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Cap 45

Por Eric

Nunca vou conseguir expressar,nem com palavras,nem com atos,tudo o que estou sentindo agora. Fúria,ódio,medo,aflição,desespero...nada disso se enquadra na situação. Nunca senti tanta raiva e nunca estive tão apavorado. 

Minha sereia está chorando. Consigo ver o pavor refletido nos olhos esverdeados,o nojo por estar amparada nos braços dele e a súplica silenciosa que faz a mim. Ela confia que vou salvá-la e isso só me deixa mais nervoso. 

Mariano e eu fomos próximos por algum tempo. Ele foi meu mentor,meu amigo,foi considerado até parte da família,mas tudo mudou quando entrei na organização. Fui obrigado a matar de verdade,senti na pele o que é tirar uma vida. E então me afastei dele,não queria mais ter a companhia de alguém que sente prazer no que faz. Senti raiva do Mariano,ódio por ter deixado ele me transformar em um monstro. 

Alguns meses depois,recebi a missão de executar o irmão dele. Ele também era um mercenário mas tinha informações demais e meu pai não queria correr riscos. Então eu o matei sem pensar duas vezes e tive a vingança que queria. Pensei que o infeliz do Mariano não soubesse já que continuou a trabalhar para a organização. 

Agora,anos depois,ele está aqui e parece bastante determinado em ter sua própria vingança. Tem a oportunidade perfeita de tirar a mulher que amo de mim e destruir minha vida,minha honra. 

Meu coração gelou no momento em que ele deslizou a pistola pelo rosto dela. O metal percorreu a bochecha,o queixo,o pescoço,então voltou a têmpora. Foi aí que ele engatilhou a arma e fez os olhos da minha sereia arregalarem. 

Eric : eu não faria isso se fosse você - falo sem pensar e também engatilho minha arma. Fico surpreso pela estabilidade na minha voz. 

Mariano : você é mesmo importante,não é? - ele debocha. 

Ayla : me solta - ela pede. A voz falha. 

Giovanni : larga ela,Mariano. Você sabe que não vai sair vivo se ela se ferir - meu amigo tenta ajudar. 

Mariano : não? - o mercenário questiona com petulância - mas tenho tantas opções nas mãos. Essa garota aqui vale muito pra muita gente,não é,Eric? O que você daria por ela? - ele pergunta com curiosidade. 

Eric : nos conhecemos bem o suficiente pra você saber que no momento em que ela estiver segura vou enfiar uma bala na sua cabeça - respondo com ódio - isso se eu for misericordioso - reforço. 

Mariano : e você sabe que nunca deixo de cumprir uma missão - ele retruca. 

Ayla : o que você quer? - a ruiva consegue perguntar em meio ao choro. 

Mariano : o que? - ele questiona surpreso. 

Ayla : o que você quer pra me soltar? Eu tenho dinheiro,tenho jóias,tenho um carro caríssimo e…- ela se interrompe e respira fundo antes de continuar -...e tenho minha família,meu pai. Sei que ele faria qualquer coisa pra você me deixar em paz - a ruiva explica. 

Mariano : ora,ora,ora...a princesinha sabe negociar,não é? Parece que você não é só um rostinho bonito - ele debocha. 

Ayla : eu sei o quanto valho e espero que você saiba o quanto tem a perder - minha sereia o ameaça. 

Confesso que a posição que ela assumiu me surpreende,me orgulha e me apavora. Não conhecia esse lado frio da Ayla,essa pessoa calculista. Ela sempre foi tão cheia de emoções,tão intensa. Mas ela está com uma arma apontada pra cabeça e eu não estou ajudando em nada. Ela está sendo ameaçada de desonra,está prestes a perder as pessoas que ama. A única alternativa que tem é convencer o Mariano a ceder,comprar ele. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora