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Cap 49 

Por Ayla.

Ontem quando chegamos em casa,com meu pai ainda me segurando como um bebê,minha mãe nos recebeu com preocupação. Ela também me acolheu,me tratou com um carinho comovente e me deu um calmante. Então eu dormi. Dormi no colo do meu pai,amparada pelas pessoas que me deram a vida,e só acordei hoje a tarde. 

Ainda estou bastante desnorteada e sinto meu corpo dormente,cansado. Fora a ressaca moral e a sensação de ter sido usada,da traição que arde no meu peito,da culpa que me atormenta desde que me envolvi com o Eric. Estou destruída por dentro. 

Sei que cometi meus erros. Menti pra minha família,enganei o Eric,me entreguei ao filho dos Costantini...meus pecados foram terríveis e não mereço misericórdia. Mas ainda sou um ser humano,ainda tenho um coração batendo no peito e estou destruída por dentro. Não consigo deixar de questionar se tudo isso foi a vingança do Eric. 

Minha cabeça está a maior confusão. Fico me perguntando se desde o início ele sabia,se tudo não passou de uma brincadeira ou se o Eric me ama de verdade e só está com medo. Existem mil possibilidades mas nenhuma resposta. Acho que nunca vou ter uma resposta. 

Passei o dia todo enfurnada no quarto,não comi nada e não quis ver ninguém. Me sinto suja,tenho vergonha do que fiz e não quero ter que encarar minha família. Eu traí essas pessoas. Traí a mim mesma. 

Quando já tinha passado da meia noite,decidi dar uma volta pela casa. Ficar tanto tempo trancada também não estava me fazendo bem. Parece que o Mariano vai ressurgir das cinzas,agarrar meu pé e me arrastar pro inferno. 

Caminhei um pouco pela propriedade sem fixar a atenção em nada especial. Passei por algumas salas,vi alguns quadros,até andei um pouco pelo jardim antes de pegar a garrafa de whisky mais cara que meu pai tem e me sentar na sala particular da minha mãe. Aqui é um lugar bem tranquilo e a vista do oceano ajuda a me acalmar,me faz bem. 

Me perco em pensamentos antes que o primeiro gole de whisky desça pela minha garganta. São pensamentos cruéis,dúvidas que tenho certeza que vão me atormentar por muito tempo e até um fantasma pra me assombrar. 

As noites com o Eric,as promessas,as mortes,as discussões com meu pai...tudo me atormenta e me faz pensar se realmente foi de verdade,se as mentiras valeram a pena. Pra que tudo isso? Eu estou sozinha agora. Só eu e minha culpa. Só eu e minha dor. 

E ele? Será que ele se incomoda com isso? Será que pensa em mim ou já se jogou no colo de outra mulher? Será que realmente nutria algum sentimento ou era só um encanto,uma diversão que teve fim no instante em que soube quem eu sou de verdade? 

Covarde. É isso o que ele é. Um covarde,ridículo e mesquinho. Disse que ia me proteger,cuidar de mim,ficar ao meu lado,e então me abandonou na primeira oportunidade que teve. Que tipo de amor é esse? Que tipo de pessoa faz algo assim? Eu poderia ter morrido ontem! A mãe dele pagou um mercenário para me executar! E ainda assim ele me deixou. Ele transou comigo,me fez acreditar que teríamos uma chance e aí terminou tudo por uma carta. 

Tristan : você não devia beber assim - sua voz grossa soa em meio a escuridão. 

Ayla : acho meio desnecessário sujar um copo se posso só beber da garrafa - respondo com uma tranquilidade surpreendente. Acho que devo estar morta por dentro. 

Tristan : não foi isso que eu disse,querida - ele retruca e se aproxima - você não devia beber. O álcool não vai te ajudar - meu pai explica. 

Ayla : não sei se alguma coisa vai me ajudar - falo despreocupada e tomo mais um gole do líquido âmbar. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora