Anahi Portilla
Quando cheguei ao trabalho na segunda-feira, me arrependi amargamente de ter recusado o falso atestado médico que Christian me ofereceu. Ele passou o dia comigo no domingo. Não cheguei a dizer a ele o que houve, mas não precisou. Como eu disse antes, ele entendia o meu estado de espírito.
Cheguei ao trabalho uma hora e meia mais cedo. Não consegui pregar o olho e abençoei o inventor da maquiagem que cobriu minhas olheiras e o inventor do café que me impediu de cair dura de sono no meio da rua.
Minha mente ficou vagando entre a notícia que Christian tinha me entregue antes do evento e o pesadelo de Alfonso. E caramba, um homem de quase um metro e noventa vomitando no meu banheiro foi no mínimo assustador. Mas o que me matou foi a forma como ele falou comigo.
Não se intrometa do que não é da sua conta, Anahi. O nosso caso é profissional e sexual.
Coloque-se no seu lugar.
Não que eu esperasse declarações, flores ou algo do tipo, mas caramba, para que tanta frieza? Esse cara ainda ia acabar com minha sanidade mental, eu tinha certeza disso.
Cansada de ficar me remoendo por isso, fui até a copa e preparei café para mim. Liguei a TV no noticiário. Terminei quatro xícaras de café e uma resenha com uma análise econômica do país.
— Ei, há quanto tempo está aqui? - Maite perguntou reluzente, largando a bolsa em cima da mesa e pegando café para ela.
— Hãm... - olhei minhas anotações e suspirei. Ela se sentou ao meu lado e seu sorriso morreu.
— Você não dormiu essa noite? - fez uma careta. Balancei a cabeça e ela olhou o papel em minhas mãos. Leu-os rapidamente e arqueou uma sobrancelha para mim. - Você devia mostrar isso à Dulce... Ou ao Sebastian.
— Sabastian...? - vasculhei na memória. Eu lembrava desse nome...
— Sebastian o diretor da contabilidade. Os Herrera também tem uma empresa de economia, caso queira algo mais específico. Fale com o Ben Jerez. Eles ocupam o vigésimo quinto andar quase todo. Você se daria super bem lá.
Hum, não ser mais secretária de Alfonso soava mesmo muito tentador.
— Vou tirar cópias e entregar para Dulce, Sebastian e Ben. - falei com firmeza. Maite me olhou com estranheza, mas deu de ombros e tomou o café.
— Como está com o Alfonso?
Boa pergunta. Como estava com Alfonso? Ele tinha sido tão absurdamente escroto comigo que eu nem sabia o que pensar.
— Tudo na boa - resmunguei. - Preciso ir. Quero entregar essas anotações antes de começar a trabalhar - olhei o relógio. - E tenho quinze minutos.
— Sei... - Maite murmurou e me olhou daquele jeito que dizia que eu sabia que não adiantaria fugir. Ela sabia que tinha alguma coisa errada.
Olhei de soslaio enquanto ia para a minha sala e vi que Alfonso já havia chegado e estava mexendo em alguns papeis. Suspirei. Tirei as cópias, mas decidi entregar só no horário de almoço.
E fiz bem, porque a manhã foi absurdamente corrida. Foi melhor porque pensei muito pouco em meu chefe na minha cama. Ele teve duas teleconferências e recebeu alguns clientes. Mal conversamos e quando o fizemos, era somente sobre coisas do trabalho. Tentei deixar de lado a irritação pelo fato dele nem olhar na minha cara, mas falhei miseravelmente, porque fiquei tão transtornada que quase o mandei a merda por me pedir o horário da reunião com os britânicos.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...