Anahi Portilla
Um Bentley preto parou no meio-fio às sete em ponto. Eu ainda não fazia ideia do motivo de estar fazendo isso, mas que mulher dispensaria a ideia de passar o dia sendo mimada? Soltei um grito de alegria ao encontrar uma caixa de chocolates no assento. O carro deu partida e eu comecei a comer. Havia um bilhete.
Espero que aproveite o seu dia de rainha. Essa é a forma que você deve ser tratada. E é o que pretendo fazer.
Me ligue quando voltar para casa.
Com carinho,
AH.
Quase dei uma risada. Alfonso estava mesmo tentando me convencer a ficar com ele? Muito engraçado.
— Desculpe, não sei o seu nome. - perguntei ao motorista. Era um homem bonito, de aproximadamente quarenta anos, pele bronzeada e olhos verdes.
— Michael, Srta. Portilla. - sua voz era um barítono profundo, com um sotaque acentuado. Me perguntei se ele também era russo.
— Pode me chamar de Anahi, Michael - sorri. Ele me olhou pelo retrovisor e sorriu, acenando com a cabeça.
Michael me levou diretamente ao Perrini’s e eu quase dei pulinhos de alegria. Eu nunca tinha dinheiro o suficiente nem para pisar naquele lugar. O relaxamento começava a partir do momento em que se punha o pé na soleira da porta. Cruzar aquela entrada era como tirar umas férias do restante do mundo.
Pássaros trinavam em suas gaiolas suspensas e vasos de plantas preenchiam todos os cantos com suas folhagens frondosas. Pequenas fontes decorativas propiciavam o som constante de água corrente, enquanto a música executada em instrumentos de cordas chegava através de alto-falantes cuidadosamente escondidos. O ar recendia a uma mistura exótica de especiarias e fragrâncias. Certo, talvez Alfonso tivesse ganhado um ponto com isso.
O Perrini’s era exótico e luxuoso, oferecia um tratamento de primeira a quem tinha dinheiro para pagar por isso. Como Maite e Dulce, que tinham acabado de sair de uma banheira de leite com mel quando cheguei.
— Quer dizer que Alfonso te convenceu mesmo a vir? - Maite sorriu sugestivamente. - Eu perdi alguma coisa, Srta. Portilla?
Corei. Eu não tinha dito a elas sobre Alfonso. Bom, Dulce era um motivo óbvio. Ela era do RH e ainda tinha um vínculo familiar com ele.
— Até que enfim vocês dois saíram do zero a zero - Dulce gargalhou. Fiquei boquiaberta. Ela revirou os olhos. - Não é como se ninguém soubesse que vocês estavam afim um do outro, Any.
— Ai, meu Deus. - murmurei mortificada.
— Fica tranquila, garota. Está tudo bem. - Dulce piscou amigavelmente.
Examinei as opções de tratamentos disponíveis, deixando de lado o habitual “mulher guerreira” em benefício do “mimo apaixonado”. Eu já tinha me depilado uma semana antes, mas o restante do tratamento - “feito para torná-la sexualmente irresistível” - parecia ser exatamente o que eu precisava. Nunca se sabe...
Só voltei a raciocinar normalmente quando ouvi Maite perguntar da cadeira ao meu lado:
— Dulce, o que você acha de Alfonso e Anahi como um casal? Eles combinam, não é?
Olhei embasbacada para Maite. O que ela estava fazendo? Tentando me matar socialmente?
Dulce enrijeceu o corpo rapidamente, mas logo se recompôs. Fiquei imensamente desconfortável. Claro que ela não gostava da ideia. Eu não estava na classe social deles e pelo amor de Deus, ele era meu chefe.
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...