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Cap 103  

Por Ayla 

Estou andando de um lado para o outro desde que meu pai e meu noivo resolveram se trancar naquela sala para conversar “de homem para homem". Estou com o coração na boca,agitada e angustiada. 

Tenho plena consciência de que,apesar dos dois estarem desarmados,são treinados o suficiente para se matarem com as próprias mãos. E isso me enlouquece. 

Attina : como foi que o Eric entrou aqui? - a mais velha pergunta curiosa. 

Adele : eu o ajudei,escondi ele no meu carro - ela conta. 

Attina : cada dia que passa,tenho mais certeza que vocês duas são malucas - ela comenta com humor. 

Ária : Ayla,querida,tenta se acalmar - nossa mãe pede. 

Ayla : me acalmar como? - questiono - até onde sei,meu pai pode estar com as mãos ao redor do pescoço do Eric agora mesmo! - exclamo nervosa. 

Attina : o papai não vai fazer nada que possa te magoar - ela garante. 

Ayla : ah,claro,porque me mandar pra outro país contra minha vontade ia me fazer muito feliz - retruco de mau humor. 

Adele : ele se arrepende muito disso - a ruiva conta. 

Aria : seu pai está disposto a tudo pra te ter de volta,Ayla. E se isso significa sentar naquela sala e escutar o Eric,então é o que ele vai fazer - a rainha fala com convicção. 

Ayla : isso...isso é tão injusto! - exclamo - é minha vida também. E aqueles dois estão lá dentro como se fossem os reis do mundo,conversando e decidindo o meu futuro! - protesto. 

Attina : mas não era você quem queria que eles conversassem e se entendessem? - ela pergunta exasperada. 

Ayla : queria - confirmo - mas não sei mais se quero. Tô nervosa! - respondo. Elas dão risada. 

Ária : você já fez tudo o que podia,querida. Agora é com eles - ela declara. 

Ayla : é disso que não gosto. Odeio que outras pessoas tenham tanto poder sobre minha vida - desabafo. 

Adele : bem vinda ao patriarcado,meu anjo - ela fala com sarcasmo. Eu suspiro. 

Ayla : patriarcado é o cacete! Se eles não saírem de lá em quinze minutos,eu mesma vou resolver essa palhaçada - garanto. Elas sorriem. 

Meu coração está tão acelerado que parece que vai explodir e minhas mãos estão geladas como as de um defunto. O nervosismo é assustador e desesperador. 

Me aproximo da janela para tomar um ar e a brisa fria da noite me atinge em cheio,é uma sensação deliciosa. 

Lá fora,a lua crescente se destaca na noite,assim como as estrelas que a rodeiam. O mar está calmo,tranquilo como se nada pudesse abalá-lo. É até tranquilizador. Mas uma voz bem lá no fundo da minha mente sussurra que as marés mais violentas vem como calmaria. 

De repente o ar da sala fica pesado,sufocante,e um aroma forte de perfume faz minha cabeça doer. É um cheiro intenso,tão doce que embrulha meu estômago. 

Ayla : mas que perfume é esse? - pergunto com curiosidade e enjoada. 

Ária : que perfume? - minha mãe questiona. 

Ayla : não estão sentindo? - insisto e me afasto da janela - um cheiro doce,é horrível! 

Adele : não estou sentindo nada - minha irmã responde. 

Attina : deve ser de algum segurança. Eles estão patrulhando os jardins e o vento trouxe o cheiro - a mais velha sugere. Dou de ombros. 

Volto para perto das minhas irmãs e,quando me aproximo do grande sofá branco,ouço uma arma ser engatilhada. Imediatamente,todos os meus sentimentos se aguçam. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora