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Cap 46

Por Eric. 

Não sei quando foi que Ayla parou de chorar. Ela estava aos prantos quando a coloquei no carro da Attina e ainda tinham lágrimas jorrando de seus olhos no momento em que deixei as duas sozinhas no quarto da minha mansão e desci pra pagar gelo e uma bebida. 

O ferimento na têmpora da sereia não é tão ruim quanto parecia,mas o olho está bastante irritado. Fora isso,ela está sem machucados. Sem tiros. Ilesa. Segura. Graças aos céus. 

Estou tão aliviado por ela não ter se ferido e tão desesperado por vê-la nesse estado. Ayla não merece isso. Ela nunca fez mal a ninguém,é praticamente um anjo. O meu anjo. A mulher que amo. E minha mãe fez um inferno na vida dela. Minha própria mãe. 

Tudo bem que Virgínia Costantini jamais iria imaginar que seu filho está envolvido com uma Barbieri. Sei que ela não fez isso com o propósito de me separar da sereia. Mas a conheço bem o suficiente para saber que mesmo se as circunstâncias fossem diferentes e meu namoro fosse público,ela mandaria matar Ayla sem pensar duas vezes. Talvez ela mesma matasse. A poderosa rainha das terras não aceitaria uma filha das águas como nora. 

Caralho como isso é difícil! Ela é filha do maior inimigo do meu pai. É uma Barbieri. E ainda assim eu a amo tanto que traria o Mariano de volta a vida só pra tirar esse peso das costas dela. E claro,depois o destruiria bem devagar pelo mal que fez a ela. Eu a amo demais. 

Como queria que as coisas pudessem ser diferentes. Queria cuidar dela,tirar a culpa e a dor de dentro daquele coração puro e intenso. Mas depois dessa noite,depois de tudo o que minha mãe fez,não sei se vou conseguir tocá-la novamente. 

Sei que Ayla não vai se afastar. Ela me ama e não entende o que pode perder,as coisas horríveis que pode viver só porque estamos apaixonados. Ela me quer e está disposta a se arriscar. Mas eu não estou. Nunca mais quero vê-la nesse estado de desespero e medo. Preciso dar um jeito de terminar sem feri-la ainda mais. 

Mas não agora. Agora precisamos decidir o que fazer para proteger a sereia. Nem o Tristan,nem meu pai e nem ninguém pode desconfiar desse relacionamento. 

Depois de respirar fundo,tomar uma dose de conhaque e colocar o gelo numa bolsa térmica,segui de volta para o quarto. E ela não estava mais chorando. 

Minha sereia está sentada na cama. Ainda está com as roupas sujas de sangue,com o cabelo um pouco desgrenhado e o rosto inchado e molhado mas as lágrimas já não caem mais. 

Eric : o gelo - anuncio e estendo a bolsa térmica azul escura. 

Attina : já não era sem tempo - ela murmura de mau humor. Ignoro. 

Eric : você devia tomar um banho,Ayla - recomendo. 

Minha sereia me encara por um segundo antes de desviar os olhos para o vestido arruinado e as mãos sujas com o sangue já seco. Nós devíamos ter lavado ela antes,assim que chegamos,mas a ruiva estava tão perturbada e chorava tanto que acreditamos ser melhor cuidar de seus ferimentos primeiro. 

O terror que vi antes,o medo e a tormenta,deram lugar a algo sombrio,um vazio que não combina em nada com a mulher cheia de sentimentos e emoções que conheci há meses atrás. É como se a Ayla estivesse presa ao limbo. 

Meu coração dói. 

Attina : eu posso te ajudar - a irmã sugere com delicadeza. 

Ayla : eu não… - ela se interrompe e com um suspiro alto,levanta a cabeça - o que acontece agora? - a sereia questiona com certa dureza. 

Attina : nós vamos cuidar de você - a ruiva responde antes de mim. 

Ayla : não foi a isso que eu me referi - ela declara com irritação. 

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