Alfonso Herrera
Eu nunca fiquei para dormir com uma mulher depois do sexo. E quando digo nunca, a única exceção foi Kiara, minha esposa. Erro fatal. Delito grave.
Desde o meu primeiro dia em New York, o que eu mais gostava de fazer nos tempos livres era correr pelo Central Park. Clichê, mas é o único lugar verde que eu tinha para frequentar. E é por isso que depois que saí da casa de Anahi – cubículo, na verdade – fui correr no parque. Eu sempre tinha roupas de academia no carro, o que me ajudou.
— Porra, até que enfim te encontrei - senti alguém me parar bruscamente e tirar os meus fones, que tocavam Sinatra. Quando me virei, encontro ninguém menos que Andrés. - Você não sai para correr assim no domingo. É o dia que você sempre tirou para as crianças. O que está rolando?
Não respondi. Coloquei os fones e voltei a correr. Eu sabia exatamente o que Andrés ia me dizer se soubesse que eu tinha acabado de sair da casa da minha secretária. E não era nada que eu queria ouvir naquele momento ou em qualquer outro momento.
Continuamos correndo. Completei os meus vinte quilômetros mais rápido do que imaginava, e fiquei satisfeito. Andrés se jogou no gramado ofegante e fechou os olhos, fazendo uma careta. Eu ri e me sentei ao seu lado.
— Muito morto? - zombei - O que Maite está fazendo com o Andrés atleta?
— Porra, você estava fugindo de algum bandido? - reclamou e me encarou - Você só corre assim quando está com muita merda na cabeça. O que foi?
Não respondi.
— Alfonso, você está vindo de casa? - não respondi e ele soltou um dicionário de palavrões - Você está vindo da casa da Anahi? Você passou a noite com ela? Na cama dela? - não respondi e o rosto de Andrés se contorceu. - Porra, Herrera... Eu disse que isso ia acabar mal.
— Do que você está falando? Eu te disse que isso não tem nada a ver. Você está esquentando à toa. - trinquei os dentes.
— Você está farto dela? Essa noite foi o suficiente? - me encarou furioso. Claro, ele já sabia a resposta.
Anahi era o tipo de mulher que eu nunca teria o suficiente.
— Alfonso, olha, isso precisa acabar. Sério. As crianças estão aqui, você acha que ninguém vai descobrir que você é casado?
— E o que importa se a Anahi descobrir? - retruquei, perdendo o espírito esportivo.
— Ela vai ficar se martirizando, cara. Se julgando a amante.
— E não é o que ela está sendo?
— Não com o conhecimento dela.
Certo. Ponto para Andrés.
Ele suspirou e balançou a cabeça.
— Cara, olha, ela não teve uma vida fácil. Uma vez ela comentou comigo que passava fome para dar comida para irmã. E passava noites sem dormir estudando para vir para cá. Não estrague a vida dela, pelo amor de Deus.
Hum, então Anahi tinha uma boa alma? E eu não conseguia imaginar uma mulher como Anahí passando necessidades. Ela era tão fina, elegante, confiante, com o sorriso fácil. Maravilhosa. Fiquei tremendamente curioso sobre o passado dela. Estava na minha cara e eu realmente queria saber do que se tratava, mas eu a via e todo o meu sangue ia para o sul do meu corpo.
Quando chegou do SPA, eu ia conversar com ela. Tentar conhecê-la. Falar sobre o discurso. Mas ela estava com um maldito robe e eu esqueci de tudo o que eu queria falar.

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CEO
Storie d'amoreFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...