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Cap 59

Por Eric 

Não tive um único momento de paz depois de ter conversado com o Giovanni. Fico me perguntando se ele está certo,se estou afastando a Ayla por medo ao invés de lutar ao lado dela,de mostrar para todos que essa guerra não vai nos levar a lugar algum. 

Minha sereia falou diversas vezes sobre isso. Ela dizia o quanto era difícil viver com medo,o quanto ela e o povo estavam sofrendo. E ela estava certa o tempo todo. Tanto os filhos do mar quanto os da terra,os poderosos e os pobres,todo mundo já perdeu alguém. E por que? Em troca do que? Tudo o que conseguimos a cada novo ataque é mais sangue,mais dor e mais ódio. 

Será que posso parar isso? Sei que é difícil e às vezes perco a cabeça,tenho ódio do Tristan e de tudo o que ele já fez. Mas ele também tem esse mesmo ódio por nós. Também tiramos muito dele e da família dele,inclusive seu pai. Será que perdão é uma possibilidade depois de tudo o que já fizemos uns aos outros? 

E a Ayla? Sei que ela me perdoaria pelo que fiz e se arriscaria ao meu lado,ela quer a paz mais do que tudo,mas ela seria feliz comigo? A longo prazo,depois de enfrentar um verdadeiro furacão e descobrir quem eu realmente sou,ela ainda me veria da mesma forma? 

A caçula dos Barbieri sabe que sou um assassino e que já feri muito seu povo,mas ela seria capaz de passar por cima das coisas que ainda faço? Ela me perdoaria se soubesse que escondo um informante dentro da casa dela? Podendo ferir as pessoas que ela ama? Ela confiaria em mim?

Arthur : Eric! - ele chama e me assusta. Pelo tom não é a primeira vez. 

Eric : oi - respondo ainda zonzo. 

Arthur : onde você está com a cabeça,meu filho? Está distraído o dia todo - ele pergunta curioso. 

Eric : nada demais,só estava me perguntando o que você pretende fazer contra o Tristan - minto. 

Arthur : não,não é de hoje que você fica assim,já tem semanas que mal se concentra numa tarefa simples - ele insiste. 

Eric : acho que já estou ficando de saco cheio de tudo isso - confesso. 

Arthur : isso o que? - meu pai pergunta confuso. 

Eric : dessa guerra contra o Tristan,de atacar e defender,machucar pessoas...Isso nunca tem fim - explico. 

Arthur : às vezes também me canso. Não gosto disso - ele confessa. 

Eric : então porque continuar? Estamos girando em círculos há anos - questiono. 

Arthur : não é tão fácil de resolver,Eric. Não é uma briga por território ou poder,é orgulho - ele explica. 

Eric : acho que estamos passando dos limites. O que a mamãe fez ainda me atormenta - me abro. 

Arthur : também não é pra tanto. A menina está ótima,não se feriu e não é nenhuma criança - ele dispensa minha preocupação. 

Eric : não é isso,pai. É que...a situação toda é absurda - tento me expressar - uma guerra de anos,que começou por um casal apaixonado…

Arthur : sei o que quer dizer,é ridículo mesmo - ele concorda - mas hoje a briga é diferente. Tristan matou muitos dos nossos,eu matei o pai dele. 

Eric : e não está na hora de colocar um fim nisso? - insisto. 

Arthur : você diz uma aliança? - ele pergunta surpreso. 

Eric : eu não iria tão longe. Não tão cedo - falo com mais segurança - mas uma trégua talvez. O senhor acha que é possível? - questiono. 

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