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Cap 69

No dia seguinte.

Por Eric

Conversei com a Ayla ontem a noite e decidimos nos encontrar hoje. Precisamos falar sobre tudo o que aconteceu,decidir o que fazer daqui pra frente e matar um pouquinho da saudade. 

Minha sereia e eu nos magoamos muito,vivemos coisas terríveis e dissemos coisas que nunca deveriam ter saído de nossas bocas. Perdemos o controle do que estávamos sentindo,envolvemos outras pessoas no nosso relacionamento,fizemos uma besteira atrás da outra,mas acho que ainda dá pra mudar,pra recomeçar. 

Meu pai e eu também conversamos muito,ele me aconselhou sobre o namoro,disse que talvez seja melhor terminar mas deixou claro que não vai se meter nas minhas decisões. Ele também prometeu manter segredo e respeitar o espaço da Ayla,fingir que não sabe de nada. 

Ainda não sei se devo ou não contar pra sereia que meu pai descobriu tudo. Ela pode ficar com receio,se assustar e se afastar. E não posso tirar a razão dela,Ayla viveu um trauma horrível por culpa dele. Acho que vou só esperar as coisas se acalmarem e contar depois,com o tempo,na hora certa. 

Agora estou na casa da colina esperando a Ayla chegar. Ela já enviou uma mensagem avisando que está chegando e estou bastante ansioso. Faz tanto tempo que não a vejo,tanto tempo que não sinto seu perfume e não ouço sua risada...Sinto falta dela. 

Da última vez que vi a ruiva ela estava assustada e machucada,e eu não consigo esquecer aqueles olhos tristes e inchados,o sangue seco no rosto e nos ferimentos,os hematomas. Ela estava tão frágil e nervosa. Mesmo depois de conversar por vídeo todas as noites,de ter certeza que ela está bem,só vou ficar tranquilo de verdade quando vir a sereia aqui na minha frente. 

Meu coração bate mais forte quando ouço a porta da sala abrindo,logo em seguida os passos da minha sereia ecoam no piso de madeira e me viro bem a tempo de vê-la entrando. Linda,poderosa e usando vermelho. 

A mulher da minha vida está usando um vestido tipo bata bem larguinho. Tem um decote V bem discreto,mangas flare e alguns bordados brancos delicados. Ela está com o cabelo solto,caindo nos ombros e nas costas. Maquiagem leve,sapatos de salto alto grosso e um colar tipo gargantilha de ouro branco com um pingente pequeno. Elegante e sensual como sempre. 

Também reparo que o machucado no supercílio está cicatrizado,os pulsos e os tornozelos estão quase curados e os hematomas sumiram. É um grande alívio vê-la bem de novo. 

Cumprimento a ruiva com um abraço apertado e seguimos juntos para a varanda. Vai ser melhor conversar ao ar livre,num lugar confortável e acolhedor. 

Abro uma garrafa de vinho tinto e sirvo em duas taças enquanto Ayla tira os sapatos e se senta com as pernas cruzadas no imenso sofá azul. As almofadas praticamente a engolem. 

Eric : aqui - falo e lhe entrego a taça. 

Ayla : obrigada - ela fala um pouco distraída. Está nervosa. 

Eric : você parece bem melhor - comento e me sento na mesa de centro. 

Ayla : eu estou - ela garante. 

Eric : seu pai se acalmou? - pergunto curioso. 

Ayla : está um pouco apreensivo com o silêncio do Arthur - a sereia comenta. 

Eric : meu pai não vai fazer nada. Ele sabe que se precipitou quando te sequestrou - conto. 

Ayla : precipitou? - ela debocha. 

Eric : Ayla,eu sei que ele passou dos limites e te garanto que está arrependido…

Ayla : porque acha que matei os homens dele e fugi - ela me interrompe. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora