Alfonso Herrera
Anahi estava quieta depois do banho. Ela não falou quase nada enquanto jantávamos e por mais que mal tocasse em sua comida, não tirava os olhos do prato. Droga, ela estava me evitando. Na verdade, estava esperando eu dar o primeiro passo. Eu sabia que ela não iria falar nada, nem mesmo me expulsar de sua casa. Ela sabia que eu adorava escutar sua voz e estava me privando disso.
— Me desculpa... - sussurrei. Eu era péssimo para pedir desculpas. Sempre fui friamente calculista para nunca precisar me desculpar e ali estava eu, rastejando pelo perdão da Anahi.
— Pelo quê? - perguntou depois de um silêncio tortuosamente longo e ainda sem tirar os olhos do seu prato.
Eu precisava me desculpar não só pela forma que falei com ela no sábado, mas por não ser honesto com ela sobre minha vida e tê-la colocado no papel de amante sem seu conhecimento. Porra, eu sabia que isso era desonesto, mas eu sabia que ela iria me deixar caso soubesse e eu não queria que ela me deixasse.
— Por ter insinuado que você tinha se envolvido com Lauro ou algum Boneta filho para conseguir essa viagem. Eu sei que você nunca seria capaz disso.
Ela bufou.
— Não, Alfonso, você não sabia. Foi preciso te falarem... - eu ia perguntar como ela sabia que tinham me falado, mas ela continuou falando. - Maite está possessa com você. Ela falou com Andrés e depois ele me disse que conversou com você.
Filho da mãe, boca aberta.
– Eu estava com a cabeça quente, Anahi - me aproximei dela. Estávamos no tapete da sua sala, onde costumávamos passar bastante tempo. Ela não se afastou, o que eu tomei como um avanço. - Eu queria falar com você em outros momentos, resolver as coisas, mas você não me deu a oportunidade.
Ela deu de ombros, ainda sem olhar para mim. Provavelmente estava se lembrando de quando ela vetou qualquer conversa pessoal que eu tentasse ou quando ela bateu a porta na minha cara quando fui à sua casa para resolver. Levantei seu queixo e inclinei sua cabeça, fazendo-a olhar para mim.
— Não estou mentindo, kóchetchka. Me desculpe, por favor. Eu fiquei louco só de imaginar outro homem colocando a mão em você - já bastava James que com certeza tentou se aproximar dela. - Eu acho que não sei lidar muito bem com isso. - dei uma risada nervosa. Eu não sabia mesmo lidar com ciúmes. Eu não sei exatamente quando deixei de amar Kiara, mas com certeza foi antes mesmo das crianças nascerem.
Anahi ficou me encarando, seus olhos azuis me avaliando, vendo se eu merecia o seu perdão. Cristo, eu queria tanto que ela me perdoasse que até doía.
— Não posso continuar fazendo isso. - sua voz saiu embargada. Meu sangue gelou. Eu juro que minha vista ficou turva e eu achei que iria passar mal.
— Como... Por quê? Eu não... Não entendo, Anahi. - fiquei apavorado. Para caralho.
— Você é cheio de segredos, Alfonso - tirou minha mão de seu queixo e se afastou. - Eu entendo você não querer me apresentar aos seus filhos porque eles podem não me receber e o nosso relacionamento não é lá algo definitivo... - suspirou. - Mas eu me preocupo com você, com o seu passado e até que ponto isso pode atrapalhar a gente. Você teve um pesadelo e lembra da forma que você me tratou?
Eu lembrava, sim. Sinceramente eu tinha me arrependido assim que saí da casa dela, mas era orgulhoso demais para voltar e me desculpar.
— Lembra ou não lembra? - ela elevou a voz, sinal de que estava se irritando.
— Lembro. - murmurei envergonhado.
— Você me pediu um relacionamento, Alfonso, mas parece que tem vergonha de me assumir, não sei que merda é essa. Não confia em mim e tenta me distrair com sexo todas as vezes que tento me aproximar de você.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...