Capítulo 35

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Alfonso Herrera

— Você matou a minha esposa, porra - ouvi meu pai rosnando em seu escritório. Eu estava observando pela porta entreaberta. Já fazia um mês que minha mãe fora assassinada e eu sempre escutava as conversas do meu pai com esse cara. - Como você ainda tem coragem de pisar na minha casa? Já não basta ter tirado a mulher da minha vida?

  Soco. Não consegui ver quem tinha batido em quem porque eles estavam fora do meu campo de visão, mas pelo gemido de dor de meu pai, eu sabia que ele tinha apanhado.

— Cadê a droga do meu dinheiro, George? - mais um gemido.

— Sai daqui, Adam. Meus filhos podem chegar a qualquer momento.

— E não vai ser ótimo eles verem o tipo de pai que têm? Um homem imundo como você, George, não merece ter ninguém. Ninguém. - mais um gemido.

— Papai - gritei em pânico. Ouvi um baque e um grito horrorizado e então, silêncio. Nenhum movimento. Arregalei os olhos e encostei na parede, fechando os olhos com força para não ser visto. Eu queria correr, mas minhas pernas viraram chumbo. Meu corpo inteiro tremia.

  Fechei as mãos e apertei mais os olhos, pedindo à minha mãe para que ninguém tivesse me escutado.

  Mamãe, por favor. Não deixe que me peguem. Preciso de você.

— Olá, garotinho - ouvi a voz rouca bem perto de mim. Virei e ergui a cabeça, encontrando olhos pretos chumbo e um sorriso demoníaco no rosto. - Por que não entra aqui para ver o seu papai?

— Papai - entrei correndo no escritório e o vi meu pai desmaiado no chão. Me ajoelhei ao seu lado e comecei a sacudi-lo, meus vista embaçada pelas lágrimas. - Papai, acorda. Não me deixa que nem a mamãe, por favor - soluço. - Papai, acorda. Papai. - eu gritava desesperado, mas ele não respondia.

— Seu pai está bem garoto. Por enquanto - o homem agachou ao meu lado. Sua voz era baixa, ameaçadora. - Ele é um homem mau, fez muitas coisas más para as pessoas.

— É mentira - gritei, ainda sacudindo o corpo do meu pai. - Papai, acorda e diz para ele que é mentira, por favor. Papai!

— Garoto. - ouvi o homem me chamar, mas ignorei. Eu só queria que meu pai acordasse, me protegesse e dissesse que era tudo mentira, que esse homem estava mentindo.

  Então senti mãos me puxando e me tirando de perto do meu pai. Comecei a gritar e a me debater, mas que força uma criança que tinha acabado de completar sete anos podia ter? Vi que me tiraram de casa e me colocaram num carro. Dois homens enormes de preto estavam sentados, e o que estava em casa entrou em seguida. O carro deu partida.

— Eu quero meu pai - solucei, tentando abrir a porta. - Me solta. Eu quero minha casa.

— Me escuta, moleque - o homem de olhos pretos segurou meu rosto com força. - O seu pai me deve dinheiro e se ele não quer me pagar por bem, vai ter que me pagar por mal. Nem que para isso eu precise matar você também - soltou meu rosto. - Apaga o garoto.

VA última coisa que registrei foi uma pancada no meu rosto e olhos pretos me encarando.

  Mamãe!

  Papai!

  Socorro!

  Acordei num sobressalto e percorri furiosamente ao redor, me debatendo, tentando me soltar de qualquer coisa que pudesse me segurar. Demorei para registrar que foi um pesadelo. Droga, isso estava acontecendo com mais frequência. Pelo menos dessa vez eu não estava com Anahi. Era madrugada de sexta para sábado, tempo de ficar com as crianças.

  Olhei o relógio e vi que ainda eram quatro horas. Considerando que eu não conseguiria mais dormir, optei por ir malhar na academia que tinha em casa. Depois, tomei um banho e vi que meu laptop apitava com a chegada de e-mails.

De: Andrei Chikatilo

Para: Alfonso Herrera

Assunto: Relatório semanal

  Lana e Kiara estão no SPA, mas de acordo com suas ligações, estarão de volta em quatro dias. E de lá irão para alguma praia, ainda não decidiram qual. Nos anexos têm as últimas ligações delas.

  Nada comprometedor, exceto que Lana está de acordo com o divórcio, mas Kiara continua se recusando.

  Continuarei de olho. Se precisar de mais alguma coisa, me ligue.

  Atenciosamente,

  Andrei Chikatilo Investigador particular.

  Puta que pariu. Lana foi a pessoa que mais apoiou o casamento e por mais que ela seja sem noção às vezes, fiquei surpreso ao ver que até mesmo ela aprovava o divórcio. O que mais Kiara queria? Suspirei e peguei o celular. Sorri ao ver que tinha uma mensagem de Anahi que foi mandada pouco depois da meia noite.

  Não durmo direito sem você aqui. Sinto a sua falta. Pense em mim, assim como eu penso em você.

  Droga, a situação estava começando a se complicar. Eu estava mesmo apaixonado e por mais que eu não conseguisse dizer isso à Anahi, eu mostrava com ações da melhor forma que eu podia. Eu podia estar mentindo para ela, mas eu estava fazendo isso pelo bem dela. Ela não suportaria saber do meu compromisso com Kiara, por mais que eu não estivesse mais ligado a ela.

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