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Cap 63

Por Ayla 

Lorenzo se aproximou de forma ameaçadora e deu risada da minha reação. Acho que prendi a respiração de novo e consigo sentir meu coração acelerado,talvez também esteja tremendo. 

Mas o leal amigo do Eric não me bate ou aponta uma arma pra mim,ele só enfia a mão no bolso do moletom,puxa uma chave pequena pra fora e se abaixa para soltar minhas mãos.  

Contenho um soluço e percebo que as lágrimas já estão descendo no meu rosto. Sinto um alívio enorme no peito e finalmente consigo respirar com tranquilidade. 

Lorenzo : eles te bateram muito? - ele pergunta com preocupação. 

Ayla : não sei - respondo - só lembro de um soco e depois acordei aqui - explico. 

Lorenzo : seu rosto está bastante machucado. Está com muita dor? - o moreno questiona enquanto solta meu tornozelo. 

Ayla : nas costelas e na cabeça - respondo. Ele suspira. 

Lorenzo : vou te tirar daqui,te levar pra outra sala até Eric chegar - ele conta. 

Ayla : Eric vem? - pergunto ansiosa. 

Lorenzo : ele nunca te deixaria aqui - o mafioso garante e solta meu outro pé. 

Sinto dor e vejo meus pulsos e tornozelos bem machucados. Alguns filetes de sangue escorrem e mancham meu sapato. Meu único sapato. 

Lorenzo : cadê seu sapato? - ele pergunta antes que eu consiga perguntar. 

Ayla : não tenho ideia - murmuro.

Lorenzo : deve ter caído no caminho ou quando o Pietro pulou em você - ele deduz - foi o que aconteceu? Ele pulou em você? 

Ayla : mandei Agatha correr pra dentro e corri no sentido oposto,aí ele se jogou em cima de mim e me derrubou - explico. 

Lorenzo : e aí te deu um soco? - ele questiona. 

Ayla : aí ele me xingou,eu cuspi nele e ele me socou - completo. 

Lorenzo parece incrédulo e até dá um sorrisinho de lado. Ele deve pensar que sou louca ou burra. Na verdade,sei que eu não devia ter reagido,mas não pude me conter e tinha que dar um jeito de tirar a atenção da Agatha. 

Me pergunto o que aconteceu depois. Com meu pai tão perto,eles não poderiam me bater na frente do restaurante,não teriam tempo. Devem ter me carregado até o carro e praticado a agressão no caminho até aqui ou aqui mesmo. 

Será que foi só isso? Só uma surra? Entro em pânico ao pensar no que podem ter feito comigo enquanto estava desacordada. E se abusaram de mim? Se me tocaram? 

Sinto mais lágrimas escorrendo no meu rosto e uma ânsia forte me atingir. Só tenho tempo de desviar do Lorenzo antes de vomitar. 

Lorenzo : ei,calma - ouço ele murmurar. 

O moreno se aproxima e puxa meu cabelo para trás,segura como um rabo de cavalo. Ele também afaga minhas costas com gentileza,a mão grande e quente me dando conforto. 

Termino de vomitar e me apoio no Lorenzo para conseguir ficar em pé. Cada pedacinho do meu corpo dói. 

Lorenzo : melhor? - ele pergunta. Nego com a cabeça. 

Ainda tem lágrimas escorrendo no meu rosto e meu coração parece tão pequeno,tão ferido e apavorado. Nunca senti tanto medo,nunca pensei em viver uma situação assim. 

Consigo sentir que estou de calcinha,mas isso não garante nada. Eles podem ter colocado de volta ou até trocado. 

Estou sufocando,me afogando. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora