angel, vai abrir. - gritei, mas lembrei que ela não estava. Droga. Virei, disposta a dormir mais. Eram oito da manhã e eu só consegui pregar os olhos às seis, então alguém iria morrer se eu tivesse que sair daquela cama.
Quando continuaram batendo, berrei um “já vou”, enquanto nem me dava ao trabalho de me vestir. Estava muito bem de camisola, então só vesti um robe por cima e estava tudo certo.
Quando abri a porta, Maite e Angel sorriam nervosamente e olharam para o lado e para baixo. Uma menina minúscula, mas muito séria, me olhava dos pés à cabeça.
— Ela é que a Rapunzel, certo? - apontou para mim, mas olhava para as meninas. E aquele sotaque... Não podia ser...
Rapunzel?
— Ela mesma, Flora. - Maite sorriu docemente.
Flora?
Flora Herrera?
Aquela era Flora Herrera?
Meu Pai amado!
— Oi, Anahi, meu nome é Flora Herrera, filha do meu pai, Alfonso Herrera - estendeu a mão para mim e eu, abobalhada, estendi no automático - Precisamos conversar.
— Nós... Hã... - Angel apontou para a saída - Vou tomar café com a Mai, tá? Voltamos daqui a pouco.
— Podem demorar, garotas - Flora muito precoce e bonita com aqueles olhos verdes incríveis respondeu sem deixar de me encarar - Acho que vamos demorar um pouquinho.
Angel abafou uma risada com a mão, e eu continuei sem saber ao certo o que estava rolando. Flora Herrera estava no meu apê. No meu pequeno apê. Enfim eu estava vendo a garota que desde que eu soube da existência queria conhecer, mas só depois de terminar com Alfonso ela apareceu na minha casa.
Acho que tinha alguma coisa errada.
— Hã... Por que as meninas não podem ficar? - perguntei desconfiada.
— Porque, Anahi, quero conversar com você - apontou com o dedo para nós duas - De mulher para mulher.
Ai. Meu. Deus.
Angel e Maite mal conseguiam conter a risada e eu não conseguia manter a boca fechada. Eu estava chocada com a audácia daquela garota de oito anos. Eu não tive dúvidas que ela tinha o gênio do pai.
— Bom... - Maite pigarreou - Quando terminarem, você me liga, tá Flora?
— Flora tem um celular? - perguntei chocada.
— Claro que eu tenho - Flora respondeu como se eu fosse uma retardada - Posso entrar?
— Hã... Claro... - dei passagem para ela entrar - Fique... À vontade.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...