Capítulo 25

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Anahi Portilla

— Você não vai me dizer o motivo de estar assim?

  Suspirei e olhei para Maite. Estávamos olhando a vitrine da Saks. Passei uma hora do meu almoço com ela, depois que saí fugida como uma louca de Alfonso. Agradeci muito à Maite por ter me ligado e perguntado se eu já tinha almoçado. Claro, ficamos andando e conversando. Ela ficou conversando, no caso. Eu ainda estava pensando na instabilidade de humor de Alfonso.

  Maluco!

— Não é nada, Mai - sorri fracamente. - Estou cansada.

— Isso é um bom assunto - virou o corpo para mim e cruzou os braços. Ah, não! - Por que você não dormiu ontem?

  Abri a boca. Fechei. Abri de novo.

  O que eu ia falar?

  Fechei de novo.

— Você está dormindo com alguém? Alguém que por acaso é o seu chefe?

  Apertei os lábios. Não ia adiantar mentir para ela. A garota tinha um dom para descobrir as coisas que me assustava.

— Eu sabia - ela gargalhou. - Certo, e qual é o problema? - começamos a andar de volta para a empresa. - Ele é gostoso. E parece ser bem quente para um russo - deu de ombros. Enrijeci o corpo. Deus, Maite sabia mesmo me deixar constrangida. - Ai, Any, por favor - revirou os olhos. - O que está acontecendo entre vocês?

— Não sei, Maite. Eu não sei. Nós dormimos juntos algumas vezes. Eu fui para cima dele, ele veio para cima de mim e aí... - parei. Acho que não seria uma boa falar do pesadelo dele, certo? Era algo muito pessoal, um momento que ele provavelmente não gostaria de compartilhar com outras pessoas. Nem comigo se pudesse.

— E aí? - Maite sondou e só aí me dei conta que passei muito tempo cogitando em falar ou não.

— Eu não sei o que rolou depois... Fomos ao evento, depois paramos na minha casa e transamos... - quase sorri ao me lembrar de como nós ficamos. - Quando acordamos ele ficou todo estranho. - isso não era mentira. Eu só omiti o pesadelo.

— Estranho como?

  Não se intrometa do que não é da sua conta, Anahi. O nosso caso é profissional e sexual.

  Coloque-se no seu lugar.

— Ele não disse isso - Maote exclamou boquiaberta e percebi que não só as palavras dele ecoaram na minha cabeça, como eu as disse em voz alta também. - Que cachorro-cretino-sem-vergonha. - bufou furiosa.

  Dica: só conte os podres dos seus homens para as suas amigas, caso tenha extrema certeza que não tem volta. Vocês podem até se acertar e deixar no passado as merdas. Suas amigas não vão se esquecer e na primeira oportunidade vão arrancar as bolas do coitado.

  Maite não era diferente.

— James Lyle me chamou para sair. Vamos jantar hoje - mudei de assunto. Maite sorriu amplamente. Eu nem sabia por que tinha aceitado sair com ele.

  James era absurdamente bonito, atraente e parecia ser muito legal, mas não era o meu tipo. Eu tinha ficado tão nervosa com Alfonso em minha sala que aceitei por impulso.

— James Lyle, hein?! O cara é um gato. Formado em Arquitetura na Stanford, fez intercâmbio no Brasil, sabia? Acho que no sul. Participa de várias ONGs e está sempre nesses eventos beneficentes. Gosta de acampar, ter contato com a natureza, que nem você. Ir pra lugares que o celular não pega, o secador não liga e você só come folhas. - estremeceu.

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