Epílogo
Alfonso Herrera
— Papa, papa, papa, papa, papa! Acorda, dorminhoco. - a voz urgente e risonha de Ravi me fez abrir os olhos. Ele jogou um travesseiro em minha cabeça.
— Der'mo! - resmunguei, sentando-me e agradecendo aos céus por ele não entender muito bem o russo - Acordei. O que houve? - encarei o garoto de três anos.
Flora e Benjamin entraram em seguida. Ambos com quinze anos, Anahi insistia que Benjamin parecia cada vez mais comigo. Inclusive no tamanho, já que agora ele estava bem maior que ela. O garoto estava mesmo grande. Ravi também parecia comigo. Tanto fisicamente quanto em personalidade. O garoto seria bom em qualquer coisa que quisesse fazer.
Meu caçula entregou-me um desenho que ele mesmo fizera. Eram vários riscos que eu não conseguia entender, mas ainda assim era o desenho mais bonito que eu já havia visto. Ele era um artista abstrato, certo? Olhei para os mais velhos, que deram de ombros.
— É a gente, papa - Ravi respondeu como se eu fosse um idiota por não ter reparado nisso antes - Olha... Flo, Ben, eu, papa e mama - apontou para cada um dos riscos que supus sermos nós. Bem abstrato, mesmo - Você gostou?
— Ficou lindo, campeão. - baguncei seus cabelos loiros, única coisa que puxo da mãe, e beijei sua testa, orgulhoso do dom artístico do meu garoto.
Benjamin colocou a bandeja com um recheado café da manhã em meu colo, sorrindo amplamente. Flora entregou um pacote para ele, que me entregou em seguida.
— Eu perdi alguma coisa? - perguntei confuso ao pegar a caixa e tomando um gole do suco.
— É dia dos pais. - respondeu Benjamin, revirando os olhos.
— Ah... - eu sempre perdia essas datas.
Abri a caixa, revelando uma cafeteira de prensa francesa. Benjamin, assim como eu, era viciado em cafeína, então o presente era para nós dois, com certeza.
— Garoto, você acabou de fazer o seu pai mais feliz. Bem mais feliz - abracei meu garoto mais velho, que riu timidamente. Ele ainda não era muito de contato físico, mas estava sobrevivendo bem - Obrigado.
— Tá, tá. Agora abre o meu - Flora me entregou uma caixa menor. Olhei para ela de forma conspiratória. Nos últimos anos ela me deu tantas gravatas, que desconfiei o fato da caixa ser muito menor - Não é uma gravata. Abre logo!
Ravi deu uma risadinha sapeca e sentou em meu colo.
— Tá bem - abri a caixinha e tirei uma caneta preta dela - Uma caneta - ri - Obrigado, filhota. Eu estava mesmo precisando de uma. Vai ser minha caneta da sorte. - ergui a caneta, mostrando para Benjamin e Ravi.
Flora revirou os olhos e pegou a caneta, abrindo-a. Ah, sim.
— Você vive reclamando que Ravi acaba com a bateria do seu celular. Está vendo? Assim você pode conectar o celular em qualquer lugar. - minha garota sorriu e beijou minha bochecha.
— Obrigado por lembrar disso - pisquei para ela, que sorriu mais amplamente ainda - E cadê a mãe de vocês?
— Agora é a melhor parte. - Benjamin sorriu de forma conspiratória.
— Vá para sala em três minutos e nada menos que isso. - Flora beijou minha bochecha novamente, pegou Ravi no colo e saíram correndo do quarto.
Fiquei confuso com tudo aquilo, mas como o cara obediente que me tornei, vesti uma blusa e desci as escadas no tempo que pediram.
A sala estava escura, as janelas cobertas, apenas com luzes fracas clareando o espaço.
— Tudo bem... - esfreguei os olhos, procurando entender tudo aquilo. Aproximei-me de Victoria, que abriu um sorriso que dizia que ela sabia o que estava havendo - Victoria, o que é isso?
— Não me pergunte, querido - seu sorriso ficou mais largo - Sente-se - me empurrou no sofá e uma música começou a tocar no fundo.
Observei um painel de rostos. Haviam quatro e cada um com roupas que imaginei ser dos meus filhos. Menos o último, que não tinha nada. Franzi o cenho e olhei para Victoria, que piscou para mim.
Tudo bem...
— Senhor Herrera, acomode-se, porque já vamos começar! - era a voz de Ravi, mas não consegui vê-lo.
— Uma notícia ao papai nós vamos dar e como marca registrada dos Herrera, encontramos uma forma especial para contar. - o rosto de Flora apareceu no primeiro espaço do painel. Claro, o vestido era dela.
— É uma novidade: a paternidade. - apareceu o rosto de Benjamin no segundo espaço, o que explicava a camisa e calça social.
— Dentro da barriga da mamãe. - apareceu Ravi no terceiro espaço, explicando seu macacão favorito.
Ergui as sobrancelhas em confusão e estreitei os olhos. Eles sorriam para mim. Victoria colocou uma roupa de bebê no último espaço, e o rosto de Anahi apareceu nele.
— Um novo ser começou a existir. - disse Anahi calmamente.
O quê?
Eu estava ouvindo direito?
— Parabéns, papai, um novo bebê vai chegar! - Todos falaram juntos.
Levantei do sofá e passei as mãos pelos cabelos.
— Anahi... - chamei-a, querendo saber se eu estava ouvindo bem - Anahi...?
Anahi saiu de trás do painel, vindo para mim com os olhos marejados. Ela me abraçou apertado.
— Estou grávida, querido. Vamos ter mais um bebê - sua voz saiu embargada. Suas mãos estavam trêmulas - Feliz dia dos pais, amor.
— Nós vamos ser pais? Vamos ter mais um bebê? - perguntei com a voz emocionada. Ela confirmou com a cabeça e eu distribuí beijos por todo o seu rosto.
As crianças correram para nos abraçar, apertando-nos. Peguei Ravi, no colo ou o pobre garoto seria esmagado.
— Eu te amo, Any. Obrigado por nos dar uma família tão bonita.
Anahi sorriu com suavidade, seus olhos transmitindo um amor que eu adorava ver nela. Estava lá... Na forma como ela havia tomado meus filhos como dela também, ao colocar Ravi para dormir, na forma como me amava toda noite... Ela era o meu melhor presente e de brinde, me ensinou a amar e a aceitar ser amado sem esperar nada em troca.
Ela estava se segurando para não chorar. Nos últimos anos, o chorão estava sendo eu.
Mas se ela chorasse também, não importaria. Seriam lágrimas de felicidade.
E eu estava mais do que preparado para lhe dar toda a felicidade que ela merecia.
Nem sempre a vida será como nós planejamos, mas tenha certeza, será ainda melhor! - Autor desconhecido.
Fim
(Por favor, leiam o próximo "capítulo")
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CEO
RomanceFormada em Economia, recém-terminado o MBA e finalizado o estágio obrigatório, Anahi se vê desempregada e sem meios de se sustentar, até que a sua amiga Maite lhe convida para fazer uma entrevista para trabalhar na Herrera & Tovar como secretária ex...