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Cap 1 

Por Eric

Vou contar uma história que aconteceu há muitos anos,antes de eu nascer,antes do meu pai nascer e até mesmo antes do império Costantini nascer. É uma história dramática,triste e épica exatamente como todas as histórias de amor. Mas essa,por mais clichê que seja,foi o marco inicial de uma guerra que dura até hoje. 

Isabela Bianchi era uma mulher linda. A mais linda de Sardenha,talvez do mundo inteiro. Ela era filha de um traficante de armas muito importante e,como toda filha de um homem importante,nasceu com seu destino traçado. Isabela teria que se casar com Hector Barbieri para selar um acordo que seria vantajoso para ambas as partes,menos é claro,para ela. 

Como toda garota romântica e inteligente,Isabela não aceitou que sua história fosse escrita por seu pai,até porque seu coração pertencia a outro homem. A moça estava perdidamente apaixonada pelo aliado de Hector,praticamente irmão de seu noivo e,meu tataravô,Arthur Costantini I. 

Arthur também amava Isabela e,quando soube da aliança,se rebelou contra todos,inclusive contra Hector. Ele tomou Isabela para si,se casou com ela e deu início a maior rivalidade que esse país já viu. 

Vinte anos após o início do conflito,veio o seu marco mais trágico. Victor,filho mais velho de Arthur,se apaixonou por Aimee,a filha mais nova de Hector. A relação era intensa,os dois se amavam e planejavam fugir juntos quando infelizmente foram descobertos. A garota que estava grávida,foi morta a facadas pelo próprio irmão e Victor,que tentou salvar a moça,teve sua cabeça decapitada. 

Isabela não suportou a morte do filho e do neto e se matou três dias depois,cortou os pulsos sobre o túmulo de Victor. Arthur também não pôde lidar com a culpa e deu um tiro na própria cabeça após saber da morte de Isabela. Hector jurou vingança e desde então os confrontos nunca pararam definitivamente. 

Sardenha foi dividida em duas partes : os filhos da terra e os filhos do mar. Nós,os Costantini,somos filhos da terra,fazemos nossos negócios na cidade e por meio das estradas. Já os Barbieri,que conhecem os pontos cegos através do oceano,fazem as travessias por lá. Não nos misturamos,não confraternizamos,não frequentamos os mesmos lugares e só nos encontramos em poucos bailes,alguns pontos da cidade que não tem dono e em confrontos. 

Por causa disso,por conta de dois casais apaixonados e inconsequentes,acordos arbitrários e muito machismo,hoje tive que derramar mais sangue. Um carregamento do meu pai foi apreendido porque Tristan Barbieri subornou a polícia e eu tive que revidar. Não podemos parecer fracos. 

Recuperei a carga com a ajuda de um dos meus melhores amigos. Lorenzo é filho do homem de confiança do meu pai,é meu braço direito e confio nele mais do que em mim mesmo. Ele é muito responsável,todo certinho quando se trata de trabalho e já me salvou de muitas confusões. 

Depois que terminamos o trabalho,viemos até o iate onde está sendo comemorado o aniversário de Beatrice Conti,a namorada do meu amigo e aliado,Giovanni Greco. A garota é bem simpática,um pouco mimada,mas o Giovanni é louco por ela. E eu,com toda certeza do mundo,admiro e respeito a mulher que fez o maior devasso da ilha largar a vida de solteiro. 

Giovanni costumava ser inconsequente e extremamente rebelde. Ele não ligava muito para os riscos da nossa “carreira",se envolvia com muitas mulheres e bebia até esquecer o próprio nome. Ele mudou de forma drástica quando conheceu a Bia e se tornou quase tão responsável quanto Lorenzo. Tudo para manter a mulher que ama em segurança e apaixonada. 

Giovanni : então,como foi com nossos peixinhos preferidos? - ele pergunta com deboche assim que nos sentamos numa das salas de estar. 

Lorenzo : foi tranquilo. Eles deixaram só doze homens cuidando da carga - meu amigo responde com naturalidade. Ele sempre gostou dessa parte,de organizar e contar sobre seus feitos. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora