39

108 8 0
                                    

Cap 39

Por Eric. 

Não foi surpresa quando meu pai ligou hoje cedo avisando que iríamos atacar o Tristan esta noite. Ele está com sede de vingança e,apesar de segurar bem a ira da esposa,mal consegue esconder a sua. O choque veio mesmo quando ele revelou seus planos. 

Arthur Costantini está tão furioso que até deixou de lado todo o cuidado e resolveu atacar diretamente seu oponente. Ele vai liderar daqui uma operação de ataque à casa de Tristan Barbieri. 

Em alta velocidade,dez carros blindados vão atravessar a fronteira,cruzar a cidade e parar na frente da mansão do rei dos mares. Então nossos homens vão sair e fuzilar o local até a última bala. A ordem é pra fazer o maior estrago possível. 

É óbvio que como um bom pai e marido,Tristan tem um quarto de pânico ou algum lugar seguro para abrigar sua família. Nós não somos burros,sabemos disso. A missão é para assustar,para confrontar,e não para ferir. A não ser que alguém saia na hora errada,ninguém vai perder entes queridos esta noite. 

Sou experiente o suficiente pra saber que apesar das armas potentes e de nossos soldados capacitados,esse plano tem tudo pra dar errado. Tem brechas demais e na melhor das hipóteses,vai terminar com perdas dos dois lados. Tristan nunca vai deixar meus homens saírem ilesos de um ataque desses. Por isso,temendo que a Ayla acabe presa no meio de um tiroteio,a alertei e mandei que ficasse em casa. Nós brigamos,ela ficou magoada e furiosa mas tenho certeza que não vai ser teimosa o suficiente pra sair. Ela não é burra e sabe que estou tentando protegê-la. 

Confesso que fico bastante desconfiado e indignado com os protestos da Ayla contra meu posicionamento a respeito do Tristan. Não é a primeira vez que ela tenta impedir alguma investida minha,que fica triste com algum comentário,desconfortável com o assunto. Ela tem apreço pelo rei do mar e preciso saber o porquê. 

Lorenzo : preocupado com sua sereia? - meu amigo me tira dos devaneios. 

Eric : você ouviu ela? - pergunto. Ele confirma com um aceno. 

Lorenzo : ela ficou assustada. Acho que é normal levando em consideração o trauma da coitada ontem - ele comenta. 

Eric : ela se preocupa com o povo dela - concluo. 

Lorenzo : e você não contou o que vai acontecer. Ela deve ter ficado apavorada - ele reforça. 

Eric : só espero que ela obedeça e não saia de casa. A última coisa que quero é minha namorada se machucando por causa da loucura do meu pai - falo com firmeza,pensativo. 

Lorenzo : quantos soldados você acha que vamos perder? - ele pergunta com pesar. 

Eric : se algum voltar vamos estar no lucro - respondo com franqueza e irritação - vai ser um ataque suicida. Tristan não vai permitir que alguém saia depois de atirar contra a casa dele,depois de colocar as princesinhas em perigo. Ele vai revidar com tudo o que tem - explico e o silêncio volta a reinar. 

Estamos tensos com o ataque e apesar do Lorenzo ser um dos meus amigos mais próximos,ele não ousaria ofender meu pai ou questionar a sanidade do chefe. Meu braço direito é muito grato ao rei da terra e tem muito respeito entre os dois,entre as nossas famílias. Mas ambos sabemos que vai ser um banho de sangue.  

Permanecemos quietos no meu escritório por mais alguns minutos e seguimos de volta para a sala privada do meu pai. Está quase na hora do ataque e vamos esperar notícias. 

Aqui as coisas estão um pouco mais leves apesar do visível desconforto do Fabrizio e do Lorenzo. Meus pais estão juntos no sofá de dois lugares,estão tranquilos e bebendo champanhe como se fosse mais uma noite normal. Já eu estou impaciente e mal consigo ficar parado. Estou apreensivo pelos soldados que podemos perder,ansioso para saber o desfecho do atentado e preocupado com a Ayla. E se ela resolveu sair só pra teimar comigo? E se a casa dela for perto demais da do Tristan? 

A sereia da Sardenha Onde histórias criam vida. Descubra agora