Capítulo 48

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  Os dias estavam passando tão rapidamente que quando era domingo, eu não estava aceitando muito bem que dentro de uma semana iríamos embora. Era a melhor viagem a trabalho da vida. Para resumir, nós simplesmente tínhamos que ser legais e mostrar ao Lauro que a Herrera Enterprises era a melhor opção de uma futura sociedade.

  Claro, mesmo ali, Alfonso estava em constante contato com a empresa. Por mais que fosse uma viagem a trabalho, ele tinha todo um império que dependia dele.

  Alfonso e eu não demonstrávamos afeto na frente dos outros. Não chegamos a conversar abertamente sobre isso, mas não era prudente ficar me agarrando ao meu chefe. Ainda não. Quando voltássemos à New York, eu iria encurralá-lo para assumirmos algum tipo de relacionamento.

  Quando ficávamos sozinhos, ele sempre me surpreendia com um jantar, um passeio pela ilha que sempre acabava na cama.

  Dulce não estava comunicativa. Na realidade, ela estava de péssimo humor. Quando voltasse de viagem teria que conversar com ela, para saber o que havia acontecido. Por ora, eu a deixaria quieta. Se ela quisesse conversar comigo, eu estaria ali.

  Os Boneta eram muito simpáticos. Diego era o prometido a seguir os negócios do pai e estava muito empolgado com a ideia.

  Claro, com Dulce ranzinza, Ana Brenda Contreras alegando ter namorado e Maite acompanhada de Andrés, os flertes caíam para cima de mim, mas era de brincadeira. Os Boneta eram simpáticos e como irmãos para mim. Para variar, Alfonso não enxergava dessa forma. Paciência.

— Anahi, se você me der uma chance, pode ter certeza que não vai se decepcionar. - Peter arqueou uma sobrancelha sugestivamente e piscou. Gargalhei.

— Você não tem jeito.

— Mas eu tenho uma chance, certo? - Russel beijou minha mão.

— Que galanteador. - ri lisonjeada por me acharem à altura de pelo menos brincarem com a possibilidade.

— Rapazes... - Alfonso murmurou zangado.

  Ele usava óculos escuros, então não dava para saber como estava seu olhar. Mas eu imaginava... Lembrei de quando ele ficou com ciúmes do Lyle quando saí com ele e uma onda de excitação correu pelo meu corpo.

  Estávamos na praia. Alfonso, Lauro Boneta, Mauro Lyle, Alejandro e Iván Contreras conversando sobre negócios. Maite e Andrés estavam tomando banho de mar – por um momento, cheguei a sentir uma pontinha de inveja do relacionamento deles. Ana Brenda estava comigo, mas não era muito de falar. Dulce estava mais distante lendo um livro. Astrid estava ao lado de Lauro, assim como María ao lado de Mauro e Blanca ao lado de Alejandro. Iván era filho de Alejandro e Blanca, mas assim como Ana, não era de se misturar muito.

— O que foi, Herrera? Any está livre. - Russel gargalhou.

— Ela tem namorado. - Alfonso colocou os óculos na cabeça, lançando um olhar gélido aos rapazes.

  Eu tinha? Essa era nova. Os rapazes me olharam com curiosidade.

— Ela nunca nos disse. - James se intrometeu.

— Provavelmente por achar que não é da sua conta. - Alfonso revidou.

  Jesus!

— E é da sua? - James cruzou os braços, ofendido. Claro que ele ficaria chateado. Ele esteve investindo em mim nos últimos dias e eu não disse nada sobre namorado.

— Sou chefe dela. - Alfonso respondeu como se isso fosse motivo o suficiente para ele saber da minha vida pessoal.

  Os rapazes me olharam.

— Você está namorando? Quem é o felizardo que acabou com nossas expectativas? - Oliver se pronunciou. Eu não estava sentindo bons ventos com aquele assunto.

— Eu... - olhei para Alfonso, sem saber exatamente o que dizer. Seu semblante estava impassível - Não tenho um namorado... Exatamente - ele estreitou os olhos levemente - Nós saímos algumas vezes, mas não oficializamos nada.

— Isso significa que ainda temos chances. - Russel beijou minha bochecha.

  Os rapazes começaram a rir e Alfonso respirou profundamente. Eu podia jurar que ele estava enxergando vermelho. Mas eu não podia mentir. Até parece que ele era meu namorado. Ele não podia dar respostas por mim assim. O clima entre nós ficou muito pesado depois disso.

— Anahi, o que acha de irmos até o bar pegar uma bebida? - Ana Brenda ofereceu por fim. Juro que fiquei mais aliviada do que quando Alfonso me dava orgasmos.

  Ok, talvez nem tanto.

  Fomos pegar nossas bebidas em silêncio. Sentamos nos banquinhos e Ana ficou me analisando alguns segundos. Fiquei desconfortável. Seus olhos negros pareciam astutos e morri de medo dela descobrir algo que eu não queria que ninguém soubesse ainda.

— Então... - bebericou o drinque - Há quanto tempo está rolando entre você e Alfonso?

  Engasguei com o drinque que eu tinha acabado de tomar. Merda, do que ela estava falando? Eu não podia estar sendo transparente assim, podia? Ela sorriu complacente.

— Vocês não estão sendo muito óbvios ou algo assim - adivinhou meus pensamentos - Mas uma mulher reconhece outra mulher apaixonada e com certeza a forma que vocês tentam ser casuais, não está sendo tão eficiente para uma pessoa observadora.

— Ana, eu... eu... hãm... Ana...

— Eu não vou falar nada, Anahi, fica tranquila - cobriu minha mão com a sua - Vocês ficam bonitos juntos, mas tome cuidado com os sinais. Aquele mini ataque do Alfonso não foi de um chefe. Se não querem assumir agora, não podem ficar dando trela assim. Mas também não faço ideia do motivo de vocês estarem com medo.

— Talvez do que as pessoas possam falar... Não sei... - eu não sabia porque confiava nela, mas precisava falar sobre isso com alguém que tivesse uma opinião neutra - Ele pode estar com medo de me expor, não sei... Ele disse que não gosta de misturar as coisas e me pediu um tempo para ele assimilar tudo primeiro.

— Bom, ele é apaixonado por você. Ele não faz muita questão de disfarçar o olhar sobre você, sabe? - riu - Alfonso parece mesmo gostar de você. Contanto que esse “assimilar” não demore a vida inteira, não tem problema aparente nisso tudo.

  Era exatamente isso que eu precisava ouvir.

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