2

295 17 2
                                    

Cap 2 

Por Ayla

Nasci em Sardenha e passei grande parte da infância na ilha. Grande parte porque tive que sair quando os conflitos com os filhos da terra se tornaram sangrentos demais. Meu pai mandou minhas irmãs,minha mãe - que se recusou a nos deixar sozinhas - e eu para uma casa em Moscou e nos manteve lá até que fomos completando dezoito anos. 

A primeira a se unir a nosso pai foi minha irmã mais velha,Attina. Ela assumiu uma posição ao lado dele,como braço direito. Attina é muito responsável,tem sempre ótimos conselhos e tenho certeza que um dia vai saber guiar a organização Barbieri como uma verdadeira rainha. 

A segunda de nós é a Andrea. Ela tem uma personalidade bem forte,é bem exibida e metida e está estudando moda em Paris. Só nos vemos em datas especiais como aniversários e festas de fim de ano. 

Agatha é uma moleca. Ela é brincalhona e atrevida,uma feminista com o espírito livre e que não aceita nada menos do que merece. Minha terceira irmã está jogando futebol em um clube da Alemanha e faz bastante sucesso. 

Adele é uma criatura encantadora,fofa e romântica. Minha quarta irmã parece que vive num mundo só dela. Um mundo lindo,cor de rosa e repleto de romance água com açúcar. Ela está sempre à procura do amor da sua vida e por isso quando não está enfiada em alguma livraria,está em festas ou bailes. 

Alina é a artista da família. Ela tem uma voz linda,adora música e,apesar de ser teimosa,irritante e sempre pegar tudo sem pedir,é muito talentosa. A filha número 5 de Tristan Barbieri estuda música em uma escola de artes em NY. 

Minha sexta e última irmã é a Alana. Ela é um pouco complicada,competitiva e odeia não ser o centro das atenções,mas é uma boa pessoa e está sempre por perto quando preciso. 

E eu,bom,eu sou Ayla Barbieri,a filha mais nova e perdida do rei dos mares. Não sei muito bem como me definir,na verdade,eu não tenho ideia de quem sou. 

Quando fiz dezoito anos,fiz uma viagem longa pela Europa e,agora,já com meus dezenove anos,voltei para Sardenha pra matar a saudade,pra passar um tempo com minha família e,quem sabe,encontrar o meu caminho. 

Dizem que a caçula dos Barbieri é dona de uma beleza avassaladora,de tamanha graça e sensualidade que seria capaz de enlouquecer um homem com o olhar. Eu não acho que minha beleza seja assim tão chocante ou que enlouqueceria alguém,as pessoas exageram muito. Me considero sim bonita,acho que sou muito inteligente e esperta,sou criativa e alegre,mas não sou uma deusa nem nada do tipo. 

Hoje de manhã,exatamente uma semana após minha chegada na ilha,Adele me convidou para uma festa. Uma das muitas amigas dela faz aniversário e,como minha irmã nunca perde uma comemoração,ela me chamou para ir junto. Estou há pouco tempo aqui,mal me lembro das pessoas com quem convivi na primeira infância e me animei em conhecer tudo. 

Viemos até o iate de Beatrice Conti e me diverti muito no início. Adoro dançar e amo lugares animados,mas,depois de um tempo,percebi que estava cercada por gente bêbada e drogada. O cheiro de erva misturada com tabaco e cerveja estava me enjoando e resolvi sair de perto. 

Vim até um canto mais calmo da luxuosa embarcação e acabei conhecendo Eric Costantini. Claro que eu não teria deixado ele se aproximar e nem flertado com ele se soubesse quem o infeliz é. Me assustei quando o herdeiro dos filhos da terra revelou sua identidade e me desesperei quando ele caiu na água. Não estava pensando direito quando pulei no mar e nadei a procura dele. Sei que esse homem pode me matar - é provável que mate quando estiver em condições pra isso - mas eu não sou uma assassina e não conseguiria deixar alguém morrer na minha frente. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora