Capítulo 82

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Anahi Portilla

  Quando a limusine parou, Flora apertou a minha mão.

— Está tudo bem, querida? - perguntei quando vi que ela me olhava de um jeito esquisito.

— Any... Eu estava pensando... - hesitou, olhando para Angel e novamente para mim. Ergui as sobrancelhas em confusão, esperando que ela continuasse - Você se incomodaria muito se eu te chamasse de mãe? Se você não quiser, não tem problema, eu não vou ficar triste.

  Ah, meu Deus. Eu nem estava casando ainda e já estava prestes a chorar. Eu já considerava os gêmeos meus filhos, mas Flora pedindo para me chamar de mãe era algo lindo de se ouvir. Eu não queria ocupar o lugar de Kiara, por mais cadela que ela fosse, mas aquele pedido significava que, de certa forma, Flora já me considerava sua mãe.

  Apertei suas mãos que estavam tão geladas quanto as minhas. Infelizmente não consegui conter as lágrimas, mas não me importei. O momento permitia.

— Nada me faria mais feliz. - sussurrei com a voz embargada. Flora riu e me abraçou. Angel piscou para mim e meu sorriso ficou mais largo.

  Quando nos demos por satisfeita, ela e Angel saíram do carro, indo para perto de Maite, Dulce e Ana Brenda, que seriam minhas madrinhas. Benjamin veio correndo para o carro e estava arfando quando me encarou.

— A Flo disse que você deixou a gente te chamar de mãe. É verdade? - perguntou empolgado. Eu ri.

— É, claro, querido. Me faria muito feliz se vocês me chamassem assim.

  Benjamin me abraçou apertado, rindo.

— Eu te amo, mama. Muito.

  Ai, meu Deus. Mais vontade de chorar!

  Força, Puente.

  A cerimonial nos chamou, só então percebi que as madrinhas já tinham entrado e as portas da Catedral de Santo Isaac estavam fechadas. Benjamin estava animado tanto por me chamar de mãe, quanto por ter sido convidado para entrar comigo.

  Depois de muito choro de Alfonso, eu havia convidado Enrico. Ele nem havia se dado ao trabalho de confirmar ou não a presença, o que deixou meu noivo muito puto, mas no fim das contas, entendeu que era o melhor. Eu não o queria em meu casamento, assim como também não queria Belaflor. Os dois haviam se tornado um borrão em minha vida, já que Alfonso e meus filhos preenchiam cada espaço com amor.

— Pronta, mama? - Benjamin perguntou me oferecendo o braço. O garoto já estava do meu tamanho. Com treze anos. Enquanto eu tinha quase trinta.

  Era deprimente.

  Aceitando seu braço, empertiguei-me e respirei fundo.

— Mais do que pronta! - declarei com firmeza.

Alfonso Herrera

  Quando a marcha nupcial começou a tocar e as portas se abriram, agradeci aos céus por não ter tido um ataque antes de ver Anahi. Ela estava simplesmente espetacular. Toda vez que eu a via, ela parecia ficar mais linda, mas naquele momento, era como se nada mais existisse além dela. A forma como ela me olhava com um sorriso emocionado no rosto, mostrava que, acima das merdas que eu a fiz passar, ela ainda estava lá por mim.

  E eu estava disposto a fazê-la não se arrepender por ter escolhido me dar outra chance.

  Quando segurei sua mão, Benjamin me olhou sério.

— Nada de fazer besteira com a mama, papa. - alertou com uma tentativa de engrossar a voz.

  Mama?

  Olhei para Anahi, que assentiu emocionada. Flora já havia me dito que Anahi era a mãe que ela nunca teve, mas aquilo tornava tudo mais emocionante.

  Deus do céu, eu estava cada dia mais louco por aquela mulher.

— Pode deixar, garotão - pisquei para ele, que logo se pôs ao lado de Flora - Mãe? - indaguei enquanto a levava até o altar.

— Flora pediu para me chamar assim e você sabe que eles já eram meus filhos antes disso. - seu sorriso indicava uma felicidade que eu sabia que mal cabia em seu peito.

  A cerimônia aconteceu do jeito que Anahi queria. Com padre falando e falando eternamente, pessoas chorando atrás de nós e em uma igreja. A última vez que eu tinha pisado em uma, fora pouco depois da morte da minha mãe.

  Quando o sacerdote pediu para levarem as alianças, contava com tudo, menos com meu pai entrando com Ravi em seu colo. Meu garoto de quase um ano estava segurando uma pequena almofada com as alianças. Olhei para Anahi, que deu de ombros e piscou inocentemente.

  Aquela mulher iria me matar.

— Os votos. - ela sussurrou para mim.

  Ah...

  Eu tinha ensaiado por meses os malditos votos, mas olhando para ela, tudo escapou da minha cabeça.

  Se vira, Herrera!

  Respirei fundo e olhei bem para minha futura esposa, decidindo falar aquilo que ela me fazia sentir.

— Eu juro, Anahi Giovanna Puente Portilla, amá-la e respeitá-la. Ser seu amigo, companheiro, amante. Ser sua força, sua calma. Juro estar sempre ao seu lado, mesmo que não possa me ver. Juro nunca abandoná-la, nunca desonrá-la. Prometo, de todas as formas possíveis, ser a cada dia um novo homem para você. Conquistá-la hoje, amanhã e todos os dias das nossas vidas. Juro que sou seu de maneira irrevogável. Entrego a você não apenas meu corpo e minha vida, mas o meu coração. Ele é seu.

  Um soluço escapou de seus lábios revelando toda a sua emoção. Eu queria que ela visse que em nenhum momento eu tinha sequer dúvidas de nós.

  Coloquei a aliança em seu dedo e o beijei em seguida. Anahi respirou fundo e empertigou a coluna, sorrindo docemente.

— Eu juro, Alfonso Herrera Rodríguez, amá-lo e respeitá-lo. Ser sua esposa, amiga, companheira e eterna amante. Ser forte o suficiente para estar ao seu lado e serena para lhe transmitir a calma necessária. Estarei sempre com você, física ou espiritualmente. Nada, nenhuma fronteira física, conseguirá me afastar, nem mesmo a vida. Meu amor é eterno e não se acabará com a morte. Desejo ser conquistada por você, de todas as formas, a cada dia, mas se isso não acontecer, do que importa? O que você é hoje já é o suficiente para mim. Eu aceito o seu coração e em troca te entrego o meu. Ele não tem valor nenhum sem você em minha vida.

  A cada palavra sua voz saía mais forte, sem vacilar. Seus olhos ficaram nos meus todo o tempo, revelando um misto de sentimentos que eu nunca tinha visto antes.

  Cristo, eu amava aquela mulher.

  Eu a beijei com urgência, puxando-a para mim, desesperado para mostrar os sentimentos que as palavras não eram capazes de expressar.

  Um forte pigarro me afastou de Anahi e olhei para o sacerdote que nos olhava com uma carranca. Anahi corou terrivelmente, o que só aumentou a minha vontade de arrancar aquele monte de tecido que cobria o seu corpo.

— Eu vós declaro marido e mulher. Agora sim, pode beijar a noiva. - ele me olhou com desgosto.

  Ignorei-o e puxei Anahi novamente.

— E então, Senhora Herrera, preparada para uma vida comigo? - Senhora Herrera. Combinava perfeitamente com ela.

— Sempre, querido. - sorriu, colando os lábios nos meus.

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