Capítulo 8

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Anahi Portilla

  Não sei exatamente o que o universo tinha contra mim, mas me render ao beijo do Alfonso não foi bom. Sabe por quê? Porque assim que acabou, eu queria mais. E eu não iria parar em simples beijinhos.

  Por que eu estava me sentindo culpada? Um homem como Alfonso Herrera não podia ser solteiro. Não é? Quer dizer, o cara era um pecado, óbvio que as russas não o deixariam escapar. Merda, eu beijei um cara que muito provavelmente era casado. Mas ele não usava aliança e nem tinha aquela marca de quem havia tirado há pouco tempo.

  Será que ele era solteiro?

  Não, impossível.

  Por via das dúvidas, decidi pensar que ele era casado. Meu Deus! eu traí a esposa dele.

  Certo, quem traiu foi ele, mas eu contribuí. Ele me beijou, eu vi que ele ia me beijar e eu simplesmente deixei.

  Parece que eu não sou muito diferente da amante do meu pai, não é?

  E piorou quando a Maite me pediu para ir para casa com ele. Ela viu que a gente se beijou e ainda queria sair para transar com o Andrés. Merda!

  Pensei em voltar de táxi, mas já eram quase duas horas da manhã. Ir de táxi ao Bronx não é uma boa ideia.

  Droga!

  Maite foi embora com o Andrés, mas Alfonso continuou no bar, bebendo vodca. E nem parecia estar perto de estar bêbado. Eu queria ter sangue russo. Meu celular tocou. Era Christian.

Cadê vocês? - rosnei. A garçonete siliconada estava conversando com Alfonso. Fiquei mais irritada ainda.

Dulce e eu estamos indo embora. Vou apresentar um amigo meu para ela, então estamos indo para uma festa lá na casa do meu boy, da uma acobertada ai para gente. - Ele gritou aos risos do outro lado.

Cadê a Dulce? - cerrei os dentes. Virei a minha tequila, que logo foi substituída por mais duas.

Ela está levemente alcoolizada aqui do lado. - soltou uma gargalhada.

Para onde vocês estão indo Christian? Que boy? - grunhi e virei as duas doses. Meus lábios ficaram dormentes.

Anahi minha querida, espera ai... - começou a xingar um cara no trânsito. Cara, só podia ser brincadeira. Bebi mais duas doses que a garçonete colocou na minha mesa. Eu ia ficar bêbada de novo rapidinho. Alfonso estava se aproximando. Arregalei os olhos. - Fale com ela.

  Ouvi mais alguns xingamentos de Christian, antes que uma voz embargada começasse a protestar. Alfonso se sentou ao meu lado e eu pedi um segundo com o dedo, me levantando e caminhando cambaleante até o parapeito. Não podia arriscar que ele desconfiasse o que rolava do outro lado da linha.

Oi Any, eu to muito bêbada e não sei para onde estou indo. Mas quero transar e o Christian disse que tem um amigo para me apresentar. Preciso que você enrole meu irmão - Dulce pediu bastante embrigada, mal consegui entender. Ri e ri com vontade. Ela era boa comediante. - Não estou brincando - meu sorriso morreu - Christian e eu já saímos. Mandei uma mensagem para o Alfonso, mas acho que ele não viu ou já teria me ligado. Cuida dele para mim. Beijos. - desligou.

  Dulce desligou. Eu estava, definitivamente, muito fodida!

  Virei para Alfonso e vi que ele estava olhando para minha bunda. Quase ri. Ele se levantou e caminhou rapidamente até mim. Minha vontade de rir acabou no momento em que ele agarrou a minha cintura com uma mão e a minha nuca com a outra. Minha libido mostrou as garras com tudo. E então ele fez o quê? Exatamente. Me beijou. De novo.

  Resisti o quanto pude, mas no fim acabei me desmanchando ao sentir sua língua acariciando lentamente a minha. Eu queria esse beijo desde... Desde o beijo com gosto de cranberry? Não, desde a primeira vez que botei os olhos nele. A sensação de abandono voltou quando ele se afastou.

— Vamos embora. - agarrou a minha mão e começou a andar antes que eu pudesse protestar.

Alfonso Herrera

  Eu sabia que Anahi estava tensa no banco passageiro do meu carro. O corpo inteiro dela estava enrijecido enquanto ela encarava a vista da sua janela. Merda, por que ela estava tensa? Eu não ia levá-la para a sua casa. Eu ia levá-la à minha casa. O fato de ela ter retribuído os beijos com tanto tesão foram o suficiente para me fazer ver que ela me queria tanto quanto eu a desejava.

  Mas naquele momento, nem a voz do Sinatra saindo do meu som era capaz de fazê-la relaxar.

— Para onde está indo? - ela arregalou os olhos, enfim me encarando.

— Minha casa - olhei rapidamente para ela antes de olhar novamente para a pista.

— Não - balançou a cabeça freneticamente. - Eu vou para a minha casa - estava contorcendo os dedos em seu colo. - Você é meu chefe e eu não tenho nada para fazer na sua casa.

— Ah, você tem sim. - sorri malicioso.

  Ela começou a reclamar e reclamar como uma velha. Fiquei com raiva e parei no acostamento, puxando os cabelos dela, fazendo-a olhar para mim.

— Anahi, eu quero você desde a primeira maldita vez que te vi. E se você não me quisesse, não teria me beijado e não me olharia com tesão toda vez que eu estou na sua frente, então pare com esse jogo comigo.

  Ela continuou me encarando daquele jeito que sempre fazia. O rosto estava corado, parecia uma moça inocente com aqueles olhos azuis assustados, mas eu sabia que por trás daquela fachada de boa moça estava uma devassa. E quem a libertaria, seria eu.

  Pelo menos até eu me fartar.

  Passei a língua por seus lábios antes de beijá-la. E ela foi mais do que receptiva. Foi um encontro arrebatador de duas bocas, tão cheio de paixão e espontaneidade que fiquei assustado, mas as chances de eu recuar eram nulas.

  Não consigo parar de tocá-la. Minhas mãos estão em todos os lugares: em seu rosto, em seu cabelo, pelas suas costas, pegando em seus quadris. Puxando-a para mais perto, com muita vontade de sentir mais partes dela - querendo que ela sinta o que está me provocando.

  Precisando de ar, arranco minha boca da dela e ataco seu pescoço. Eu me alimento dela, como um homem faminto. E é exatamente como me sinto com ela - esfomeado. Eu inalo na mesma hora em que lambo, chupo e mordo todo o trajeto do seu queixo até a orelha.

  Ela está resmungando de modo incoerente, mas compreendo. O som de sua voz, selvagem e sensual, me faz gemer. E seu perfume. Deus do céu, ela tem cheiro de flores e açúcar. Como uma daquelas rosas de confeito no topo de um bolo.

  Deliciosa.

  E então a música parou, dando vida ao toque do meu celular. Tratei de ignorar, tocando-a, beijando-a, acariciando-a, mas Anahi se afastou, com os olhos vidrados no visor do rádio. Segui o olhar dela e eu juro que essa noite eu poderia mesmo matar alguém.

Kiara

CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora