66

115 9 2
                                    

Cap 66

Por Eric 

Era quase de manhã quando a Beatrice deixou a Ayla na fronteira. Giovanni,Lorenzo e eu ficamos olhando de longe,monitorando para ter certeza de que nada iria sair do controle. E deu tudo certo,só a Attina e o Tyler apareceram. 

Ayla foi recebida pela irmã e pelo Tyler. Ela foi direto para os braços da Attina,dava pra perceber o alívio e a emoção das duas. Mas também deu pra perceber o interesse do segurança,os olhos do desgraçado sempre acompanhando minha sereia. Não gostei nada disso. 

Fiz uma nota mental de afastar o Tyler da Ayla e voltei pra casa louco para tomar um banho,talvez descansar um pouco antes da bomba explodir e a organização descobrir que a sereia fugiu. Depois disso não vou ter um segundo de paz. 

Assim que coloquei os pés na sala de estar,recebi uma mensagem da Ayla dizendo que está bem,que reencontrou a Agatha e que vai pro hospital fazer alguns exames. Aparentemente,a mãe dela é mais zelosa até do que eu. 

Respondi minha sereia,pedi que mande notícias assim que tiver os resultados dos exames e vim me servir com um pouco de conhaque para tentar relaxar um pouco. 

Ainda estou furioso com tudo o que aconteceu. O estado em que a Ayla está,ver o desespero e a dor dela,me deixou completamente fora de mim. Não consigo me conformar que meu próprio pai fez isso. 

Consigo sentir a raiva queimando nas minhas veias. Apesar de exausto,sinto que sou capaz de matar um exercício inteiro. 

Arthur : estressado,Eric? - me assusto ao escutar a voz grossa soar na escuridão. 

Eric : pai? - questiono surpreso. 

Me viro em direção a voz e vejo o todo poderoso senhor Costantini sentado em uma das poltronas de frente para a parede de vidro. Como as cortinas estão fechadas,tudo o que enxergo é a forma do seu corpo. É assustador. 

Arthur Costantini emana poder e força. Às vezes é difícil acreditar que ele é humano,que não é uma miragem ou um personagem de filme. Ele é tudo o que um mafioso precisa ser,faz o clima mudar a sua volta,ficar mais sombrio. 

Não preciso pensar muito pra saber o que trouxe meu pai até aqui. Provavelmente ele já sabe de tudo ou pelo menos desconfia. Está furioso pelo que fiz com seus homens,de luto pelos amigos que perdeu e talvez pelo relacionamento com seu único filho. 

Arthur : surpreso com minha visita? - ele pergunta com sarcasmo. 

Pondero sobre a situação enquanto bebo meu conhaque com falsa tranquilidade. Tento parecer frio e distante,despreocupado como se não tivesse acabado de executar três homens,soltar uma refém e devolvê-la pro maior inimigo dele. Refém essa,que é o amor da minha vida. 

Posso me fazer de desentendido e fingir que não sei de nada,mas isso só iria piorar a situação. Se ele sabe de toda a verdade e se deu ao trabalho de vir até aqui,não vai adiantar inventar desculpas. 

Eric : não - respondo por fim,com um suspiro. 

Arthur : então você não vai negar? Não vai nem tentar? - meu pai questiona. 

Eric : o senhor não viria até aqui se não soubesse de tudo o que aconteceu - declaro com firmeza. 

Arthur : você matou meus homens de confiança e tirou aquela garota do cativeiro - ele acusa. 

Eric : tirei - confirmo. 

Arthur : pelo que? O que ganha com isso? - meu pai pergunta furioso. 

Ele se levanta e caminha lentamente na minha direção. Na medida em que se aproxima,consigo ver seu rosto,a expressão magoada e irada do homem que foi traído por quem mais confiava. E isso parte meu coração. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora