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Cap 61

Por Ayla 

Minha cabeça está rodando e consigo sentir algo escorrendo na lateral do meu rosto,acho que sangue. Aquele filho da puta deve ter me batido muito forte. Será que levei uma surra?

Ouço vozes mas não consigo distinguir de quem são ou o que dizem. Abro os olhos mas tem algo cobrindo meu rosto,provavelmente um saco ou um capuz escuro. 

Eric falou uma vez que o pai dele costuma levar os prisioneiros para uma casa no meio da mata. Ele não entrou em detalhes mas se estou nessa casa vou levar muito tempo pra conseguir fugir,isso se eu conseguir. 

Fecho novamente os olhos e foco nas vozes que parecem vir de outro cômodo. Acho que são dois ou três homens e eles estão alterados,falam alto e apressados como se estivessem brigando. 

— o chefe vai te matar. Ele deixou bem claro pra não machucar a garota! - um deles fala. 

— ela correu! Você queria que eu fizesse o que? - o outro questiona com irritação. 

— você não precisava ter batido nela. Ela estava dominada - um terceiro argumenta. 

— a piranha cuspiu em mim. Ela mereceu - ele volta a se defender. 

— se não tivéssemos te impedido você teria matado a refém,porra - o segundo exclama. 

Eles continuam a discutir sobre a agressão que sofri e fico um pouco aliviada por saber que o Arthur não quer que me machuquem. Não sei o que ele pretende,mas pelo jeito tenho que estar inteira. Isso se ele não planeja me torturar,matar e esquartejar pessoalmente. 

Será que Eric já sabe? Nenhum dos trogloditas tocou no nome dele,só no chefe que presumo ser o Arthur. Se ele souber talvez consiga me soltar antes de algum deles me matar. 

Meu pai também deve estar louco atrás de mim. Agatha deve ter corrido direto pra ele e agora todos os soldados Barbieri estão me procurando. Eles vão colocar fogo na cidade por mim. 

Mexo as mãos na tentativa de me soltar e sinto algemas me aprisionando. Algemas são muito mais difíceis de soltar do que cordas e não estou a fim de quebrar os dedos. Mexo os pés e sinto a mesma coisa. 

Ayla : filhos da puta - murmuro frustrada. 

Pelo menos nenhum dos brutamontes me reconheceu como a ruiva misteriosa. Acho que só os homens do Eric conhecem meu rosto e não devem ter ligado o nome a pessoa. Se Arthur soubesse eu já estaria morta. 

Por que Arthur fez isso? Por que sequestrar a mim ou alguma das minhas irmãs? O que ele pretende fazer com isso? Se vangloriar por ter colocado as mãos em algo precioso pro meu pai? Me matar e mandar minha cabeça em uma caixa só para mostrar poder? 

O que ele está fazendo é muito arriscado. Meu pai vai surtar,vai invadir esse lado da cidade e não vai deixar pedra sobre pedra. Ele vai destruir o Arthur custe o que custar.

Mas será que não é isso que o Arthur quer? O ápice da guerra? Um invade o território do outro e eles brigam até morrer,até colocar um ponto final nesse inferno e dominar a ilha toda. 

Bando de imbecis! 

Uma conversa civilizada resolveria tudo isso. Não é como se eles brigassem por algo importante como comida ou terras. São só brigas idiotas com pessoas idiotas e por motivos idiotas! 

Fico mais alerta quando os trogloditas param de falar e uma voz mais baixa,contida e rouca toma o protagonismo. Não consigo escutar o que ele diz mas o tom é bastante forte. 

Me esforço para escutar o que eles falam mas só consigo ouvir passos se aproximando,depois uma tranca e aí mais passos,dessa vez mais perto. 

O capuz da minha cabeça é arrancado e levo um segundo para me adaptar à luz,só então vejo um homem alto,gordo e moreno - um dos que foram atrás de mim no restaurante -,e Arthur Costantini. O poderoso rei das terras impecável em um terno preto,com o cabelo grisalho penteado para trás e os olhos azuis focados no meu rosto. 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora