CAPÍTULO 1 - Que porra é essa?

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CATERINE NATALIE CHERNYY

A MALDIÇÃO DO TITÃ.

WESTOVER HALL. Um colégio militar que mais parece um castelo de aspecto de covil do mal de um vilão genérico de filme de terror genérico. Era todo de pedras negras, com torres e janelas estreitas, e um grande conjunto de portas duplas de madeira que rangiam por conta da velhice do lugar. Erguia-se sobre um penhasco escarpado revestido pela neve, que dava vista para uma grande floresta gelada de um dos lados e para o oceano cinzento e turbulento do outro.

Esse era o "lar" que vivo nos últimos meses, não me lembro bem do antes — se é que havia um antes — mas até que podia ser pior. O diretor do colégio, Dr. Espinheiro, é um homem de sotaque francês, alto, com um rosto aquilino e heterocromia nos olhos — um é castanho e o outro azul — era um cara peculiar, para não dizer esquisito. Estava sempre de olho em dois amigos meus. Bianca e Nico di Angelo, irmãos que fiz amizade quase que imediatamente. Sempre sentia meu corpo ficar tenso toda vez que o Espinheiro se aproximava de mim ou dos irmãos. Esperava que fosse somente paranoia minha.

No momento, estava sofrendo. Queria pular do penhasco do lado de fora do castelo, queria que alguém me apunhala-se na minha perna ou ombro horas mais cedo para me evitar tal tortura que sofro. Mas Bianca me olhou com uma cara de cu e sabia que não havia escapatória. Então, o que me resta é apenas aceitar o maldito baile escolar e encher a paciência daquela que chamo de amiga como vingança por me obrigar a socializar.

— Quem foi o sem gosto musical que colocou Jesse McCartney? — pergunto para Bianca ao meu lado, enquanto olhava ao redor e reparava que havia quatro pares de olhos na nossa direção. Grover estava entre três novas pessoas que nunca vi no colégio. — Olha só, B, mais peculiares. — Franzi a testa e apertei os meus olhos quando eles desviaram o olhar.

— Não seja implicante, Nat, eles só estão olhando e não é como se planejassem nos sequestrar. — disse Bianca. Ela olhava em volta o tempo todo deste que chegamos. — E o que tem de errado com Jesse McCartney? Eu gosto, e não chame as outras crianças de peculiares, Caterine.

— Beleza, primeiro, não me chame de Caterine. Segundo, você prefere que eu diga esquisitões? Porque eles chegaram do nada junto ao Grover e tem nos olhados como se devêssemos saber de algo enquanto planejam nos sequestrar. E terceiro, Jesse McCartney é tão careta, B, acho que vou pedir para tocar Green Day ou AC/DC. — disse eu, para Bianca enquanto virava meu olhar para falar com Nico — O que acha, corvo? Vamos roubar alguns aperitivos e jogar mitomagia, hum? Aposto que venço você desta vez.

— Você quer jogar, Natie? Mesmo? — questionou Nico abrindo um sorriso tão fofo com seus olhos brilhantes que não pude evitar de deixar um sorriso florescer em meu rosto.

— Será que dá para vocês pararem de falar desse jogo idiota e ficarem quietos por um minuto?! — disse Bianca antes que eu pudesse responder Nico. — Não é hora para isso e você não vai roubar aperitivos que a escola está dando de graça, Natalie.

— E será que você pode ser um pouco menos ranzinza, Bianca? É só um jogo, não tem nada demais em cartinhas de deuses e mitos. Não é como se eles existissem e fossem foder com a nossa vida de verdade. — disse eu, dando uma risada pelo absurdo que falei enquanto Bianca me repreendia com o olhar novamente pelo meu palavreado. — Nico, corvo, pode ir pegar uns salgadinhos para nós, por favor? 

Me voltei a Nico quando percebi seu olhar brilhar menos ao ouvir a irmã. Ele apenas assentiu e foi em direção a mesa perto da saída do ginásio.

Observei Nico ir e me voltei para Bianca com o olhar sério. A garota usava um gorro verde que caia sobre o rosto, e sei que está tentando escondê-lo. Seus cabelos negros e sedosos combinavam com o de Nico e o meu. E assim acabava as semelhanças. Seus olhos eram castanhos chocolates, enquanto os de Nico eram pretos, como mármores. Assim como o Dr. Esquisitão, eu também tinha heterocromia, meu olho esquerdo era preto, como os de Nico, mas o direito era de um dourado intenso. Ambos tinham pele morena, enquanto meu tom de pele era tão pálido que as vezes lembrava um cadáver quando eu não dormia direito. Pesadelos. Sempre pesadelos de uma vida que não me lembro.

BRILLIANT DEATH • Percy Jackson •Onde histórias criam vida. Descubra agora