Capítulo 15

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Anahi Portilla

  Estava sendo um verdadeiro inferno trabalhar com Alfonso nas últimas semanas. Desde que eu me convenci que Kiara não era um simples caso, eu fazia de tudo para não passar mais tempo que o necessário sozinha com meu chefe. Além de manter uma distância segura, é claro.

  Sejamos francas, Kiara não era uma mulher qualquer e eu devia ter me afastado dele quando a mesma ligou de madrugada para ele. E há mais ou menos um mês também, quando eu estava na mesa dele, com ele me tocando em vários lugares. Cristo, o que estava acontecendo de errado comigo?

  Alfonso não diminuiu as investidas. Ao contrário, pareceu piorar significativamente. Ele continuava jogando flertes de longe, mas não tentava mais me atacar. Não que eu achasse os ataques ruins, mas eu não ficaria com ele. Fim. Precisei ressuscitar alguns ex ficantes para não correr atrás de Alfonso.

  Enfim, eu estava com um maldito mau humor, e passei o almoço andando para ver se as minhas frustrações sexuais desapareciam. Não adiantou. Caminhei por quase duas horas e nada. Eu estava de péssima, literalmente, ao chegar ao edifício.

  Ao chegar no meio-fio, olhei para os dois lados na calçada lotada à procura de um mercadinho para comprar chocolate. Acabei dando uma volta no quarteirão e comprando meia dúzia de chocolates na farmácia da esquina antes de entrar no prédio.

  Precisava trabalhar para esquecer que a minha sanidade estava indo embora por causa do meu chefe absurdamente gostoso. Ao entrar sozinha no elevador, rasguei a embalagem de uma barra de chocolate e a mordi furiosamente. Estava disposta a consumir toda a minha cota de chocolate antes de chegar ao trigésimo andar, mas o elevador parou no quarto. Gostei da ideia de ter um tempo extra para deixar o chocolate derreter na minha língua.

  A porta abriu, revelando a figura de Alfonso, que conversava com dois outros homens.  Como sempre, fiquei sem ar diante dele, o que só reacendeu minha raiva, que já estava começando a diminuir. Por que ele tinha aquele efeito sobre mim? Quando eu conseguiria ficar imune a ele?

  Ele olhou para dentro. Ao me ver, seus lábios se curvaram em um sorriso de tirar o fôlego.  Que ótimo. Que sorte a minha. Eu era mesmo uma espécie de desafio para ele. O sorriso dele se desfez em uma expressão séria.

— Falamos sobre isso mais tarde. - murmurou para seus companheiros sem tirar os olhos de mim.

  E entrou no elevador e os dispensou com um gesto de mão. Eles pareceram surpresos. Olharam para mim, para Alfonso e depois para mim de novo. Fiz menção de sair, ciente de que seria melhor para minha saúde mental e pegar outro elevador.

— Por que a pressa, Any? - me agarrou pelo cotovelo e me puxou de volta. A porta fechou e o elevador se pôs suavemente em movimento. Que intimidade ele achava que tinha para me chamar de Any?

— O que você está fazendo? - protestei. A última coisa que eu precisava era de um macho dominante me dando ordens fora do meu horário de trabalho.

  Ele agarrou meus braços e forçou o contato visual. Seus olhos eram intensos.

— Tem alguma coisa incomodando você. O que é?

  Aquele aperto afetou ainda mais meu mau humor e a eletricidade que eu sabia existir entre nós enfim se manifestou.

— Você.

— Eu? - seus dedos aliviaram a pressão sobre meus ombros. Depois de me soltar, ele tirou uma chave solitária do bolso e a enfiou no painel. Todos os botões se apagaram, a não ser o do último andar. Ele estava vestido de preto de novo. Vê-lo de costas foi uma revelação. Seus ombros eram largos sem serem ostensivos, realçando sua cintura delineada e suas pernas compridas. Os cabelos sedosos roçando o colarinho me despertaram o desejo de agarrá-los e puxá-los. Com força. Eu o desejava com toda a minha raiva. Estava disposta a uma boa briga.

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